16 estrelas do pop que tentaram emplacar uma canção de Natal e falharam
Sentiam-se tão poderosos que achavam que tudo podiam. Só que não. Aconteceu com Shakira, Queen, Spice Girls, Arcade Fire, Julio Iglesias...
Para as estrelas do pop o Natal é como estas docerias no caminho de casa, depois do trabalho. É olhar para a vitrine que o estômago começa a rugir, e é preciso entrar para comprar alguma coisa. O mesmo se dá com os cantores populares. Tanto faz qual seu estilo, porque sempre é possível gravar uma canção natalina. Claro. E com isso podem mostrar que são tão bons que podem encarar qualquer estilo. E não só isso: podem se dar bem.
Tentador demais para resistir. No entanto, as tais canções de Natal são águas perigosas. Basta cruzar uma linha (sentimentalismo demais, versões anteriores insuperáveis) para ser pego em cheio pelo fracasso.
Foi o que aconteceu com estas estrelas: sentiram-se capazes de cantar uma música natalina e descarrilaram, pela baixa qualidade ou pelo pífio resultado nas vendas.
- Spice Girls, 'Christmas wrapping' (2008)
Ouvidos os primeiros segundos, lá está: um grupo desentrosado e uma interpretação de rotina. É isso. As Spice Girls lançaram essa canção sem graça em seu retorno, em 2008, depois de arrasar dez anos antes. Nem mesmo o ritmo festivo salva a música de natal mais caída da história. Ou uma das mais.
- Queen, 'Thank God It’s Christmas' (1984)
Não dá para acertar sempre, Freddie. Movido por seu talento para criar músicas que viram hinos, o Queen pretendeu em meados dos anos 1980 deixar para a posteridade uma canção natalina que, claro, fosse cantada por todo mundo na Times Square e nas reuniões de família. Mas dessa vez não conseguiram. A canção chegou só ao número 21 da lista de vendas no Reino Unido. E isso, para o grupo de Freddie Mercury e Brian May, acostumado a chegar sempre ao topo, foi um rotundo fracasso.
- Boney M., 'Little drummer boy' (1981)
Quando tudo se desequilibra, agarre uma árvore de Natal. Estava nessas Boney M. em 1981, quando a febre da música disco começava a esfriar para dar lugar aos taciturnos anos 1980. O que fazer? Que tal tentar canções natalinas? Lançaram um álbum inteiro, Christmas Album. Não adiantou muito. Exceto em países sempre imprevisíveis (na Espanha vendeu bem uma reedição de 1983: é claro que por lá sempre se chega tarde... mas em segurança), o disco não decolou. Este pequeno tamborileiro brilha um pouco graças à voz de Liz Mitchell, mas o grupo está tão descuidado que dá dó escutá-lo.
- Paul Di’Anno (primeiro vocalista do Iron Maiden), 'Another rock and roll Christmas' (1992)
É chocante ouvir o bravo primeiro vocalista do Iron Maiden fazendo uma canção de natal. Sem se atrever a compor o seu, recorre a este do titã do glam, Gary Glitter. Claramente Paul Di’Anno está atordoado, pensando “como diabos me meti nesta embrulhada”. É melhor a brincalhona interpretação de Glitter.
- Pearl Jam, 'Let me sleep (Christmas time)' (1991)
Nem tudo deveria valer para grupos do feitio de Pearl Jam. É louvável a tradição que mantém desde 1991 de premiar os membros de seu Ten Club com singles exclusivos na época do Natal. Tudo bem serem raridades ou versões, e em 1991 a banda não era importante como agora, em que acaba de entrar no Rock and Roll Hall of Fame. Mas isto é pouco mais que um projeto de canção, em que o mais interessante é a letra cética e incrédula diante de tanta celebração.
- Juanes, 'Mi burrito sabanero' (2008)
Como se a melíflua El burrito sabanero não tivesse feito suficiente mal desde se popularizar em 1975, em 2008 Juanes teve a grande ideia de nos dar uma reinterpretação totalmente inconsequente e que só se mostra mais fraca e pueril que todas as anteriores. Sabemos que o colombiano tem um lado roqueiro e que os roqueiros também têm seu coraçãozinho, mas não há como um adulto cantar isto sem ficar risível: "Tuqui tuqui tuqui tuqui, tuqui tuqui tuqui ta, corre meu burrinho que já vamos chegar".
- La Oreja de Van Gogh, 'La luz nace en ti' (2011)
Uma letra intoleravelmente enjoativa, à altura das expectativas, para esta canção natalina lançada em 2011 pelo La Oreja de Van Gogh. Tão doces que provocam calafrios. Só o que se salva nesta canção de Natal é que ela é cantada por Leire Martínez, e não Amaia Montero: “Brilha no meu peito a luz que liga seus olhos ao meu coração, reluz a centelha da criança que esquece e perdoa sem rancor”.
