Crime na Síria
Novo ataque com armas químicas demonstra a impunidade com que se age na guerra civil
O brutal ataque químico que aconteceu nesta terça-feira na cidade síria de Khan Shaykhun em uma área controlada pelas forças rebeldes contrárias à ditadura de Bashar al-Assad é uma triste e nova constatação de que na guerra civil, que acaba de completar seis anos, foram ultrapassados todos os limites admissíveis de qualquer convenção internacional sobre conflitos bélicos. O uso de armas químicas é um crime de guerra em si, mas é ainda mais odioso — se é que isso é possível —, pela presença de civis, entre eles ao menos uma dezena de crianças, entre os mortos.
Foi o ataque mais mortífero com esse tipo de arma, teoricamente eliminada do cenário do conflito desde que foi usada em agosto de 2013 em Ghuta, um subúrbio de Damasco, com um balanço de mortes que, na ausência de dados oficiais, oscila entre 650 e 1.400. O número de feridos atingiu cerca de 3.000. Em seguida, uma forte reação da comunidade internacional, liderada por Estados Unidos, Rússia e Nações Unidas, pôs fim teoricamente não só à utilização como também ao armazenamento dessas armas por parte do regime sírio. Oficialmente desde então não havia mais armas químicas na Síria, embora tenha havido relatos ocasionais do uso de armas químicas em outros momentos do conflito. Infelizmente, hoje todos constatamos que esta é outra das mentiras de uma guerra cuja solução parece hoje impossível.
A crueldade com a qual o ataque foi executado — numa hora em que a maioria da população estava desprevenida por estar dormindo — mostra uma premeditada e injustificável crueldade por parte de seus autores. Um crime que, esperamos, seja investigado e julgado quando chegar o momento. Um momento que mais cedo ou mais tarde chegará. Com a mesma impunidade com que agiram nesta terça aqueles que ordenaram e executaram o ataque, outros o fizeram antes em Ruanda ou na ex-Iugoslávia. A Justiça internacional acabou por apanhá-los.
A abertura — dentro de poucas horas — de uma nova conferência internacional sobre o conflito sírio não pode se tornar um novo desfile de expressões e desejos tão vazios quanto impotentes. É certamente muito tarde para aqueles que morreram nesta terça em Khan Shaykhun, mas eles e as dezenas de pessoas que morreram antes, assim como os sírios que ainda estão vivos, merecem justiça e um compromisso claro de todos pelo fim dessa guerra.
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