Catar anuncia sua saída da OPEP
País é alvo de boicote dos vizinhos Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Barein e Egito desde 2017
O Catar anunciou nesta segunda-feira sua intenção de deixar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) a partir de 1º de janeiro, segundo informações da agência estatal de notícias QNA. O ministro da Energia, Saad al-Kaabi, alegou que o país quer reforçar o seu papel internacional e planejar estratégias de longo prazo. A decisão, que surpreendeu os observadores, parece misturar o petróleo com a turbulenta política do Oriente Médio.
"O Catar decidiu se retirar da OPEP a partir de janeiro de 2019. Esta decisão foi comunicada à OPEP esta manhã", disse Al Kaabi durante uma coletiva de imprensa em Doha, a capital do rico Estado árabe.
O ministro disse que a decisão não está ligada a boicotes econômicos e políticos impostos desde junho do ano passado pela Arábia Saudita, país-líder de fato do cartel do petróleo, e outros três aliados dos sauditas (Emirados Árabes Unidos, Barein e Egito). No entanto, alguns observadores apontam a intenção do Catar de se distanciar desses vizinhos.
Al Kaabi acrescentou que participará da reunião da OPEP marcada para as próximas quinta e sexta-feira em Viena. Espera-se que os membros e outros países convidados, como a Rússia, analisem a possibilidade de reduzir a produção para induzir o aumento do preço do petróleo, que nas últimas semanas caiu de mais de 80 dólares (307 reais) para cerca de 50 (192 reais).
Embora seja o maior exportador de gás liquefeito do mundo, o Catar sempre foi um pequeno produtor de petróleo e seu peso nas decisões da OPEP é pequeno. Portanto, o impacto de sua retirada do cartel, à qual ele pertence há 57 anos, será em grande parte político.
.Al Kaabi disse que seu país vai concentrar-se na indústria de gás, que fornece a maior parte de sua receita, estimada para 2018 em 93 bilhões de dólares ( 360 bilhões de reais). O Catar anunciou no ano passado planos de aumentar a produção de gás de 77 milhões para 110 milhões de toneladas por ano até 2024.
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