_
_
_
_

Selecionar o que você detesta é o mais divertido do Hater, o ‘Tinder do ódio’

Até agora não tem muita gente no app, mas isso é o de menos

Pablo Cantó

Alguns estudos buscam demonstrar que as pessoas desconhecidas se unem mais pelos sentimentos negativos que pelos positivos. O aplicativo Hater quer dar um uso prático a essa afinidade pelo ódio: conhecer gente. O app norte-americano, similar ao Tinder e em versão beta, foi publicado em 19 de janeiro e conecta pessoas que compartilham antipatias. Até agora há poucas uniões, mas o serviço conta com outros atrativos. Mais de 2.000 temas para extravasar escolhendo coisas que detestamos. Do muro de Donald Trump até a pronúncia de “GIF” (que em português não faz muito sentido, mas ok...).

Primeira impressão: isso é como entrar num bar vazio. Um bar norte-americano vazio

O sistema para conhecer gente do Hater parece muito com o do Tinder: é preciso se registrar – sempre via Facebook – e deslizar pelos perfis dos outros. Para a esquerda, se não gostamos; ou para a direita, em caso positivo. Quando duas pessoas se gostam, o aplicativo envia uma mensagem a ambas avisando sobre a grande notícia: “[Nome da pessoa] não te odeia!”.

Mas o aplicativo não tem o volume de usuários do Tinder. O primeiro passeio nele é como entrar num bar vazio: só aparecem alguns perfis (caso você procure mulheres; homens são mais numerosos) e os que aparecem estão incompletos ou a milhares de milhas de distância. Sim, milhas: o Hater foi pensado para um público norte-americano. Além de usar milhas, algumas perguntas para selecionar o que odiamos tratam de temas muito distantes. Jogadores da liga de futebol americano e hambúrgueres McDonald’s que não são vendidos no Brasil, por exemplo. Pior: está tudo em inglês.

O lado positivo: Raelynn é a única usuária que não me odeia. O negativo: ela está a quase 4.000 milhas [6.500 km] de distância.
O lado positivo: Raelynn é a única usuária que não me odeia. O negativo: ela está a quase 4.000 milhas [6.500 km] de distância.

Escolher o que você odeia é mais divertido do que escolher quem você não odeia

Embora alguns desses temas sejam muito norte-americanos, isso não é um problema: a aba dedicada a escolher do que o hater gosta ou não gosta conta com mais de 2.000 perguntas, e bem variadas. Vão de temas da atualidade, como Trump e o muro mexicano, até feminismo: alguns dos primeiros que aparecem tratam sobre manspreading (o hábito de muitos homens se sentarem no transporte coletivo com as pernas abertas) e aborto. Os temas que aparecem nessa seção podem se mover em quatro direções para indicar se o usuário odeia, adora, gosta ou não gosta de cada um deles.

Essa é a parte mais curiosa do app: não é apenas divertido escolher o que você odeia, mas também ver como os outros usuários votaram, numa espécie de experimento sociológico. Assim, podemos saber qual é a opinião que se tem num aplicativo predominantemente norte-americano sobre o sistema métrico, por exemplo.

38% dos usuários do Hater amam o sistema métrico decimal. Chupa, milha!
38% dos usuários do Hater amam o sistema métrico decimal. Chupa, milha!

E, também, por que essa parte do aplicativo atrai tanto: os usuários do Hater gostam muito dos testes de personalidade.

À medida que os usuários movem os temas, o aplicativo envia mensagens avisando que a seção de contatos foi atualizada. Primeira impressão errada: não é que o Hater seja um bar vazio; na verdade, é um bar que enche aos poucos.

Os usuários continuam sendo escassos, e os tempos de carga são longos. Mas, ao contrário do Tinder, o Hater continua sendo interessante se não houver gente ao seu redor. Ou – como no meu caso – se você não conseguir entrar em contato com ninguém a menos de 2.000 milhas de distância. Sempre existe a opção de escolher o que você odeia e o que não. E bisbilhotar para saber o que é que os outros usuários detestam. Você pode usar o app até mesmo se odeia conhecer gente.

O drama das primeiras horas no Hater: não encontrar ninguém ao seu redor para compartilhar ódios.
O drama das primeiras horas no Hater: não encontrar ninguém ao seu redor para compartilhar ódios.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_