_
_
_
_

Uber prepara-se para lançar o carro voador em 2020

Empresa de transporte privado pretende evitar engarrafamentos urbanos com miniaviões sob demanda

Vídeo: Aurora Flight Sciences

“Já imaginou ir a Napa (Califórnia) em 15 minutos? E ao trabalho em menos de seis? Há décadas, os carros voadores são coisa de ficção científica, mas agora queremos torná-los realidade”, disse Jeff Holden, chefe de produto da Elevate, a divisão mais futurista do Uber.

Mais informações
Contra as mudanças climáticas, América Latina busca “limpar” o setor de transportes
Túneis, a última loucura do Silicon Valley para remediar o tráfego
Redução de velocidade é tendência global: veja o limite nas principais capitais do mundo
Boom do carro elétrico faz disparar preço do lítio, a nova gasolina

“Usamos os carros privados para gerar um bem público. Há estacionamentos, há poluição, há falta de eficiência”, enumerou. A visão da empresa – elitista, a julgar pela prioridade de ir a Napa, o lugar preferido de lazer dos techies do Vale do Silício quando querem fugir do mau tempo de San Francisco e curtir as vinícolas – passa por incentivar as pessoas a deixarem de ter um automóvel e ganharem mais espaço urbano.

O Uber espera levar os carros voadores às cidades em menos de cinco anos. Dallas, onde é realizada a reunião para lançar as bases desse setor, e Dubai, com a sua exposição universal, serão as primeiras a contar com o sistema em funcionamento, já em 2020. Antes chegarão os testes e alguns desafios – como a companhia gosta de chamar os problemas (palavra proibida no Vale do Silício). Entre eles, os chamados “vertiports”: pontos localizados em cada cidade para carregamento das baterias (os veículos serão elétricos), pousos e decolagens.

A escolha não é por acaso, já que os veículos vão levantar voo e aterrissar na vertical, o que minimiza o espaço necessário para seu funcionamento. A ChargePoint se ocupará do projeto da parte energética – outro desafio para a iniciativa.

São cinco as empresas que se associaram ao Uber para fazer os protótipos:

Pipistrel Aircraft, Mooney, Bell Helicopter, Aurora Flight Sciences e Embraer. Estas últimas têm as propostas mais avançadas. O modelo da Aurora é uma modificação do XV-24A, já usado pelo Exército dos Estados Unidos, com o compromisso de preparar uma frota de 50 unidades para começar os testes e entrar em funcionamento em 2020. O veículo será para apenas quatro ou oito pessoas. Já a Embraer quer fazer algo visando mais gente. “Projetamos, desenvolvemos e entregamos aviões comerciais e de defesa há 50 anos. Dentro de 10 anos, teremos 18% do mercado mundial de aviação. Temos interesse especial pelos veículos de média capacidade. Fazemos uma linha de grande sucesso. Somos novos, mas aprendemos rápido. Temos o desafio de mudar rápido”, disse Paulo Cesar de Souza e Silva, diretor-presidente da Embraer, com grande modéstia. A empresa brasileira já é a terceira fabricante mundial de aviões comerciais.

Os planos do Uber são claros: primeiro, um carro compartilhado (algo que já vem sendo testado com o UberPool); depois, o carro sem motorista, também em fase de teste e que poderia reduzir em 90% a quantidade de automóveis nas cidades. Por último, o carro voador. Ao abrir o aplicativo, o usuário verá a opção do Uber Air.

“A comunidade rejeitou os helicópteros pelo forte ruído. Sua velocidade não pode melhorar muito, e não são práticos para o dia a dia”, explicou Holden antes de mostrar seu plano. “[O carro voador] é duas vezes mais seguro que os convencionais”, afirmou, para tirar o medo dos presentes.

Embora seja difícil contar com números precisos, o diretor insistiu que o novo veículo será acessível para todos. “No início teremos que conseguir escala, mas depois será melhor para a vida na cidade: mais limpo e rápido”, justificou, sem dar mais informações.

Faz tempo que o Uber flerta com essa opção, mas só em Las Vegas e de forma temporária. E em Los Angeles, para evitar o trânsito. Até agora, eram experimentos. A empresa aprendeu alguns detalhes sobre como os humanos se deslocam. Por exemplo, que a hora de maior demanda em Londres é justamente depois do fechamento dos pubs. “A boa notícia é que já não usam seu carro; optam por algo melhor para todos. Damos valor agregado às cidades”, afirmou.

Os argumentos para apoiar essa tecnologia são ecológicos e econômicos. Os carros respondem por 22% das emissões de dióxido de carbono do planeta, mas ficam parados 95% do tempo. “Para cada carro privado, há oito vagas. Queremos acabar com isso, colocar mais ciclovias, promover mais edifícios sustentáveis, casas mais acessíveis”, afirmou. Em Nova Jersey, por exemplo, eles conseguiram que a Prefeitura subvencionasse a iniciativa em vez de construir um estacionamento.

A startup mais valiosa do mundo decidiu realizar essa reunião anual para estimular a adoção de sua tecnologia. E faz isso num de seus piores momentos, quando cresce a pressão sobre Travis Kalanick, seu cofundador, que não está no programa, por acusações de discriminação sexual e racial, além de táticas de competição questionáveis.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_