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Por que muitos ainda acreditam que Amanda Knox é uma assassina?

Nove anos depois, um documentário da Netflix constata que o escabroso caso ainda semeia muitas dúvidas

Amanda Knox comparece ao julgamento em setembro de 2011.Vídeo: Cordon / NETFLIX

Chegou em casa cansada depois da festa de Halloween. Tinha se vestido de vampira. Meredith Kercher, uma estudante britânica de 21 anos, foi para seu quarto e ficou à vontade. Não havia ninguém mais. Suas colegas de apartamento tinham saído. De madrugada, alguém entrou no quarto. Talvez tenham sido várias pessoas. Meredith foi violentada e recebeu 46 facadas. Uma delas, mortal, na garganta. Depois, tamparam seu corpo com um edredom. Era a noite de 1 para 2 de novembro de 2007. E o que se passou nesse quarto de Perúgia (Itália) continua sendo, ainda hoje, um mistério. Quem esteve com ela? Quantos estiveram com ela?

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Um documentário da Netflix, Amanda Knox, lançado recentemente e dirigido por Rod Blackhurst e Brian McGinn, retoma esse caso a partir do papel da principal acusada: a norte-americana Amanda Knox, colega de apartamento da vítima. E condenada a 26 anos de prisão, bem como seu então namorado, Raffaele Sollecito, e Rudy Guede, um pequeno traficante da Costa do Marfim. Depois de quatro anos na prisão, o casal foi absolvido por falta de evidências biológicas claras. Mas Rudy, não. Continua entre as grades e clamando inocência. Um dos amigos da assassinada, Meredith, que pede para não ser identificado, explica a ICON que neste momento a família deseja paz e continua tentando recuperar-se dessa tragédia “sem nome”. “O sistema judicial italiano fracassou com Meredith”, conclui.

Em todo esse tempo, Amanda Knox e seu namorado, Raffaele Sollecito, não deixaram de ser suspeitos. Uma conduta que a própria Knox potencializou ao longo de todo o processo judicial: altiva e sorridente, ela se comportou durante muitos momentos da investigação como se aquilo não fosse com ela. E pior: como se soubesse muito mais do que dizia. Nove anos depois, seus olhos –de um azul gélido– continuam levantando todo tipo de conjecturas. O documentário, na realidade, joga com essa ambiguidade. Às vezes ela se desequilibra e chora como uma menina; em outras, olha para a câmera com esse profundo –e inquietante– olhar. E assume, abertamente, que por trás dessa cara de anjo pode ter havido – ou ainda há– outro lado, terrível. Como ela mesma declara no filme: “Ou sou uma psicopata em pele de cordeiro, ou sou como você”.

Um dos amigos da assassinada, Meredith, que pede não ser identificado, explica a ICON: “O sistema judicial italiano falhou a Meredith”

Não esperem, porém, uma resposta a essa pergunta. O documentário não esclarece quem ou que pessoas mataram Kercher. Simplesmente apresenta os diferentes protagonistas do que, na época, foi qualificado como “o julgamento da década”, para regozijo dos tabloides sensacionalistas. A história, de cara, define: um suposto crime sexual cometido por uma garota bonita, de família rica (Amanda Knox), com drogas no meio. Chegou-se a falar até mesmo de um ritual satânico. As rotativas salivavam tinta com a história da pobre Meredith e Amanda. Unidas, fatalmente, pelo programa Erasmus.

Meredith Kercher era uma estudante britânica de pais operários que chegou em agosto de 2007 à bela e tranquila cidade de Perúgia (166.667 habitantes). Estudava Ciência Política e vinha de Leeds, uma das regiões com mais comércio e lojas no norte da Inglaterra. Na capital da Úmbria ela alugou um apartamento de quatro quartos no número 7 da via della Pergola, o mais bucólico, com vista para um pequeno vale.

Raffaele Sollecito, que era namorado de Amanda quando ocorreu o assassinato, esteve em 2015 no programa italiano ‘Porta a Porta’ para falar do caso. Ele também foi preso.
Raffaele Sollecito, que era namorado de Amanda quando ocorreu o assassinato, esteve em 2015 no programa italiano ‘Porta a Porta’ para falar do caso. Ele também foi preso.Cordon

A convivência com as outras moças do apartamento era boa. Duas delas eram italianas e a outra, Amanda Knox, de 20 anos, norte-americana. A relação entre Amanda e Meredith começou a se deteriorar com o passar das semanas. Meredith, mais recatada, a reprovava por levar desconhecidos para casa. Pelo barulho, acima de tudo. E também lhe jogava na cara a desordem dela. Amanda tinha vindo pelo programa Erasmus de Seattle, uma das cidades mais abastadas dos EUA. Estudava italiano, alemão e escrita criativa na Universidade para Estrangeiros de Perúgia. E trabalhava como garçonete em um dos bares da moda: Le Chic.

