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“Nós vamos ter conhecimento da prova antes”, diz Bolsonaro sobre o Enem

Presidente eleito fez transmissão ao vivo no Facebook para comentar sua passagem por Brasília

Bolsonaro em Brasília.
Bolsonaro em Brasília. Joédson Alves (EFE)
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Contradições preocupam entorno de Bolsonaro, mas não afetam campanha permanente no WhatsApp

O presidente eleito Jair Bolsonaro terminou a semana com uma transmissão  ao vivo pelo Facebook na qual fez um balanço de sua primeira passagem por Brasília após o fim da eleição. Após uma rodada de reuniões e aparições moderadas na capital federal, Bolsonaro voltou a sua forma polêmica habitual, com críticas ao conteúdo da prova do Enem do último fim de semana e às universidades públicas.

Na quarta-feira (7) a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, foi anunciada como ministra da Agricultura do Governo Bolsonaro. Outras quatro mulheres foram anunciadas como membros da equipe de transição. Os outros ministros já confirmados, por enquanto, são: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Augusto Heleno (GSI), Paulo Guedes (Economia), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública).

Veja alguns destaques dos últimos dias:

O futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que nesta semana nenhum novo ministro será anunciado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Havia a expectativa de nomeações para o Meio Ambiente e para as Relações Exteriores. 

Bolsonaro recebe embaixadores em Brasília

Após reuniões políticas, Jair Bolsonaro recebe embaixadores e diplomatas de quatro países: Chile, Emirados Àrabes Unidos, França e Reino Unido. Na imagem, o presidente eleito em reunião com a embaixadora dos Emirados Árabes, Hafsa Sharif Al Ulama, e com o segundo secretário da embaixada, Abdelrahman al Maazmi.

Foto: Rafael Carvalho/Governo de Transição

Onyx: “Todo dia tem alguém batendo num governo que não teve paz”

Futuro ministro da Casa Civil, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), queixou-se das críticas que o Governo Jair Bolsonaro tem recebido, antes mesmo de começar. “No governo que está sendo montado, não houve nenhuma trégua desde o final da eleição. Todo dia tem alguém batendo num governo que não teve paz para tentar se organizar.

Apontado como articulador de Bolsonaro com o Congresso Nacional, Lorenzoni fez um pronunciamento na manhã desta quarta-feira para tentar rebater uma reportagem da Folha de S. Paulo na qual ele era apontado como receptor de doação ilegal de 100.000 reais da JBS na campanha no ano de 2012, quando ele não disputou a eleição, mas presidia o diretório regional do DEM no Rio Grande do Sul.

Ele não desmentiu a informação do jornal. Em 2014, ele admitiu que teria recebido 100.000 reais como caixa dois da própria JBS. Apesar disso, seu caso foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal. Lorenzoni disse que está com a razão e que não teme os ataques que tem sofrido. Conforme o deputado, desde 2005 ele foi alvo de três atendados com coquetéis molotov. “Eu não tatuei de graça na minha pele o versículo João 8:32, ‘a verdade vos libertará’. Por que? Para que do erro que cometi eu jamais me esqueça e não corra o risco de cometê-lo novamente”.

Foto: Onyx Lorenzoni durante pronuciamento em Brasíla. (ADRIANO MACHADO/REUTERS)

Após idas e vindas, Bolsonaro se reúne com Maia

Depois de desmarcar dois encontros que estavam previstos com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), se reuniu com o parlamentar na manhã desta quarta-feira, em Brasília. Na pauta estiveram dois assuntos primordiais para ambos, a sucessão na Câmara e os projetos que serão votados ainda este ano que podem impactar no mandato de Bolsonaro a partir de 2019. Após a reunião nenhum dos dois concedeu entrevistas.

Foto: Bolsonaro e Maia no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. Crédito: Rafael Carvalho/ Governo de transição

Presidenta do Inep: “Lamento leituras equivocadas. Não é o Governo que manda no Enem”. Maria Inês Fini falou com EL PAÍS na segunda-feira. Leia o resultado da entrevista: http://cort.as/-BzoE

Em live no Facebook, Bolsonaro volta a tom polêmico e diz que lerá prova do Enem antes de aplicá-la

Após uma rodada de reuniões e aparições moderadas em Brasília nos últimos dias, o presidente eleito Jair Bolsonaro voltou a sua forma polêmica habitual em seu live no Facebook no final desta tarde. Falou de forma dura contra os órgãos ambientais, que, em sua opinião, multam demais, e disse que o turismo conserva mais que as unidades de preservação. Afirmou ainda que dar 20% dos lucros de lançamentos de satélites da base de Alcântara para os vizinhos quilombolas era algo excessivo e que preferia capacitá-los para trabalhar no local. Mas seu maior alvo foi a educação.

