Valentina Sampaio, a primeira modelo trans da Victoria’s Secret
Na mesma semana em que a empresa acaba com seu desfile anual, seus responsáveis dão um passo à diversidade
A empresa de lingerie mais conhecida do mundo, a Victoria’s Secret, decidiu dar um golpe de efeito na mesma semana em que informou que deixaria de organizar seus famosos desfiles anuais pela falta de diversidade. Valentina Sampaio se transformou na primeira pessoa trans a fazer parte do universo da empresa. Ela mesma publicou em sua conta do Instagram uma fotografia nos bastidores da sessão de fotos para a nova campanha da linha Pink da Victoria’s Secret. A modelo brasileira de 22 anos escreveu em suas redes. “Nunca deixem de sonhar, gente. A vida é incrível. Ame mais, odeie menos. O ódio não serve para nada, então não perca seu tempo com ele”.
Laverne Cox, uma das figuras mais importantes da comunidade transexual dos Estados Unidos, compartilhou seu entusiasmo em uma das publicações de Sampaio: “Uau, já era hora!”. A nova colega de Victoria’s Secret de Sampaio, a também modelo brasileira Lais Ribeiro, foi outra a escrever um comentário: “A primeira transexual fotografada para a Victoria’s Secret! Fiquei muito feliz!”.
A contratação de Sampaio ocorre meses depois da empresa de lingerie receber dura críticas por declarações do chefe de marketing da Victoria’s Secret, Ed Rezek, que falou da razão pela qual a Victoria’s Secret não contratava modelos plus size e transexuais: “E por que não? Porque o show é uma fantasia. É um especial de entretenimento de 42 minutos. É isso que é. É único no mundo de seu tipo e qualquer outra marca no mundo o faria sem pensar duas vezes, incluindo os competidores que nos criticam”.
Nem mesmo os anjos (como são chamadas as modelos da marca) concordavam com o estereótipo da empresa. Gisele Bündchen, uma das supermodelos brasileiras mais famosas de todos os tempos, conta em sua biografia que se sentia insegura e “cada vez menos relaxada” desfilando com tão pouca roupa. Sua compatriota Adriana Lima afirmou que não voltaria a “tirar a roupa por uma causa vazia”. “Estou casada das imposições; nós, como mulheres, não deveríamos continuar vivendo em um mundo com esses valores superficiais. Não é justo conosco, e além da justiça, é insano física e mentalmente como a sociedade nos impõe como devemos ser”, disse meses atrás. Não são as únicas que retiram as asas da perfeição impossível.
No ano passado a empresa também incorporou a modelo canadense com vitiligo Winnie Harlow entre seus anjos e em abril anunciou Lorena Durán como a primeira plus size a desfilar na equipe. A Victoria’s Secret estava há anos condenada a evoluir. A mudança de paradigma, a chegada do MeToo, a inclusão e aceitação de todos os corpos, o empoderamento feminino, o repúdio ao excesso de retoque fotográfico, o auge da beleza real, o consumo de lingerie mais comum... Tudo isso abriu caminho à estranheza e ao incômodo pelo show, expressados cada vez mais abertamente por essa perfeição tão irreal que acabou com uma empresa que sim, vendia fantasia, mas com um toque de passado, incluindo a vergonha.
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