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Trump quer conhecer melhor a Venezuela e a América Central

Presidente eleito recebe especialistas latino-americanos na Trump Tower

Silvia Ayuso

Donald Trump deixou muita gente nervosa na América Latina com seu discurso contra os imigrantes, suas ameaças ao México e seu desejo de reverter a política de seu antecessor, Barack Obama, em relação a Cuba. Esses são, praticamente, os únicos países da região sobre os quais ele falou em público. Mas o presidente eleito, que dentro de uma semana começará a despachar da Casa Branca, quer conhecer melhor os seus vizinhos mais próximos. O republicano mostra interesse e preocupação, sobretudo, com a situação da Venezuela e do Triângulo Norte da América Central, segundo afirmaram especialistas latino-americanos que se reuniram com ele em seu escritório na Trump Tower, em Manhattan.

Especialistas latino-americanos reunidos com Donald Trump.
Especialistas latino-americanos reunidos com Donald Trump.STR
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O encontro, realizado na tarde da última quinta-feira, só foi confirmado na última hora. Mas finalmente Julio Ligorría, embaixador da Guatemala em Washington (2013-2015) e consultor internacional, pode subir até o escritório nova-iorquino do próximo presidente dos EUA para falar sobre a situação dos países centro-americanos, principal fonte de imigrantes que se dirigem à fronteira norte-americana, que Trump diz pretender fechar.

Do encontro, um dos poucos que Trump teve sobre questões latino-americanas, também participou o especialista em temas hispânicos Freddy Balsera, consultor democrata que prestou assessoria sobre o assunto à campanha de Barack Obama, mas que também já trabalhou para a empresa do agora presidente eleito republicano. Ele estava acompanhado de dois integrantes de sua área de comunicação, Carlos Giménez, que também foi assessor de Trump na Flórida, e David Duckenfield, que subsecretário-adjunto na era Obama.

Ligorría aproveitou a ocasião para expor a Trump os problemas dos países centro-americanos de onde partem os fluxos de imigrantes, muitos deles menores ~desacompanhados, que tem gerado uma crise na fronteira nos últimos anos do Governo Obama. Ele destacou também a necessidade de “melhorar as políticas públicas” para combater a corrupção e reforçar os sistemas judiciário, que, segundo sua avaliação, são a melhor receita para conter a emigração, como explicou em conversa com o EL PAÍS pelo telefone o embaixador guatemalteco.

O presidente eleito “conhecia a questão” da situação na América Central, o “volume” de migrantes e seus problemas, disse. A imagem que o diplomata guardou do próximo presidente dos EUA foi de alguém menos controvertido do que costuma aparecer publicamente. O Trump que recebeu esse grupo em seu escritório –ao qual, ao contrário deste caso, não teve acesso uma outra visitante nesta quinta-feira, a líder de extrema-direita francesa Marine Le Pen—era um homem “bastante tranquilo, receptivo, muito amigável e positivo”.

Trump estava “muito interessado em conversar”, segundo Ligorría. Dedicou-lhes, com efeito, 20 minutos, um tempo considerado longo para quem está prestes a assumir o comando da maior potência do planeta e de quem dezenas de pessoas buscam um minuto de atenção todos os dias.

Ocorre que, além dos problemas centro-americanos e dos fluxos migratórios, Trump tinha um outro interesse: “Queria saber da Venezuela”, revela Ligorría.

“Ele estava bastante interessado em conhecer a nossa opinião sobre o que está acontecendo, o que irá acontecer e o que ainda deve acontecer” nesse país sul-americano, complementa Freddy Balsera. Especificamente, Trump “enfatizou a necessidade de saber em que condições se encontra” o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e o líder oposicionista Leopoldo López, dois dos presos políticos mais conhecidos da Venezuela.

“Chamou-me a atenção o quanto ele foi direto ao nos pedir uma opinião sobre como está a situação concreta ali e também para verificar como estão Ledezma e López”, disse Balsera, que destacou também o interesse demonstrado por Trump pela Argentina no momento em que este país volta a procurar uma aproximação com os EUA.

Por um acordo tácito, não se abordaram as questões mais polêmicas da relação de Trump com a região, como a do muro na fronteira com o México, estando todos conscientes, segundo explicaram, que esse é um assunto que o presidente eleito encaminha por conta própria. Uma estratégia com a qual Balsera concorda, embora não compartilhe a posição do presidente eleito nessa e em outras questões.

“Agora que ele é o nosso presidente, me parece muito importante buscarmos uma maneira de trabalhar, de cooperar com ele, de ter a nossa voz representada nas conversas que se realizam sobre os hispânicos aqui e sobre a América Latina”, enfatizou. “Se quisermos influenciar suas ideias e sua política, é preciso ter algum tipo de interação com o senhor Trump”.

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