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Trump acusa seu ex-advogado de mentir sobre o financiamento ilegal de sua campanha

O presidente dos EUA nega seu envolvimento no caso, relacionado ao pagamento de suborno para ocultar suas relações sexuais com duas mulheres

Amanda Mars
O presidente Donald Trump, no aeroporto de Virgínia, em 21 de agosto.
O presidente Donald Trump, no aeroporto de Virgínia, em 21 de agosto.AFP

Donald Trump refutou nesta quarta-feira seu suposto envolvimento em delitos que deixam o presidente dos Estados Unidos em uma posição muito delicada. O presidente norte-americano acusou Michael Cohen, que foi seu advogado e pessoa de confiança durante anos, de inventar "histórias" para conseguir um melhor acordo com a Justiça. Na terça-feira, Cohen declarou ser culpado do financiamento ilegal da campanha eleitoral e apontou que Trump seria o responsável pelas irregularidades.

Cohen reconheceu na terça-feira, diante de um tribunal em Manhattan, que nos meses anteriores às eleições de 2016 e sob a orientação do então candidato republicano, havia pagado duas mulheres para manter silêncio sobre suas supostas relações sexuais com Trump, a fim de proteger sua imagem. Ou seja, afirmou sob juramento que Trump seria o responsável de um delito federal.

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O presidente se defendeu por meio de várias mensagens em sua conta no Twitter, com as doses de contradição suficientes para não deixar claro o que exatamente estava desmentindo. Por um lado, acusou seu ex-advogado de enganar, mas, por outro, ressaltou que as confissões feitas por Cohen na noite anterior não indicavam nenhum crime. "Michael Cohen declarou-se culpado de duas acusações de irregularidades no financiamento de campanha que não são um delito", escreveu, para logo em seguida equiparar o caso com uma infração do então presidente democrata Barack Obama, relativa a 2008: "O presidente Obama teve uma grande infração do financiamento de campanha e chegou-se a um acordo de uma maneira simples!", disse.

A campanha de Obama foi multada em 2013 em 375.000 dólares (1,5 milhão e meio de reais no câmbio atual) após uma auditoria da Comissão Eleitoral Federal, na qual foi revelada que não foram comunicadas no prazo apropriado cerca de mil contribuições de última hora, totalizando dois milhões de dólares. A penalidade ocorreu por acordo mútuo entre as partes.

O que é reconhecido por Cohen configuraria um delito. Sua confissão ocorreu na mesma tarde em que o ex-chefe de campanha do presidente, Paul Manafort, foi declarado culpado por 8 dos 18 crimes de fraude apontados pelo promotor especial da trama russa, Robert Mueller. Embora a investigação contra Manafort tenha começado no âmbito da conspiração russa para influenciar as eleições, a condenação refere-se a fatos privados que não afetam Trump, além de ser a pessoa a quem ele confiou sua campanha eleitoral.

Sobre Manafort, Trump disse que se sentiu "muito mal". "Ao contrário de Michael Cohen, ele se recusou a inventar histórias para chegar a um acordo, todo o meu respeito por esse homem corajoso", escreveu.

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