Uma semana antes do terrível crime, Amanda conheceu um rapaz italiano de 23 anos em um recital de peças de Schubert. Chamava-se Raffaele Sollecito e estudava engenharia informática. A atração –ambos concordam nesse ponto no documentário– foi instantânea. Para ela, o ar de Harry Potter italiano que ele tinha a deixava louca. E para ele, muito mais tímido e retraído, o descaramento dela o fascinava. Raffaele morava sozinho. Assim, Amanda não teve dúvidas em se mudar para o apartamento dele. Nesses cinco dias em que estiveram juntos, mal saíram da cama. Às vezes, para preparar outro baseado ou, no caso dela, para ir trabalhar. Na noite de Halloween, o Le Chic estava muito agitado. Tanto que no dia seguinte houve poucos clientes. Na noite de 1 de novembro, Amanda recebeu um SMS do chefe, o congolês Patrick Lumumba: não era preciso ir trabalhar. Apenas algumas horas depois, sua colega de apartamento, Meredith, seria brutalmente assassinada. E esse é o ponto onde começa a parte nebulosa deste caso.

Um dos amigos da assassinada, Meredith, que pede para não ser identificado, explica a ICON: “O sistema judicial italiano fracassou com Meredith”

Segundo a primeira versão dada por Amanda à polícia, o casal não se separou durante toda a noite. Viram o filme Amélie, fumaram mais alguns baseados e foram para a cama. No dia seguinte, Amanda voltou a sua casa para tomar banho e trocar de roupa. A porta de entrada estava entreaberta. E no banheiro havia gotas de sangue. Mas pensou que alguém se tivesse cortado e não deu maior importância a isso. Ao sair do chuveiro, Knox se deu conta, aí sim, de algo que a fez tremer: alguém tinha defecado na privada e não havia dado a descarga. Uma distração que não era habitual na casa. Pensou que, talvez, houvesse mais alguém dentro e foi buscar o namorado. Ao voltar, perceberam que uma das janelas estava quebrada. E o quarto de Meredith, fechado. “Meredith, Meredith!”. Mas ela não respondia. Chamaram a polícia. Ao arrombar a porta do quarto, os agentes se depararam com uma carnificina. Havia sangue salpicado por todas as partes. E um pé sobressaindo debaixo de um edredom ensanguentado. Tudo isso, segundo a versão de Amanda Knox.

O promotor que acabaria assumindo aquele caso, o italiano Giuliano Mignini, chegou ao local depois de algumas horas. Fã das histórias de Sherlock Holmes, conta no documentário que desde o primeiro momento soube que aquilo não tinha sido um roubo. Não faltavam objetos de valor. Além disso, o assassino –ou assassinos– tinha tampado o corpo seminu e degolado da vítima: “Quando a assassina é uma mulher, tende a cobrir o corpo de uma vítima mulher. Isso nunca ocorreria a um homem”. Aquilo, por si só, não incriminava Amanda. Mas seu comportamento nas horas seguintes chamou a atenção: sua colega de apartamento tinha sido selvagemente assassinada e ela estava beijando o namorado e fazendo-lhe carícias diante da cena do crime. Talvez por isso tenha sido chamada dois dias depois –ela, e não alguma das duas moças italianas que também dividiam o apartamento com Meredith– para que dissesse se faltava alguma faca na cozinha. Sua resposta foi tampar os ouvidos e começar a gritar. Aquela foi a primeira vez que se começou a suspeitar de Amanda Knox.

À esquerda, Rudy Guede, acusado da morte de Meredith Kercher, em julgamento realizado em Perúgia em 2008. É o único preso pelo homicídio. À direita, uma foto de Meredith Kercher, a garota assassinada.
À esquerda, Rudy Guede, acusado da morte de Meredith Kercher, em julgamento realizado em Perúgia em 2008. É o único preso pelo homicídio. À direita, uma foto de Meredith Kercher, a garota assassinada.

Os agentes se deram conta também de que o mais fraco do casal era Raffaele Sollecito, o namorado de Amanda. Foi chamado a depor. E depois de um interrogatório muito insistente e agressivo, nas palavras de Raffaele, ele mudou sua versão. Até então vinha mantendo que na noite em que assassinaram Meredith, Amanda e ele estiveram na casa dele o tempo todo. Mas em um dado momento Sollecito confessou: “Até agora só contei mentiras porque foi o que ela me pediu. A verdade é que naquela noite estive em casa. Amanda não estava comigo e não voltou até uma hora”.

