_
_
_
_

OMS alerta para “aumento dramático” do sarampo na Europa

No Brasil, os casos se concentram em São Paulo, onde foi registrada a primeira morte pela doença desde 1997

Um frasco com a vacina tríplice (sarampo, caxumba, rubéola).
Um frasco com a vacina tríplice (sarampo, caxumba, rubéola).Fernando Bizerra Jr. (EFE)
Oriol Güell
Mais informações
Mundo tem maior incidência de sarampo em 13 anos
Em 2016, a América celebrava ser primeira região do mundo livre de sarampo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta quinta-feira que o sarampo, uma doença infecciosa evitável com vacinas e que chega a ser mortal e causar graves sequelas, está crescendo de forma “dramática” na Europa. Embora a tendência seja global, o continente preocupa especialmente a OMS por causa do seu retrocesso no controle da enfermidade.

No Brasil, foram registrados 2.331 casos em 13 unidades da federação desde junho, praticamente todos (99%) no Estado de São Paulo. Foi em São Paulo, aliás, que foi confirmada nesta semana a primeira morte por sarampo no país desde 1997. Um homem de 42 anos que não tinha sido imunizado chegou a ser internado, mas morrei no dia 17 de agosto.

“Vamos na direção errada”, resumiu Kate O’Brien, diretora do Departamento de Vacinas e Imunização da OMS. Embora a maior parte do aumento na Europa se deva às carências dos sistemas de saúde nos países do Leste Europeu, a organização alerta também para o impacto das teses antivacinas e das notícias falsas (ou fake news) na Europa Ocidental.

Quatro países europeus — Reino Unido, Grécia, Albânia e República Tcheca — perderam em 2018 o status de “país livre de sarampo”, o que significa que o vírus voltou a circular de forma nativa. É a primeira vez que isso ocorre desde que a OMS instaurou esse processo de revisão de dados, em 2012. A organização registrou 89.994 casos de sarampo em 48 países europeus na primeira metade de 2019, mais do que o dobro em relação ao mesmo período do ano passado e mais do que em 2018 inteiro.

Em dados absolutos, quatro antigas repúblicas soviéticas concentram 78% dos casos: Cazaquistão, Georgia, Rússia e Ucrânia. Cerca de 60% dos casos atingem menores de 19 anos. “Que volte a ocorrer a transmissão nativa é muito preocupante. Sem manter uma cobertura imunológica maciça, crianças e adultos sofrerão inutilmente, e infelizmente alguns morrerão”, advertiu Günter Pfaff, presidente da comissão regional de verificação da eliminação do sarampo e da rubéola.

Notícias falsas

Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, por trás da expansão da doença estão em parte as notícias falsas sobre as vacinas que se difundem através das redes sociais. “São tão contagiosas e perigosas como as doenças que ajudam a propagar”, lamentou.

Nos primeiros seis meses do ano, 37 pessoas morreram de sarampo nos 53 países que a OMS inclui em seu escritório europeu, cifra que subiu para 73 em 2018.

No final de 2018, 35 países dessa área mantinham o status de “país livre” do sarampo. São dois a menos que no ano anterior, porque, embora quatro Estados tenham perdido esse título, dois o recuperaram (Suíça e Áustria). Entre os países onde a doença continua sendo endêmica estão Alemanha, França e Itália. O Reino Unido registrou 953 casos em 2018 e 489 nos seis primeiros meses deste ano. Na Grécia estas cifras chegaram a 2.193 e 28 casos; a 1.466 e 475 na Albânia; e a 217 e 569 na República Tcheca.

“Não são países com sistemas [de saúde] particularmente frágeis, o que é uma chamada de atenção. Não basta ter uma cobertura nacional elevada, é preciso consegui-la em cada comunidade e em cada família”, alertou O’Brien.

O número de casos registrados em todo o planeta triplicou no período de 1º de janeiro e 31 de julho de 2019, com 364.808 doentes, frente a 129.239 do mesmo período do ano passado. Os mais numerosos ocorreram na República Democrática do Congo, Madagascar e Ucrânia. Os Estados Unidos sofreram no último ano o maior surto em um quarto de século.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_