_
_
_
_
EDITORIAL
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Vitória socialista na Espanha

O Parlamento que sai destas eleições permite, teoricamente, diferentes alternativas de composição de Governo, afastando a aberrante possibilidade de novas eleições, como ocorreu em 2016

O presidente do Governo Pedro Sánchez, junto à presidente do PSOE, Cristina Narbona, em reunião nesta segunda-feira
O presidente do Governo Pedro Sánchez, junto à presidente do PSOE, Cristina Narbona, em reunião nesta segunda-feira Zipi (EFE)

O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), liderado por Pedro Sánchez, foi a força mais votada nas eleições gerais espanholas deste domingo e, portanto, caberá a ele em primeira instância a responsabilidade de formar o novo Governo do país. O Partido Popular (PP) e o Cidadãos, por sua vez, não obtiveram os resultados que esperavam, confiando em que a estratégia da crispação com a qual rivalizaram se traduziria em uma severa redução no apoio eleitoral aos socialistas. Pelo contrário, os populares padeceram um revés de tais proporções que ameaça a continuidade de seu líder, Pablo Casado, ao passo que o Cidadãos fracassou em sua tentativa de encabeçar a direita espanhola, apesar de ter aumentado substancialmente sua presença no Congresso. Não cabe descartar que esse resultado tenha sido influenciado pelo discurso apocalíptico que ambas as forças mantiveram desde a moção de censura contra Mariano Rajoy, assim como pelo pacto entre partidos direitistas para governar a Andaluzia, pela irrupção do Vox e pela normalização de seu programa ultradireitista.

O Parlamento que sai destas eleições permite, teoricamente, diferentes alternativas de composição de Governo, afastando a aberrante possibilidade de uma nova convocação às urnas, como ocorreu em 2016, ou de um precário Governo de minoria. Não obstante, é previsível que os diferentes grupos só se pronunciem sobre os pactos necessários após as eleições municipais e regionais de 26 de maio. Essa vinculação implícita entre os resultados deste domingo e os futuros não é o melhor cenário para a gestão efetiva das instâncias de poder central, regional e municipal, cujos problemas são singulares e específicos, mas é a única saída realista diante da composição do novo Congresso de Deputados. Também é a única posição prudente, já que a necessidade de o PSOE escolher entre uma ou outra maioria tem implicações políticas para os principais problemas espanhóis.

Mais informações
Como a vitória dos socialistas nas urnas muda o cenário político espanhol
'Medo, o protagonista psicopolítico das eleições', por Esther Solano Gallego
'A inevitável busca pelo pacto', Máriam Martínez

Quanto a isso, o Cidadãos é a força que tem diante de si a opção mais difícil e a responsabilidade mais grave, porque, se mantiver a posição expressa asperamente durante a campanha de se recusar a compartilhar o poder com os socialistas, seus alertas sobre a unidade da Espanha se transformariam em uma profecia autorrealizada. No caso de uma aliança à esquerda entre PSOE e Podemos, a maior dificuldade reside no fato de que seus votos não bastam para dar posse ao candidato socialista, mas também nas posições diferentes das duas agremiações com relação à crise separatista na Catalunha. Nenhum dos dois caminhos pode ser descartado de antemão, sobretudo porque o calendário permite uma trégua para que a opinião pública preste mais atenção a programas que a coalizões de siglas abstratas.

A crise na Catalunha exige uma saída política, a ser encontrada inequivocamente dentro da Constituição, mas esse não é o único problema sobre o qual será preciso decidir. Sem uma resposta simultânea ao devastador desemprego juvenil, à precarização do mercado de trabalho, à desigualdade social, à luta contra a mudança climática e ao futuro da previdência, entre outras reformas imprescindíveis, um Parlamento aberto corre o risco impraticável de se transformar em um Parlamento inviável.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_