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Assassinato de travesti em São Paulo ganha matiz político à véspera da eleição

Segundo testemunhas, vítima foi esfaqueada após discussão em frente a um bar no centro da cidade. "Com Bolsonaro, a caça aos 'veados' vai ser legalizada", teria dito um dos agressores

Local onde a vítima foi esfaqueada
Local onde a vítima foi esfaqueada Arquivo pessoal
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Uma travesti identificada, até o momento, como Priscila foi morta a facadas no Largo do Arouche, centro de São Paulo, na madrugada desta terça-feira, 16. Segundo uma testemunha que preferiu não se identificar, ela ouviu do apartamento os gritos de socorro. “É bem comum discussão aqui nessa região. Sempre tem um vidro quebrando, garrafa. Não é a primeira vez que acontece. O problema é que dessa vez estava bem alto. Eu abri a janela e consegui ver que tinha umas quatro ou cinco pessoas discutindo na frente do bar”, disse. “Estavam gritando, chamando de prostituta, vagabunda, agressões verbais que não lembro. E ouvi, sim, o nome de Bolsonaro nessa hora, de ‘Bolsonaro presidente’, essas coisas”, relata.

Com medo, decidiu fechar a janela. De acordo com as informações de investigadores do caso, os golpes de faca foram feitos ainda na porta do bar. Na sequência, uma outra testemunha que estava próxima ao Hotel San Raphael, no Largo do Arouche, conta que a vítima foi cambaleando para a frente do local, se apoiou em uma porta de vidro e acabou caindo perto do tapete do estabelecimento.

“No meio da briga, ouvi ‘com Bolsonaro presidente, a caça aos 'veados' vai ser legalizada'”, afirma uma testemunha que também pediu para não se identificar.

A travesti foi socorrida e levada até a Santa Casa de Misericórdia, também no centro da capital paulista, mas morreu no caminho. No momento da chegada da Polícia Militar ao local, não havia documento de identificação da vítima. O corpo foi levado ao IML (Instituto Médico Legal) e, de acordo com as investigações, até o início da noite desta terça-feira não havia sido reconhecido. A SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou, em nota, que um inquérito foi aberto no 3º Distrito Policial, nos Campos Elíseos, e que “diligências estão nas ruas procurando testemunhas e imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação da autoria do crime”. A Ponte entrou em contato com o hotel e, por telefone, um atendente informou que a Polícia Civil já está com imagens de câmeras que possam ajudar a elucidar o caso.

Reportagem originalmente publicada no site Ponte Jornalismo.

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