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Primeiro dia do inverno: a noite mais longa do ano

Com o Sol em sua maior inclinação, o Hemisfério Sul tem hoje o dia com o menor tempo de luz no ano

Bosque nevado nos montes Taunus (Alemanha).
Bosque nevado nos montes Taunus (Alemanha).FRANK RUMPENHORST (AFP)

Os solstícios (do latim solstitium [sol sistere], que significa ‘sol quieto’) são os momentos do ano em que o Sol alcança sua maior ou menor altura aparente no céu, e acontecem os dias mais longos ou curtos do ano, respectivamente. No solstício de inverno, o Sol alcança sua altura mínima ao meio-dia sobre o trópico de Capricórnio, e isso corresponde ao dia mais curto do ano, marcando a passagem do outono para o inverno. A partir desta data (sempre entre 20 e 23 de junho), os dias começam a ficar mais longos.

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Ao longo do ano, a posição do Sol quando visto da Terra se move para o Norte e depois para o Sul, num movimento provocado pela inclinação do eixo da Terra em relação ao plano da sua órbita.

No primeiro dia do inverno, a duração do dia e a altitude do Sol ao meio-dia no Hemisfério Sul são menores do que em qualquer outro dia do ano. No fundo, a definição da data do solstício não é tão simples como parece, embora seja totalmente regular, e eis aqui a explicação: a duração de uma órbita terrestre é equivalente a um pouco menos de 365,25 rotações terrestres (ou seja, dias). Esse 0,25 dia (6 horas) é contemplado no calendário gregoriano com a introdução de um dia extra a cada quatro anos: o 29 de fevereiro dos anos bissextos. Entretanto, há outras correções necessárias regularizar essa sobra na rotação terrestre, razão pela qual o calendário que nos rege atualmente elimina três dias bissextos a cada quatro séculos.

Por esse motivo, a cada ano o momento exato do solstício muda, porque a duração de cada estação, a velocidade orbital do nosso planeta e todos os demais parâmetros físicos permanecem inalterados, enquanto nosso calendário sofre ajustes devido a esse quarto de dia a mais em cada ano. Dessa maneira, a cada ano a hora e inclusive o dia da mudança das estações é diferente. O inverno no Hemisfério Sul pode começar entre 20 e 23 de junho e, embora associemos esta data à festa de São João (na noite de 23 para 24), ainda faltam alguns dias até lá, e a jornada desta quarta-feira já será a mais curta do ano.

A maioria das culturas antigas do Hemisfério Sul realizava festividades por ocasião dos solstícios, e várias delas ainda continuam vivas: no Peru, por exemplo, celebra-se o Inti Raymi, uma cerimônia inca que homenageia o deus Sol e coincide com a noite mais longa do ano. Em Machu Picchu, aliás, ainda há uma grande coluna de pedra chamada Intihuatana, que significa “pelourinho do Sol”, ou seja, uma estrutura que servia para “amarrar” o Sol.

Os chilenos e os argentinos se reúnem numa festa de origem mapuche chamada We Tripantu; já na Bolívia, milhares de pessoas peregrinam até o templo Kalasasaya, em Tiahuanaco, para festejar o Willka Kuti, “a volta do sol” no idioma aimará, marcando o início do ano para essa cultura. Na Nova Zelândia, a celebração da Maruaroa ou Takurua é considerada pelos maioris como um marco da metade da temporada de inverno, e acontece entre 20 e 23 de junho.

Além disso, tradições europeias dos colonizadores ibéricos também foram transplantadas para a América, razão pela qual muitos lugares comemoram a noite de São João com grandes fogueiras, associando essa data ao início do inverno.

Outras curiosidades deste solstício austral: no Polo Norte, o Sol circula pelo céu a uma altitude constante de 23°; no Círculo Polar Ártico, é o único dia em que o Sol se mantém sobre o horizonte durante 24 horas; no Equador, o Sol nasce a 23º norte, alcança sua altitude máxima a 65° e permanece por exatamente 12 horas sobre o horizonte; no Círculo Polar Antártico, o centro do Sol mal toca o horizonte ao Norte, sem despontar, e é o único dia em que o Sol se mantém abaixo do horizonte durante 24 horas.

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