Facebook será ‘ponte de solidariedade’ em casos de catástrofe ao redor do mundo
Rede social aperfeiçoa ferramenta de apoio em caso de tragédias, facilitando a formação de grupos de apoio a pessoas vulneráveis, e doações em dinheiro
Contar com mais de 1,8 bilhão de perfis conectados está servindo para algo mais do que vender anúncios ou organizar grandes festas. O Facebook dá mostras de sua maturidade como serviço online com o upgrade de uma de suas ferramentas mais bem-sucedidas, o Check-in de Segurança (ou Safety Check, em inglês).
Naomi Gleit, vice-presidente de projetos sem fins lucrativos do Facebook, explica como funciona e por que a empresa decidiu melhorar esse sistema que nasceu após o terremoto que resultou em um acidente na Central Nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011. “O recurso nasceu como uma iniciativa dos engenheiros da equipe que estavam naquele momento no Japão, mas a última vez que o ativamos foi em 15 de janeiro deste ano, quando um avião caiu no Quirguistão. Apesar de nossas boas intenções, às vezes o uso não deu os resultados esperados”, admitiu.
Para corrigir o problema, o Facebook fez um acordo com a NC4 e a iJET International, duas agências dedicadas à assistência em situações de calamidade internacional, para comprovar que os dados detectados na rede estão corretos. “Apesar de termos muitos sensores para saber o que está acontecendo, elas ajudam a comparar e verificar”, explicou. “Só então ativamos a ferramenta para que os usuários possam dizer que estão em segurança”.
A partir desse ponto é que começam as novidades, com a criação de uma equipe dedicada a dar seguimento aos alertas com o Community Help, uma fórmula que converte em um grupo comum os indivíduos atingidos, que tenham respondido que estão a salvo ou que precisem de ajuda para criar redes de solidariedade. Será como um novo grupo com uma afinidade em comum: a ajuda mútua. O Facebook servirá de meio de comunicação e facilitará as doações de dinheiro, abrigo e apoio psicológico, entre outras.
Outra novidade é que o grupo permanecerá ativo durante 60 dias. A partir daí, foi observado que a participação cai
Outra novidade é que esse grupo permanecerá ativo durante 60 dias. A partir daí, foi observado que a participação cai.
O Facebook está em uma batalha constante contra as informações enganosas em situações do gênero. Assim como tomou medidas contra as notícias falsas, a empresa pretende fazer o mesmo nos casos de calamidade para evitar abusos. “Sabemos, por exemplo, que se uma conta acaba de ser criada e começa a participar de algo tão especial, é muito provável que seja falsa”, revelou Preethi Chetan, designer do produto.
Em dezembro passado, durante um incêndio em um depósito que servia como coletivo artístico em Oakland, na Califórnia, ocorreu um fenômeno curioso. Muitos familiares e amigos das vítimas começaram a criar listas em planilhas em serviços fora do Facebook. “Isso não só gerou dispersão, como também dá margem à criação de informações falsas. Em algumas ocasiões, passa-se a ferramentas sem fins lucrativos que não estão pensadas para aguentar o tráfego gerado durante uma emergência. Também podemos ajudar nisso”, afirmou Chetan.
Em meados de 2014, uma ação social invadiu o Facebook: o desafio do balde de gelo. Na Espanha, por exemplo, a campanha conseguiu arrecadar mais de 120.000 euros (cerca de 400.000 reais) para a Associação contra a Esclerose Lateral Amiotrófica. Mas também ficou claro que há uma carência. “Muitas doações foram perdidas por irem para outro serviço. É importante que sejam executadas naquele momento”, reiteraram os representantes do Facebook.
Durante a sessão de apresentação das novidades, na última terça-feira, em San Francisco, os especialistas da rede social foram indagados se a ferramenta poderia dar margem a uma colaboração com o Airbnb, para citar uma empresa de tecnologia da região, com a finalidade de oferecer teto a desabrigados. Reconheceram que, apesar de soar como uma opção lógica, por enquanto o Facebook não tem acordos com nenhuma outra companhia.
As novas ferramentas estão sendo lançadas em alguns países de língua inglesa: Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Índia e Arábia Saudita. Será assim durante as primeiras duas semanas. A previsão é abri-las a mais idiomas à medida que sejam adaptadas e afinadas.
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