O mistério de James Rodríguez

Em dezembro, colombiano disse ter ofertas para sair do Real, mas clube não recebeu nenhuma Zidane, que nesta quarta-feira completa um ano no comando, afirma que o jogador ficará

Cristiano Ronaldo e Fábio Coentrão brincam com James no treino da terça-feira.
Cristiano Ronaldo e Fábio Coentrão brincam com James no treino da terça-feira.Chema Moya (EFE)

Agora sim, agora não, agora estou pensando, agora fico, agora não, agora estou estudando ofertas. Agora decido eu, agora decide o meu pai. A história de James no Real Madrid está se tornando um mistério como aquele que tem em mente quem brinca de bem-me-quer, mal-me-quer com uma margarida. O capítulo mais recente — e ainda resta meia temporada — começou em Yokohama, depois que o Madrid venceu o Mundial de Clubes. O jogador colombiano, que disputou 20 minutos na semifinal e assistiu à final do banco, desabafou com a imprensa na zona mista. Normalmente, nenhum jogador que não tenha entrado em campo fica para falar com os jornalistas, mas James decidiu que tinha algo a dizer.

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“Não posso garantir que vou continuar. Tenho ofertas e tenho sete dias para pensar. Estou feliz em Madri, mas quero jogar mais. Tenho uma ponta de amargura por não ter jogado na final, mas estou feliz com o título”, afirmou. Sergio Ramos o repreendeu fazendo-o perceber que aquele não era o momento de falar de assuntos pessoais. “Foi um momento um pouco complicado. Você não joga a final, está irritado... Entendo que às vezes é difícil. Mas é complicado para todos. Isso já faz parte do passado. O que queremos é olhar para o que temos adiante e o que temos que fazer juntos”, disse, em tom conciliador, Zidane, na terça-feira.

Em 27 de dezembro, quando a equipe retomou os treinos, o técnico recebeu o colombiano com um abraço, segundo as imagens divulgadas pela assessoria de imprensa do clube. “A que conclusões chegou James depois de ter pensado durante sete dias?”, perguntaram ao técnico. “Que é um jogador do Real Madrid e que quer estar aqui porque é o melhor time do mundo. Não é preciso mais falar desse assunto. Vamos continuar trabalhando que isso, sim, é importante”, respondeu Zidane. O francês, que nesta quarta-feira cumpre um ano no comando do Real, tem repetido desde o início da temporada que James não irá embora porque ele não quer e porque terminará precisando de todos, o que significa que o colombiano também terá seu momento.

“Fé e minutos”

A polêmica parecia ter terminado, entre outros motivos porque Zidane nunca se mostrou inclinado a ela. Os puxões de orelha ele sempre dá privadamente. Em público, quando muito, insistiu na necessidade de trabalhar. Pouco depois das palavras do técnico, o diário AS recolhia declarações do pai do jogador, Wilson Rodríguez. “Na época do Ancelotti, meu filho jogava bem, jogava em sua posição ideal, assistindo o Modric. Agora está na lateral e não digo que não jogue bem, porque conheço meu filho — é trabalhador e humilde, e sei que jogará na posição que o treinador mandar, e o fará bem ainda que não seja sua posição ideal. Está onde tem que estar. Seu sonho era jogar no Real. Só precisa ter fé e que lhe deem mais minutos”, declarou.

Com sua política de rotações, Zidane deu minutos a todos os jogadores nestes primeiros cinco meses de temporada. James (859 minutos, dois gols e nove assistências) teve menos tempo de jogo do que todos seus companheiros: Lucas Vázquez, Isco e até Asensio. Com a ausência de Lucas por lesão, James entra em campo nesta quarta-feira contra o Sevilha por um lugar de titular com Isco e Asensio.

No Japão, afirmou ter recebido ofertas, mas o clube nega. Nos escritórios da equipe não chegaram ofertas formais. Além disso, ali eles sabem que, se o vendem, o farão por cifras que nem todas as equipes podem pagar (James custou cerca de 80 milhões de euros). O mercado fecha em 31 de janeiro. Zidane não quer que James vá embora. Restam 27 dias para ver o que a margarida vai dizer.

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