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Exame de sangue detecta tumores 15 anos antes de seu surgimento

Rocío Arroyo na sede da Amadix
Rocío Arroyo na sede da AmadixVictoria Iglesias

Equipe liderada por Rocío Arroyo criou esse exame simples que pode oferecer uma vantagem fundamental na luta para vencer o câncer se for realizado anualmente a partir dos 50 anos

A batalha contra o câncer é uma corrida entre a tartaruga – nós – e a lebre – a doença. Mas, como nos ensinou a fábula de Esopo, o vencedor nem sempre é evidente. É assim que a vê a pesquisadora Rocío Arroyo, diretora da Amadix, uma empresa de biotecnologia que inventou um exame de sangue que detecta, com 10 a 15 anos de antecedência, se uma pessoa saudável desenvolverá um tumor maligno de cólon.

Esta madrilenha de 45 anos, pesquisadora de farmacologia experimental, pendurou o avental branco para empreender na Espanha a aventura de converter o conhecimento científico em um modelo de negócio viável, para tentar materializar o sonho de todo pesquisador de melhorar o mundo com seus tubos de ensaio e pratos de cultura. Como ponto de partida, Arroyo conseguiu convencer investidores privados de Castela e Leão e assim nasceu a Amadix, em 2010, em Valladolid. Depois de muito trabalho, neste ano espera finalmente lançar no mercado o Colofast, o primeiro exame de sangue capaz de detectar um tumor de cólon antes que se desenvolva. “Esperamos comercializá-lo neste ano no mercado espanhol. Depois, vamos mirar os Estados Unidos, Europa e China. Até agora, foi testado em mais de 1.000 pessoas e em 20 hospitais europeus, e há estudos em andamento na Alemanha e na Polônia.” Fazer esse simples exame anualmente a partir dos 50 anos pode garantir uma vantagem fundamental na luta para vencer o câncer.

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O Colofast é único no mundo (existem produtos semelhantes, mas não tão sensíveis: identificam o tumor quando já apareceu) e abre uma nova era na previsão da doença. Os tumores de cólon começam como pólipos que deixam rastros no sangue, proteínas e moléculas de RNA. A quantidade e a combinação desses marcadores genéticos determinam o que se tornarão. Se a nossa mão de cartas for perdedora, ou seja, o Colofast identifica pólipos pré-cancerosos, restaria uma ampla margem de ação: retirá-los com uma colonoscopia e ganhar. “O objetivo é prolongar a vida de pessoas saudáveis com este diagnóstico. É algo que nunca havia sido feito.” Arroyo e sua equipe já estão trabalhando em outros exames capazes de antecipar tumores de pulmão e de pâncreas. Eles estimam que possam ser uma realidade em cerca de dois anos.

Apesar de ser uma pequena startup com apenas um punhado de empregados, a Amadix está excepcionalmente bem posicionada para competir no diagnóstico preventivo oncológico, um mercado desejado pelos gigantes da indústria farmacêutica. “Não é fácil. O nexo que nos une é melhorar a vida das pessoas. É preciso buscar financiamento de forma permanente, pois ainda não estamos vendendo, dedicar horas a isso, ter uma equipe motivada. Estivemos perto de fechar várias vezes.”

A medicina preventiva representará uma revolução no diagnóstico. Os dados associados a uma pessoa – hábitos, alimentação, etc.– juntamente com algoritmos de inteligência artificial e a genômica do paciente construirão um prisma para descobrir as doenças que virão. Arroyo ressalta que o Instituto de Tecnologia de Massachusetts já desenvolveu um algoritmo que aprende a caçar as lesões de mama interpretadas erroneamente como malignas e que, portanto, evita cirurgias desnecessárias. “Todas as empresas estão na mesma corrida: encontrar um exame único que permita detectar qualquer tipo de tumor que se manifeste no futuro.”

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