Ele voltou a criticar o Enem que, no último domingo, trazia em uma das questões o pajubá, dialeto LGBT, para testar o conhecimento dos estudantes sobre o que é um dialeto. "Pelo amor de Deus, esse tema, a linguagem particular daquelas pessoas, o que a gente tem a ver com isso? Quando a gente vai ver a tradução daquelas palavras, um absurdo, um absurdo. Vamos obrigar a molecada a se interessar por isso agora para o Enem do ano que vem? Pode ter certeza que não vai ter uma questão daquela na prova do ano que vem. Nós vamos tomar conhecimento da prova antes. Só vai ter questões voltadas ao que interessa ao futuro das nossas gerações, do nosso Brasil", diz ele.

Para o presidente eleito, o tema é "ideologia de gênero" e uma "questão menor". "Vá ser feliz, cara! Se você quer ser feliz com outro homem, que seja. Se você mulher quer ser feliz com outra mulher, vá ser feliz! Mas não perturbando isso nas escolas, obrigando a molecada a estudar uma besteira que não vai levar a lugar algum. Quem ensina sexo é o papai e a mamãe e ponto final". Ele disse ainda que o país precisa de um "bom ministro da Educação com  autoridade", que entenda que o Brasil é um país conservador. "Vai ser tudo liberal? Se os caras querem liberar o que é deles, que liberem!"

Bolsonaro criticou ainda as universidade públicas. Disse que "uma parte considerável delas é dinheiro jogado fora", disse. Falou que nos centros academicos há "maconha, camisinha no chão, cachaça na geladera e é tudo pixado". "Vâo me chamar de homofóbico, fascista, mas nós vamos tentar mudar isso", disse.

Sobre o Ministério do Meio Ambiente, ele reafirmou que apesar de voltar atrás na junção da pasta com a Agricultura quem vai escolher o ministro será ele. "Vocês do meio ambiente não sabem o que é produzir. Como é difícil ser produtor rural no país", disse ele, reclamando das multas aplicadas. Ele disse que não se preserva o meio ambiente "dessa forma xiita" e, sim, por meio do turismo. O presidente eleito ressaltou ainda que pretende abrir a baía de Angra para a exploração turística. "Imagine uns espanhois [explorando] ali, que gostam de turismo".

O presidente eleito também afirmou que pode chegar a um meio termo com posições discordantes do juiz Sérgio Moro. Citou, por exemplo, que poderia abrir mão da redução da maioridade penal de 16 anos para 17, por exemplo.   

Bolsonaro disse ainda que planeja treinar os quilombolas para trabalhar na base de lançamento de satélites de Alcântara.

"Estão botando na minha conta o reajuste do Judiciário", afirma em seu live no Facebook, Jair Bolsonaro. Ele disse que estão fazendo isso para querer colocá-lo em conflito com outras instituições. O presidente eleito afirma ainda que "gostaria de dar mais direitos para as pessoas", mas pretende fazer uma reforma da Previdência, ainda que não seja a que o presidente Michel Temer pretende aprovar.

Bolsonaro falou ainda sobre a mudança da Embaixada do Brasil em Israel. Voltou a dizer que quem decide sua capital é Israel e chamou de "frescura" as críticas a seu discurso de que pretende fazer a mudança.

O presidente eleito Jair Bolsonaro está ao vivo no Facebook:

O cirurgião plástico Roberto Rey, conhecido como Dr. Rey, foi na manhã desta sexta-feira à casa do presidente eleito Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, para se oferecer para trabalhar no novo Governo, se possível como ministro da Saúde. O encontro acabou não acontecendo, como o próprio Dr. Rey registrou em seu perfil no Instagram, por conta da visita de delegações das embaixadas da Alemanha e da Argentina. Segundo o cirurgião, sua visita foi remarcada.

As mulheres da equipe de transição de Bolsonaro: três militares, uma economista

Após receber críticas por ter indicado apenas homens entre os 28 responsáveis por sua equipe de transição, o presidente eleito Jair Biolsonaro designou quatro mulheres, na noite de quarta-feira, para compor o grupo. Três delas são militares, do Corpo de Bombeiros ou do Exército, e uma é economista. O perfil mais chamativo é o de Silvia Nobre Waiãpi, a primeira indígena a entrar para as Forças Armadas brasileiras, e que já trabalhou como atriz e atualmente chefia o Serviço de Medicina Física e Reabilitação em Fisioterapia do Hospital Central do Exército no Rio de Janeiro.

