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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

O erro da Oxfam

Os controles sobre a conduta ética dos funcionários falharam

Uma sede da Oxfam em Londres.
Uma sede da Oxfam em Londres.PETER NICHOLLS (REUTERS)
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Há condutas que sempre são reprováveis, mas são ainda mais quando ocorrem no seio de uma organização que tem como fundamento de sua existência os valores e princípios éticos. É totalmente inaceitável que membros da Oxfam contratassem prostitutas e organizassem orgias em 2011 enquanto estavam em missão humanitária no Haiti depois do terrível terremoto que assolou a ilha. O fato é especialmente grave quando se leva em conta que o responsável pela missão já havia tido uma conduta semelhante no Chade em 2006. A repetição indica que, pelo menos nesse momento, os controles internos sobre a conduta ética do pessoal eram frágeis ou inexistentes.

A organização expressa agora sua “tristeza, indignação e vergonha”, e é bom que entoe um mea culpa sincero. E também que em consequência do escândalo tenham apresentado sua demissão altos dirigentes da entidade. Mas o mais importante é garantir que algo assim nunca mais se repita. Embora esteja claro que a conduta reprovável é imputável a uma ínfima parte de seus 10.000 trabalhadores, tem consequências devastadoras para todo o setor das ONG. Fatos como esse não só afetam o prestígio de uma organização humanitária que opera em 90 países, tem mais de 2.000 programas em curso e conta com milhões de voluntários; também causam um dano direto irreparável aos milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade que podem beneficiar-se da solidariedade internacional por intermédio desse tipo de organização.

Temos de aplaudir a determinação da Oxfam de recuperar a confiança dos cidadãos e celebrar seu anúncio de que aplicará medidas de controle interno rigorosas e eficazes para evitar que fatos tão graves se repitam. Isso vai requerer um grande esforço e muita transparência. Não há outro caminho para recuperar a credibilidade de uma organização que, como as demais ONGs, é e continuará sendo muito necessária.

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