Diante da pressão mundial, Bolsonaro enviará Forças Armadas contra as chamas na Amazônia

Comandante geral do Exército fez alerta aos “incautos” estrangeiros que “insistem em proteger” a floresta no lugar dos militares brasileiros

São Paulo -
Vista aérea de uma zona deforestada cerca de Porto Velho (Estado de Rondonia).UESLEI MARCELINO (REUTERS)
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Depois das críticas de diversos chefes de Estado — encabeçadas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que ameaçou bloquear o acordo UE-Mercosul devido à falta de compromisso ambiental do Governo brasileiro —, o presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira que a enviará o Exército para combater as chamas na Amazônia. Bolsonaro decretará de Garantia da Lei e da Ordem para enviar militares à região.

O comandante-geral do Exército, o general Edson Leal Pujol, reuniu-se na manhã desta sexta-feira com o presidente e declarou que os soldados estão preparados para proteger a selva. “Aos incautos que insistem em tutelar os desígnios da brasileira Amazônia, não se enganem, os soldados do Exército de Caxias estarão sempre atentos e vigilantes, prontos para defender e repelir qualquer tipo de ameaça”, discursou Pujol.

Macron qualificou as queimadas na Amazônia como uma “crise internacional” e disse que pretendia incluir o assunto na cúpula do G7 neste fim de semana em Biarritz. Foi apoiado nisso pelos primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, e do Reino Unido, Boris Johnson — que se disse “profundamente preocupado” com a situação –, além da chanceler alemã, Angela Merkel, cuja porta-voz, Steffen Seiber disse apoiar os planos de Macron e qualificou o incêndio amazônico como “aterrador”.

Também a Irlanda está disposta a bloquear o acordo com o Mercosul se o Brasil não mudar de atitude, advertiu seu primeiro-ministro, Leo Varadkar. O chefe de Governo irlandês criticou o presidente brasileiro por ter, na quarta-feira, acusado ONGs de causarem os incêndios. Varadkar descreveu as acusações como “orwellianas”, informa o jornal The Irish Independent.

O Governo da Finlândia, que ocupa a presidência rotativa da União Europeia (UE) neste semestre, disse nesta sexta-feira que buscará uma forma de proibir a importação de carne brasileira devido à devastação causada pelos incêndios. “O ministro de Finanças, Mika Lintilä, condena a destruição da selva amazônica e sugere que a UE e a Finlândia deveriam rever urgentemente a possibilidade de proibir as importações de carne bovina brasileira”, afirmou o Ministério de Finanças do país em nota.

Bolsonaro, para quem a ideia de Macron de discutir a Amazônia no G7 expressa uma “mentalidade colonial”, ordenou a todos os seus ministros que ajam para detectar focos de incêndios e combatê-los. O Governo brasileiro também lançou nesta sexta-feira uma ofensiva diplomática para tentar mostrar ao mundo que defende o “pulmão do planeta”, distribuindo um documento de 12 páginas a todos os postos diplomáticos com argumentos para defender o Executivo brasileiro.

No Twitter, o chanceler Ernesto Araújo também rebateu a pressão internacional sobre o Brasil na área ambiental e disse que as críticas se devem ao êxito do Governo de Bolsonaro. “Por que o Brasil é o alvo de uma campanha ambiental internacional tão feroz e injusta? Simples. Porque o Governo do presidente Bolsonaro está reconstruindo o Brasil. A ‘crise ambiental’ parece ser a última arma que resta no arsenal de mentiras da esquerda para sufocar isso”, escreveu.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e que em breve deve ser nomeado embaixador nos Estados Unidos, disse que tinha um “recado” para Macron ao retuitar um vídeo em que o presidente francês é chamado de “idiota”.

Na mesma rede social, o ex-comandante do Exército e assessor do Gabinete de Segurança Institucional, general Eduardo Villas Boas, disse que Macron usa o Exército francês para ameaçar o Brasil. “Estamos observando outro país europeu, desta vez a França, através de seu presidente Macron, atacar diretamente a soberania brasileira, que inclui objetivamente ameaças de emprego do poder militar”, publicou. “O tema vai além do que é aceitável na dinâmica das relações internacionais. É hora de o Brasil e os brasileiros se operem firmemente a estas ameaças, já que está em jogo nosso futuro como nação”, acrescentou.

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