OMS alerta para “aumento dramático” do sarampo na Europa
No Brasil, os casos se concentram em São Paulo, onde foi registrada a primeira morte pela doença desde 1997
A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta quinta-feira que o sarampo, uma doença infecciosa evitável com vacinas e que chega a ser mortal e causar graves sequelas, está crescendo de forma “dramática” na Europa. Embora a tendência seja global, o continente preocupa especialmente a OMS por causa do seu retrocesso no controle da enfermidade.
No Brasil, foram registrados 2.331 casos em 13 unidades da federação desde junho, praticamente todos (99%) no Estado de São Paulo. Foi em São Paulo, aliás, que foi confirmada nesta semana a primeira morte por sarampo no país desde 1997. Um homem de 42 anos que não tinha sido imunizado chegou a ser internado, mas morrei no dia 17 de agosto.
“Vamos na direção errada”, resumiu Kate O’Brien, diretora do Departamento de Vacinas e Imunização da OMS. Embora a maior parte do aumento na Europa se deva às carências dos sistemas de saúde nos países do Leste Europeu, a organização alerta também para o impacto das teses antivacinas e das notícias falsas (ou fake news) na Europa Ocidental.
Quatro países europeus — Reino Unido, Grécia, Albânia e República Tcheca — perderam em 2018 o status de “país livre de sarampo”, o que significa que o vírus voltou a circular de forma nativa. É a primeira vez que isso ocorre desde que a OMS instaurou esse processo de revisão de dados, em 2012. A organização registrou 89.994 casos de sarampo em 48 países europeus na primeira metade de 2019, mais do que o dobro em relação ao mesmo período do ano passado e mais do que em 2018 inteiro.
Em dados absolutos, quatro antigas repúblicas soviéticas concentram 78% dos casos: Cazaquistão, Georgia, Rússia e Ucrânia. Cerca de 60% dos casos atingem menores de 19 anos. “Que volte a ocorrer a transmissão nativa é muito preocupante. Sem manter uma cobertura imunológica maciça, crianças e adultos sofrerão inutilmente, e infelizmente alguns morrerão”, advertiu Günter Pfaff, presidente da comissão regional de verificação da eliminação do sarampo e da rubéola.
Notícias falsas
Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, por trás da expansão da doença estão em parte as notícias falsas sobre as vacinas que se difundem através das redes sociais. “São tão contagiosas e perigosas como as doenças que ajudam a propagar”, lamentou.
Nos primeiros seis meses do ano, 37 pessoas morreram de sarampo nos 53 países que a OMS inclui em seu escritório europeu, cifra que subiu para 73 em 2018.
No final de 2018, 35 países dessa área mantinham o status de “país livre” do sarampo. São dois a menos que no ano anterior, porque, embora quatro Estados tenham perdido esse título, dois o recuperaram (Suíça e Áustria). Entre os países onde a doença continua sendo endêmica estão Alemanha, França e Itália. O Reino Unido registrou 953 casos em 2018 e 489 nos seis primeiros meses deste ano. Na Grécia estas cifras chegaram a 2.193 e 28 casos; a 1.466 e 475 na Albânia; e a 217 e 569 na República Tcheca.
“Não são países com sistemas [de saúde] particularmente frágeis, o que é uma chamada de atenção. Não basta ter uma cobertura nacional elevada, é preciso consegui-la em cada comunidade e em cada família”, alertou O’Brien.
O número de casos registrados em todo o planeta triplicou no período de 1º de janeiro e 31 de julho de 2019, com 364.808 doentes, frente a 129.239 do mesmo período do ano passado. Os mais numerosos ocorreram na República Democrática do Congo, Madagascar e Ucrânia. Os Estados Unidos sofreram no último ano o maior surto em um quarto de século.
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