- Arcade Fire, 'The Christmas song' (2001)
Convenhamos que há certa graça ouvir Win Butler, vocalista e líder do Arcade Fire, desafinando como um possesso sem dar a mínima. Porque este tema, junto com outros três, foi gravado em sua festa de Natal de 2001 e lançado como presente para os fãs um ano depois. Mas na verdade é um desastre improvisado que deveria ter ficado na privacidade da banda canadense. Acima de tudo porque não esclarecem quantos gatos foram maltratados durante sua gravação... ou por acaso quem canta é Win?
- Lady Gaga, 'White Christmas' (2011)
Lady Gaga sempre quis ser uma diva do jazz de outra época. Embora tenha entrado em nossas vidas arrasando com torrenciais hinos pop, seu desejo de vida ia por outro caminho, como já demonstrado em sua fecunda aliança com Tony Bennett. Antes de se ligar ao experiente crooner, deu alguns passos erráticos, como esta reinterpretação do standard natalino White Christmas, que, mesmo durando somente dois minutos, mostra-se longo.
- Christina Aguilera, 'Oh, holy night' (2015)
A afetação excessiva é um denominador comum na hora de interpretar canções natalinas que querem a todo custo atrair o ouvinte pela via sentimental. Por isso, ouvidas a uma distância conveniente, revelam-se mais frias que emotivas. Os trinados de Christina, acompanhados pelo devido coro gospel e pelo piano frenético, já ouvimos um milhão de vezes, não?
- T Rex, 'Christmas bop' (1975)
Repetitiva a ponto de matar, Marc Bolan parece estar empenhado em tornar uma piada de início bagunceira num pesadelo insuportável. A reconhecível guitarra de T Rex parece presa numa tentativa glam-funky-rock que tem como melhor coisa o coro bacana cantando ‘T-Rexmaaaaas’ sem parar. Mas até essas vozes agudas chiam tanto que acabam sendo o tiro de misericórdia no esforçado ouvinte, que nunca vai se recuperar dos quatro minutos dedicados a este disparate.
- Julio Iglesias, 'En un burrito orejón' (1968)
Acaba sendo perturbador este repentino espírito natalino e jovial de Julio Iglesias, muito distante do tom romântico-melódico-varonil que o tornou um mito. O apressado ritmo pop transforma esta canção numa obra ingênua e inofensiva que cairia bem em filmes de descoberta, mas não tanto para cantar com a família no Natal.
- Coldplay, 'Have yourself a merry little Christmas' (2001)
Chris Martin tentando ser Paul McCartney. Porque a canção é assinada pelo Coldplay, mas há só seu cantor e seu piano. Exatamente o que o inglês faz com o piano é o melhor da obra. McCartney consegue fazer de canções açucaradas peças memoráveis; Chris Martin consegue fazer de canções açucaradas canções açucaradas.
- Shakira, 'Santa baby' (2009)
Temos aqui a Shakira pré-Pique. Faltava um ano para que a cantora e o jogador de futebol se encontrassem, tivessem filhos e passassem um Natal mais familiar do que o sugerido por esta canção natalina picante. Santa baby, composta em 1953, é a música de Natal cantada pelas garotas levadas, desde Marilyn Monroe até as modelos da Victoria’s Secret. A letra é dirigida a Santa Claus. Pede muitos presentes porque se comportou bem: “Pense, Papai Noel, em toda a diversão que perdi e em todos os garotos que não beijei para que me traga toda a lista de presentes”. É preciso ser Marilyn Monroe para sair com dignidade desta canção. E Shakira não é Marilyn.
- New Kids On The Block, 'Funky funky Christmas' (1989)
Delirando por viver na nuvem do sucesso (em 1989 estes garotos arrasavam), o New Kids On The Block resolveu lançar um álbum inteiro natalino. E deve estar em alguma estante este disco intitulado Merry, Merry Christmas. Resgatamos a delirante Funky funky Christmas, que começa com a onomatopeia preferida do Papai Noel: “Ho, ho, ho”. É praticamente o melhor da canção. Levando em conta o resultado, é surpreendente que tenha atingido o número 9 em vendas nos EUA. A sensação do momento, sem dúvida. Hoje não venderia cópias nem para os parentes dos músicos.
- Luis Miguel, 'Santa Claus llegó a la ciudad' (2006)
“Santa Clos”, pronuncia o mexicano Luis Miguel. Ele deve saber por quê. Em 2006 Luis Miguel estava no topo (nada a ver com o 2016 ruim que teve), e quando se olha lá de cima parece que tudo é possível. Um disco de Natal? Que venha, e com todo o luxo. Orquestra, diretores musicais, arranjadores... Apesar do ritmo swing e do esforço para trazer para o castelhano este Santa Claus is coming to town, em nenhum momento a canção engana o ouvinte.
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