A primeira mulher a compor o grupo de transição foi Márcia Amarílio da Cunha Silva, uma tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal que já estava engajada no projeto de campanha de Bolsonaro há meses. Silva comanda o Centro de Ensino de Altos Estudos Oficiais do Corpo de Bombeiros e atuou por 15 anos na equipe de assessoria parlamentar do Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil.

A terceira militar do grupo é Liane de Moura Fernandes Costa. Tenente da reserva, Costa tem formação em engenharia ambiental e em educação profissional, e vai assessorar a equipe de transição no que diz respeito ao meio ambiente. A quarta componente feminina da transição também vai trabalhar com meio ambiente, mas não é militar.

A economista Clarissa Costalonga e Gandour é especialista em políticas para preservação de meio ambiente e trabalha como analista sênior do escritório carioca da Climate Policy Initiative (CPI). Sua presença na equipe de transição chama atenção por conta das ressalvas de Bolsonaro em relação a políticas de controle das mudanças climáticas. Um aparente paradoxo também se aplica à indígena Waiãpi, já que o presidente eleito tem feito questão de dizer que, a depender dele, não se demarca mais terras indígenas no Brasil.

Bolsonaro, com seus generais, visita o comandante geral do Exército

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, recebeu o presidente eleito, Jair Bolsonaro, e o vice-presidente eleito, general da reserva Hamiltom Mourão. A decisão de quem vai chefiar o Exército deve ser uma das primeiras a ser tomadas por Bolsonaro em janeiro. Nas reportagens abaixo debatemos o papel dos militares no futuro Governo.

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Depois de encontro com Bolsonaro, Witzel diz que reforma da Previdência neste ano não será por emenda constitucional

O governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), se reuniu nesta manhã com o presidente eleito Jair Bolsonaro. Após o encontro, Witzel disse que a reforma da Previdência que os aliados do capitão reformado do Exército tentarão aprovar ainda neste ano será apenas por projetos que não envolvem mudanças na Constituição. Desta forma, afirmou o governador eleito, a intervenção militar no Rio de Janeiro não deve ser interrompida até o fim do ano.

Pelas lei brasileira, para aprovar emendas constitucionais seria preciso interromper a intervenção federal no Rio de Janeiro. 

"Tanto o presidente Michel Temer quanto o presidente Bolsonaro estão trabalhando para que a reforma da Previdência seja apenas em matéria infraconstitucional", declarou Witzel em Brasília. " Falei com ele [Bolsonaro] da minha preocupação da manutenção da intervenção até dezembro e a reforma da Previdência deve ser apenas na parte infraconstitucional, portanto é mantida a intervenção até dezembro."

Isso significa que o esforço para aprovar propostas que mexam na Previdência ocorrerá somente em projetos de lei e projetos de lei complementar, que não requerem o mesmo quórum qualificado do que uma emenda à Constituição, por exemplo. Isso reduz o alcance das medidas, mas torna mais fácil que elas sejam aprovadas pelos congressistas.

(Foto: Cesar Sales/Folhapress)

"Não é derrota, é preocupação”, diz general Heleno sobre reajuste do Judiciário

O general Augusto Heleno, que será o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do Governo Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que o reajuste dos salários do Judiciário aprovado na quarta-feira pelo Senado não é uma derrota para o presidente eleito. Bolsonaro havia se manifestado contrário ao aumento publicamente, mas ele acabou aprovado ainda assim, depois de sua fala.

"Não é derrota, é preocupação. Tenho certeza que ele não considera uma derrota, mas uma preocupação até pelos gastos que foram anunciados", ressaltou ele, ao chegar à casa de Bolsonaro para uma reunião na manhã desta quinta-feira. O Congresso aprovou em uma votação surpresa o reajuste do salário de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) de 33.700 reais para 39.300 reais, o que pode ter um impacto fiscal no próximo ano de 5,3 bilhões de reais, já que os ganhos dos ministros balizam os salários de diversas carreiras do setor público. A promessa é que, em troca, Judiciário e Ministério Público cortarão o auxílio moradia.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Antonio Dias Tofofli, disse na noite desta quarta-feira, após o Senado aprovar o reajuste salarial para o judiciário, que a Suprema Corte deve "resolver essa questão do auxílio-moradia". "Vou conversar com o relator, o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, para ver a melhor hora de deliberarmos a respeito”, disse Toffoli à TV Justiça após evento no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Fux é relator das ações que questionam o auxílio-moradia dos juízes. Liminar concedida por ele em 2014 garante a todos os magistrados brasileiros o benefício de R$ 4.300, mesmo que tenham imóvel próprio na cidade onde trabalham.

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