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Federer se classifica para a sonhada final do Aberto da Austrália

Suíço se impõe contra o compatriota Wawrinka em um jogo de mais de três horas, numa vitória por 3 sets a 2

Alejandro Ciriza
Federer comemora a vitória na semifinal contra Wawrinka.
Federer comemora a vitória na semifinal contra Wawrinka.MADE NAGI (EFE)

Roger Federer fez a sua parte. Quer dizer, para aqueles que gostariam de uma final entre ele e Rafael Nadal, um retorno da gloriosa rivalidade do passado, já contam com a classificação do suíço para a final do próximo domingo em Melbourne. Federer, 35 anos, parou o tempo mais uma vez. Bateu Stan Wawrinka por 7-5, 6-3, 1-6, 4-6 e 6-3, em 3h04m, em um encontro claramente dividido em dois momentos. Wawrinka se propôs a fazer um jogo de pôquer, com blefes e falsas aparências, e teve também as suas chances, mas, no conjunto, Federer foi mais sólido e irá disputar agora o seu 18º título de Grande Slam, o quinto do Aberto da Austrália. Resta saber quem será seu adversário: Nadal, para completar o melhor cenário que se espera, ou Grigor Dimitrov, seu filho tenístico.

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Do ponto de vista estético, o encontro foi saboroso. No Dia Nacional da Austrália, reunir o backhand de Federer e o de Wawrinka é uma ótima maneira de embelezar a festa do país. Um mais suave, o outro mais incisivo. Ambos fabulosos, de todo modo. Nos dois primeiros sets, foi o primeiro que se impôs. Federer estava em um desses dias em que parece bailar no ar, sem pisar no chão, como Fred Astaire. Rápido no jogo de pernas e perfeito no voleio, encurralou Wawrinka, que custou a se recompor no jogo e que, no primeiro set falhou quando não devia, com três erros que resultaram em quebra de serviço e estimularam seu adversário.

Houve a sensação, por alguns instantes, de que Wawrinka jogava com uma cautela excessiva por causa do respeito reverencial que tem em relação a Federer. Os dois suíços são bons amigos e já compartilharam inúmeras experiências, e Wawrinka tem consciência daquilo que o seu compatriota representa em seu país e para o tênis. De alguma maneira, Stan sempre atuou à sombra de Federer, fizesse o que fizesse. E foi isso que aconteceu na primeira metade deste último confronto. O vencedor de 17 Grand Slams acentuou sua vantagem com uma quebra de serviço para 4-2 no segundo set. Wawrinka já tinha começado a se desconsertar e não recebeu bem o golpe. Apoiou a raquete no chão da quadra e depois a quebrou com o joelho.

De alguma maneira, esse comportamento negativo serviu para aliviá-lo. Do meio do público, alguém expressou sua preferência, totalmente alheia ao que ocorria em quadra. “Vamos, Rafa!”, ouviu-se, com um sotaque inglês. E isso acabou por tocar Stan a fundo, porque, enquanto a maioria torcia por uma final entre Nadal e Federer, ele queria se defender e exigir a sua cota de protagonismo. Stan merece respeito. Três títulos de Grand Slam, sendo o primeiro deles justamente em Melbourne, três anos atrás (2014), batendo exatamente Nadal. Merece realmente respeito esse homem imprevisível, que já se mostrou capaz de derrotar todo o Big Four: Federer, Nadal, Djokovic e Murray. Ele ainda, com certeza, oporia muita resistência.

Federer: 28ª final de Grand Slam, a sexta em Melbourne

Wawrinka e Federer cumprimentam-se depois do jogo desta quinta-feira, em Melbourne.
Wawrinka e Federer cumprimentam-se depois do jogo desta quinta-feira, em Melbourne.Scott Barbour (Getty)

Quando era maior a sensação de que ele já estava fora da partida, desligado e batido, passivo, com dois sets a menos e com uma bandagem no joelho direito, Wawrinka voltou à tona e respondeu à altura. Fez a sua primeira quebra depois de 98 minutos e ganhou o terceiro set em 26 minutos. Foi Federer, então, que teve uma baixa. Durante meia hora, foi totalmente controlado pelo amigo, como se estivesse cochilando, um pequeno passeio para respirar. Wawrinka o pressionou logo de cara com uma quebra de serviço no quarto game, mas Roger replicou imediatamente. A partir daí, só igualdade: 2-2, 3-3, 4-4... e aquele que muitos já davam como vencido, ou seja, Stan The Man, o tenista que joga sempre com uma carta na manga, promoveu uma virada. Break, set 2-2. Quem poderia imaginar isso um pouco antes, quando Federer dançava na quadra e seu adversário parecia deambular com sua camisa e seu nariz cor-de-rosa? Stan é assim.

O último troféu de Roger em Melbourne, onde perdeu só uma final, foi em 2010

Federer, raposa velha, saiu para o vestiário, e o jogo teve uma parada de nove minutos. Enquanto isso, Wawrinka se aquecia, para não perder o pique. Incerteza e um apenas um set pela frente para que se decidisse se a grande final desejada pelos mais românticos ficaria mais próxima, com apenas 50% de espera no caso de Nadal, ou se Stan daria um incremento a mais na mística e se colocaria na disputa pelo seu quarto Grand Slam. Pressão de todos os lados. Wawrika se mostrou superior na guerra de backhands, mas Federer compensava com a direita e subindo à rede. Os dois deram tudo o que podiam, mais uma vez, nenhum cedia (1-1, 2-2, 3-2...), até que Wawrinka deu um passo em falso, cometeu uma dupla-falta e entregou o sexto game.

Federer viu isso com clareza. O que não se pode dizer de sua mulher, Mirka, sempre angustiada e nervosa. 5-2, a um passo do objetivo final. 5-3 e Federer servia pela vitória e para satisfazer a torcida da Rod Laver, toda sua. Deu início, então, à sequência final: 30-0, a apenas dois pontos; 40-0, a apenas um suspiro; e, por fim, uma devolução longa demais de Wawrinka. A quadra central explode. Federer, 35 anos, seis meses longe das quadras, estará na final em seu centésimo jogo em Melbourne. Será a 28ª que ele disputará em um Grand Slam, a sexta na Austrália. Seu último troféu ali foi em 2010, e ele só perdeu uma, contra Nadal, em 2009. “Eu sou hoje provavelmente o fã número um de Rafa”, disse.

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