_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Respiro austríaco

Repúdio ao populismo em um ano de vitórias antieuropeístas

Alexander Van der Bellen será o presidente da Áustria.
Alexander Van der Bellen será o presidente da Áustria.LEONHARD FOEGER (REUTERS)

A vitória do progressista Alexander Van der Bellen sobre o candidato de extrema direita, Norbert Hofer, nas eleições presidenciais austríacas de domingo, significa um respiro, mas ao mesmo tempo um sério sinal de atenção a toda Europa do qual é conveniente retirar algumas valiosas lições.

Mais informações
A ascensão da ultradireita: os austríacos em primeiro lugar
Alemanha restabelece controles na fronteira com a Áustria

Não importa que a presidência da Áustria — país regido por um sistema parlamentar — seja um cargo de importância política muito menor do que a de repúblicas presidencialistas como a França e os Estados Unidos. Na atual situação de convulsão político-institucional que a Europa atravessa, as eleições nacionais e os diferentes referendos — sem ir mais longe o que os italianos também realizaram no domingo — se transformaram em uma espécie de grande consulta europeia por etapas sobre a confiança da população para seguir adiante com o projeto comum que, sob as premissas de tolerância, integração e colaboração com os demais membros, demonstrou seu sucesso desde o final da Segunda Guerra Mundial, mas agora se vê questionado por um discurso populista efetivo.

Em um ano infeliz no qual a vitória da demagogia do Brexit deu força em todo o continente aos discursos extremistas e xenófobos, a decisão dos austríacos de eleger Van der Bellen, mas principalmente a de não eleger Hofer, é uma excelente notícia a toda a Europa e o que ela representa.

Não se pode ignorar que foi o esgotamento das duas formações políticas tradicionais — a conservadora e a socialdemocrata — e sua incapacidade para, governando em coalizão, atender as preocupações da população, que fez com que a liderança do Estado fosse disputada por um candidato independente com passado ecologista e o líder de um partido de extrema direita elogiado publicamente tanto pela Frente Nacional francesa como a xenófoba Alternativa para a Alemanha. Não se trata da ascensão dos novos projetos somente por sua própria força de convicção, e sim mais pelo desencanto produzido por aqueles nos quais as pessoas depositaram sua confiança, mas não compreendem que é necessária uma nova linguagem e uma nova maneira de realizar as coisas. Algo que foi entendido pelos pais fundadores da Europa.

Além do fato incomum da repetição das eleições austríacas — por uma questão formal, para não dizer por fraude — nas quais em sua primeira versão realizada em maio a ultradireita só foi derrotada por uma minúscula margem de 31.000 votos, convém ressaltar que o eleitorado se mobilizou diante da possibilidade real de que um candidato da extrema direita acabasse na presidência de um país com uma traumática experiência histórica. Ou seja, que é preciso defender a democracia e seus projetos na urna e não ficando em casa. O costume à liberdade tem alguns perigos e um deles é acreditar que está garantida. Votar é uma das maiores expressões dessa liberdade e não um aborrecimento. E os austríacos entenderam isso perfeitamente votando no candidato que melhor representa seus valores democráticos e europeístas.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_