FA investiga se goleiro do Sutton lucrou com aposta ao comer pastel
Suspeita leva à demissão de Wayne Shaw, atleta do clube da Quinta Divisão que chegou às oitavas na Copa
"É um final triste para uma história que era linda”, lamenta Paul Doswell, o treinador e gestor do Sutton United. Toda a epopeia de sua equipe, um time modesto da quinta divisão inglesa eliminado pelo Arsenal nas oitavas de final da Copa da Inglaterra, perde o brilho diante do poder do dinheiro, que fez com que Wayne Shaw, seu midiático goleiro suplente, engolisse um pedaço de um típico pastel de carne britânico no banco da equipe enquanto era disputada a partida contra os gunners. Shaw, de 46 anos e popular por estar bem gordinho, reconheceu no final do jogo que sabia que uma casa de apostas pagava oito por um pela possibilidade de que ele comesse em plena disputa.
A Federação Inglesa de Futebol já abriu uma investigação para determinar se Shaw transgrediu alguma de suas regras que impedem que os participantes de suas competições influam em apostas esportivas. O Sutton United reagiu de imediato e em seguida forçou a renúncia de Shaw do clube, onde ele não só atuava eventualmente como goleiro suplente, mas também trabalhava na manutenção do campo de futebol. Não é a primeira vez que ele deixa o Sutton. Há três anos já lhe haviam mostrado a porta de saída por agredir um espectador que zombou de seu aspecto físico durante o aquecimento prévio à partida.
“A integridade no esporte não é uma brincadeira”, afirma Richard Watson, o diretor da comissão do jogo da Grã-Bretanha, um órgão governamental que regula uma atividade extremamente popular nas Ilhas. Uma casa de apostas vinculada ao jornal The Sun tinha oferecido a seus clientes uma aposta que premiava quem acertasse que Shaw, que pesa mais de 120 quilos, iria comer pastel em pleno jogo. Este confessou que sabia disso: “Os colegas da equipe me contaram e eu pensei que já que estávamos perdendo de dois a zero podia fazer a brincadeira porque, além do mais, não tinha comido nada todo o dia e não sabia quando ia poder comer algo depois do jogo”.
A investigação busca agora checar se Shaw e pessoas próximas a ele apostaram uma quantidade de dinheiro em algo que dependia tão somente dele. Parece ser um dinheiro muito fácil de ganhar, e tendo o futebol e a F.A. Cup no meio. “Não sei se ele fez isso, mas tampouco me surpreenderia”, deixa escapar Doswell. “Wayne se transformou nos últimos tempos em uma celebridade e não deixou o clube numa boa situação”, lamenta. “A fama subiu à cabeça dele”, declarou o presidente Bruce Elliot. Shaw tem ofertas até para posar nu para uma publicação. Somente se vestiria com luvas e posicionaria as mãos de um jeito estratégico.
“Obviamente eu não apostei, mas possivelmente há torcedores do clube que fizeram isso e ganharam dinheiro”, diz Shaw. A federação pune a informação privilegiada em matéria de apostas e pode também haver uma responsabilidade penal que resulte em uma pena de até dois anos de prisão por fraude.
Contudo, já houve quem avisasse sobre a inconveniência de o Sutton United se aproximar das casas de apostas. Antes mesmo da partida houve polêmica entre alguns torcedores do clube por causa do acordo assinado com o The Sun para que patrocinasse a equipe na partida contra o Arsenal. A entidade já havia arrecadado em torno de um milhão de libras (3,8 milhões de reais) graças à sua trajetória no torneio.
“Amanhecemos entre críticas, por isso falamos com Wayne, entendeu nossa posição e ele mesmo nos propôs sua renúncia a continuar no clube”, explica Doswell. No momento, todos estão sob investigação sobre se foram beneficiados para ganhar dinheiro graças a uma simples mordida em um pastel. “É uma pena que tudo acabe assim, que sejamos o centro das atenções por isto, e não pelo rendimento dos jogadores. Shaw é um homem encantador, mas isto escapou de seu controle”, conclui Doswell. O Sutton United se sente enganado porque o episódio se contrapõe ao espírito amador que presidiu sua epopeia em sua trajetória no campeonato.
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