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Marine Le Pen apela aos eleitores de Mélenchon, que se recusa a apoiá-la

Candidata de extrema direita pede aos eleitores de esquerda que “barrem” Emmanuel Macron

Silvia Ayuso

Marine Le Pen mira os sete milhões de votos que o líder da esquerda alternativa, Jean-Luc Mélenchon, recebeu no primeiro turno das eleições presidenciais francesas. Na sexta-feira, Mélenchon continuou a se negar a dar instruções de voto aos seus seguidores. A líder da Frente Nacional se dirigiu diretamente a eles em um vídeo cheio de acenos – ela se apresenta como inimiga da “oligarquia”– pedindo ajuda para “barrar” o caminho ao palácio do Eliseu de seu adversário em 7 de maio, o centrista Emmanuel Macron.

Operário observa cartazes dos candidatos do segundo turno na França.
Operário observa cartazes dos candidatos do segundo turno na França.Chesnot (Getty Images)

“Dirijo-me aos eleitores da França Insubmissa para dizer-lhes que hoje é preciso barrar Emmanuel Macron”, porque “o seu projeto é diametralmente oposto ao que vocês apoiaram durante a campanha do primeiro turno”, diz Le Pen no vídeo, que dura quase quatro minutos, postado pela candidata da FN em suas redes sociais. “O banqueiro Macron”, como seguidamente se refere ao adversário, “não representa a mudança, é a continuidade, representa essas finanças arrogantes que [o presidente cessante, o socialista François] Hollande prometeu combater e que finalmente deixou prosperar”, insiste Le Pen.

A líder do partido de extrema direita se apresenta como a herdeira natural das propostas do esquerdista Mélenchon, que foi o quarto colocado no domingo, com 19,6% dos votos. Le Pen apela, entre outros aspectos, à aversão compartilhada pela globalização e promete “negociar firmemente com Bruxelas”, embora sem falar sobre a saída da União Europeia.

O porta-voz da França Insubmissa, Alexis Corbière, qualificou o vídeo de “desprezível” e respondeu que Le Pen “é contra a ecologia, a distribuição da riqueza, os direitos dos trabalhadores e a VI República”.

No vídeo, Le Pen reconhece que existem “diferenças” entre os “insubmissos” e os frentistas, mas diz que agora não é o momento para tratar de “questões de fundo”, que para isso haverá tempo depois da ida às urnas no domingo da próxima semana, afirma. “Hoje temos de combater um ponto essencial: não é possível deixar a França nas mãos de Emmanuel Macron, o perigo é muito grande”, insiste Le Pen, que termina apresentando a votação do domingo da próxima semana como uma batalha contra a “oligarquia que luta contra mim, mas também contra vocês”.

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A líder do partido de extrema direita se adiantou com sua manobra à aguardada declaração de Mélenchon, que até agora se recusou a pedir abertamente o voto em Macron para frear Le Pen, ao contrário do que fizeram outros líderes políticos do país. Tampouco o fez na sexta-feira. Em um vídeo de meia hora postado em seu canal no YouTube, Mélenchon qualificou a eleição do dia 7 de maio como a escolha “entre a extrema finança e a extrema direita” e reiterou que não dará instruções de voto aos seus seguidores porque isso poderia provocar divisões, argumenta. O líder da França Insubmissa confirmou que irá votar no dia 7, mas não revelou em quem. No entanto, deixou claro que não votará em Le Pen.

“Existe alguém que tenha dúvidas sobre o que penso a respeito da Frente Nacional? Eu não votarei na FN, todo mundo sabe disso. Essa dúvida não existe”, se defendeu Mélenchon das muitas críticas que recebeu nesta semana por se recusar a pedir o voto para o adversário de Le Pen, ao contrário do que fez 2002, quando o pai da hoje candidata da extrema direita, Jean-Marie Le Pen, foi para o segundo turno.

Embora a maioria das pesquisas aponte Macron como vencedor, os especialistas alertam que não é completamente impossível uma vitória de Le Pen, especialmente se a abstenção ou o voto em branco aumentarem no segundo turno. Por isso o silêncio de Mélenchon foi tão criticado, especialmente porque uma parte de seu eleitorado é considerada sensível às mensagens da FN. Outra das figuras políticas da primeira linha da cena francesa que também se recusava a pedir abertamente o voto em Macron, a prefeita socialista de Lille, Martine Aubry, anunciou na sexta-feira que, finalmente, votará no líder do Em Marcha!

Por seu lado, o candidato de direita Nicolas Dupont-Aignan, que no primeiro turno ficou em sexto lugar, com 4,75% dos votos, disse na sexta-feira que apoiará Le Pen, que desde que passou ao segundo turno vinha cortejando abertamente o seu apoio e o de seus eleitores.

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