Negociação incerta
As conversações entre Maduro e a oposição venezuelana não podem ser usadas pelo chavismo para atrasar a libertação de presos e o referendo revogatório
A abertura de negociações entre a oposição venezuelana e o presidente, Nicolás Maduro, mediadas pelo Vaticano para tentar desbloquear a perigosa situação institucional e econômica pela qual atravessa o país sul-americano é, sem dúvida, uma notícia muito boa. E, nesse sentido, temos de louvar o gesto de boa vontade da oposição de adiar aquela que certamente seria uma grande marcha prevista para hoje, em Caracas, contra o regime chavista e o adiamento, por parte da Assembleia Nacional, da discussão sobre o julgamento político contra Maduro.
No entanto, seria imprudente e ingênuo comemorar efusivamente e interpretar esse freio momentâneo no aumento da tensão como um sinal de que o problema está encaminhado. Ao contrário. Há um risco de que o chavismo utilize essas conversações como uma tática dilatória que lhe permita ganhar tempo no poder, apesar da erosão irreversível da popularidade que sofre. Além disso, devemos ter muito claro que os presos políticos não são cartas intercambiáveis numa negociação: a libertação de todos eles, não de um punhado, bem como o respeito pelos direitos humanos, não é uma concessão que o regime pode administrar para sua conveniência, mas uma exigência da oposição absolutamente legítima, irrenunciável e prévia a qualquer passo que se dê.
O mesmo se aplica sobre o respeito à lei a que estão obrigados Maduro e os seus. Esse respeito passa necessariamente pelo devido reconhecimento à Assembleia Nacional e por permitir a realização do referendo revogatório.
Os democratas o são porque respeitam a pluralidade e a dissidência, por isso é bom — e inevitável — que existam diferentes pontos de vista sobre como restaurar a democracia na Venezuela. É a falta de vontade do chavismo, e não as diferenças entre os partidos da oposição, que constitui o principal problema.
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