Um suposto crime sexual cometido por uma garota bonita de família rica (Amanda Knox) com drogas e ritual satânico incluídos. Meredith e Amanda, unidas, fatalmente, por um programa Erasmus

Knox estava do lado de fora, esperando, relaxada. Quando chegou sua vez –e a polícia lhe disse que Raffaele a havia traído–, sua postura mudou. “Estava com ele, estava com ele. Não tinha que trabalhar nessa noite”, se defendeu. E lhes mostrou a mensagem que havia mandado a seu chefe, Patrick Lumumba, como resposta à dele: “Certo. Ci vediamo piu tardi. Buona serata”. Esse “ci vediamo piu tardi” [nos vemos mais tarde] aumentou ainda mais as suspeitas. “Isso foi porque você tinha um encontro com alguém, isso porque você ficou com ele e se esqueceu por causa do trauma da situação”, cutucou a polícia, no interrogatório de Amanda.

No documentário da Netflix, Amanda sustenta que sofreu maus-tratos e que, por isso, e porque também estava estressada e com medo, acusou seu chefe de ser o assassino de Meredith. “Veio-me à mente a porta da minha casa aberta, Patrick com seu paletó de couro marrom e Meredith gritando. E pensei que isso significava que eu estava recordando que ele a havia matado.” Isto não evitou, porém, que os dois fossem detidos com Lumumba e presos: eles, como cúmplices. Mas, depois de três semanas, ficou comprovado que seu chefe tinha álibi e que aquela acusação era, portanto, falsa. E ele saiu da prisão. “A maneira de raciocinar de Amanda era estranhíssima: alternava o sonho e a realidade”, recorda Giuliano Mignini, o promotor do caso. Enquanto isso, a até então tranquila e idílica Perúgia tentava seguir com sua vida. Algo quase impossível com esse turbilhão de câmeras e jornalistas. Alguns deles, como Nick Pisa, do Daily Mail –hoje no The Sun–, desfrutaram muitíssimo daquele acontecimento. Como ele mesmo reconhece entre gargalhadas: “Foi um assassinato horrível: degolada, meio nua, sangue por toda parte. O que mais se pode pedir em uma história? A única coisa que falta, talvez, seja a família real ou o Papa”.

À esquerda, Amanda Knox durante um dos julgamentos pelo assassinato de Meredith Kerche em 2011, à direita, uma imagem atual numa entrevista concedida à TV.
À esquerda, Amanda Knox durante um dos julgamentos pelo assassinato de Meredith Kerche em 2011, à direita, uma imagem atual numa entrevista concedida à TV.Cordon

O que faltava à polícia era a arma do crime. Buscava-se uma faca suficientemente grande para se encaixar nas características do assassinato. E foi encontrada na casa de Raffaele. Aquela faca com uma lâmina de cerca de 15 centímetros tinha o DNA de Amanda no cabo. E o DNA de Meredith na ponta. Tudo começava a se encaixar. Porque depois também foram encontrados vestígios de DNA de Sollecito no fecho quebrado do sutiã que a vítima usava quando foi assassinada. “Agora não há nenhuma esperança para aqueles dois”, resumiram os agentes. Mas ainda faltava um terceiro envolvido.

A autópsia confirmou que Meredith tinha sido estuprada. Em seu corpo foi encontrado o DNA de Rudy Guede, um pequeno traficante de 21 anos, originário da Costa do Marfim, cujos rastros também foram encontrados no quarto. E que, casualmente, tinha fugido desde o dia do crime. Foi localizado na Alemanha e extraditado para a Itália. Segundo disse, tinha conhecido “a garota assassinada”, um dia antes do crime. “No dia seguinte, fui à casa dela, mas não fizemos nada porque nenhum dos dois tinha preservativos. Então eu fui para o banheiro. Depois, eu a ouvi gritar e saí correndo. Vi um cara. Não vi bem o rosto dele porque estava escuro. Ele saiu correndo pela porta da frente. Vi Meredith, que estava sangrando: tinha um corte na garganta”.

Seu comportamento nas horas seguintes chamou a atenção: a garota com quem dividia o apartamento havia sido selvagemente assassinada e ela estava beijando e acariciando seu namorado diante da cena do crime

Guede conhecia Knox e Sollecito porque os via no bairro e conversava de vez em quando. Mas não os incriminou. Insistiu que não tinha podido ver o rosto do assassino. No dia do seu julgamento, separado daquele que seria realizado contra o casal, enxergou, no entanto, mais claro: “Através da janela vi como se afastava ao longe a silhueta de Amanda Knox”. Rudy Guede foi condenado a 30 anos de prisão por sua participação no assassinato. O “julgamento da década” foi realizado um ano e meio depois do crime. O que tinha acontecido naquele quarto? O júri, formado por dois juízes e seis cidadãos, considerou válida a reconstrução dos promotores Giuliano Mignini e Manuela Comodi. E foi esta que se segue. Na noite em questão, os três condenados chegaram juntos à casa da via della Pergola. “Knox, Sollecito e Guede, sob o efeito de drogas e talvez de álcool, decidiram levar a cabo o projeto de envolver Meredith em um forte jogo sexual”. Mas ela resistiu e Guede a estuprou enquanto Amanda e Raffaele a seguravam. Depois a esfaquearam até que Knox, fora de si, deu a facada mortal na garganta para se “vingar” daquela “jovem afetada, séria e bem comportada demais para o seu gosto”.

Amanda e seu namorado foram condenados a mais de 20 anos de prisão cada um. Dois anos depois, o caso foi reaberto e o casal foi absolvido porque a investigação da polícia científica italiana havia deixado a desejar

Em 2009, Amanda e seu namorado foram condenados a 26 e 25 anos, respectivamente. Caso encerrado. Mas não. Porque em 2011 –depois de ter recorrido–o casal foi absolvido, basicamente porque a investigação da polícia científica italiana tinha sido muito malfeita: não foram respeitados os protocolos internacionais de coleta e processamento das provas. Na faca havia, de fato, DNA de Knox. Mas a quantidade do suposto DNA encontrado na lâmina “era demasiado escassa para chegar a conclusões definitivas”, explicaram os professores Stefano Conti e Carla Vecchiotti, também presentes no documentário. Além disso, a análise do sutiã de Meredith apontou que o DNA de Sollecito encontrado tampouco era conclusivo. Conti e Vecchiotti indicaram que as técnicas de coleta e processamento usadas pela polícia não permitiam descartar uma contaminação da prova. Juntamente com as de Sollecito, também foram detectados vestígios do DNA de outros homens nesse fecho.

Em suma: Amanda e Raffaele ficaram livres. E Rudy, que também recorreu, teve a pena reduzida a 16 anos por ser cúmplice de homicídio. A essa altura, a trama já era internacional. Nos EUA, falava-se abertamente de “antiamericanismo”. Esse sentimento que havia condenado uma garota inocente de Seattle a passar quatro anos atrás das grades. A então secretaria de Estado Hillary Clinton se interessou pelo caso. E Donald Trump –que naquela época era só um magnata– pediu um boicote contra a Itália.

Depois disso, a história ficou ainda mais emaranhada nos tribunais. Em 2013, a Corte Suprema anulou a absolvição. Um ano depois, o Tribunal de Apelações de Florença voltou a condenar Knox e Sollecito, embora a tese da orgia sexual tenha sido substituída por uma discussão entre as companheiras de apartamento que derivou numa agressão sexual, por parte de Guede, que acabou em assassinato “porque a vítima ia denunciar”. Em 2015, a Corte Suprema confirmou, definitivamente, a absolvição do casal. Amanda Knox foi condenada, no entanto, a três anos de prisão por acusar Patrick Lumumba, seu chefe no bar Le Chic, embora ela já tivesse cumprido essa pena durante seu período de prisão preventiva. Rudy Guede está atualmente na penitenciária de Mammagialla, em Viterbo, na Itália.

Nos EUA, falava-se abertamente de “antiamericanismo”. Esse sentimento que havia condenado uma garota inocente de Seattle a passar quatro anos atrás das grades

Se Amanda e Raffaele não participaram, então com quem mais estava Guede? Teria sido ele o único autor das 46 facadas, além de sujeitar e abusar da garota? A necropsia também revelou que Meredith Kercher havia lutado com todas as suas forças. Quem mais estava no quarto? São as incógnitas de um documentário que vai na esteira da série Making a Murderer. E que os amigos íntimos da família Kercher, que não quis participar, consideram “um conto de fadas” e “propaganda” a favor de Amanda Knox.

Um desses amigos, que pede para não ser identificado, explica a ICON que neste momento a família deseja paz e continua tentando recuperar-se dessa tragédia “sem nome”. “O sistema judicial italiano fracassou com Meredith”, conclui. Os diretores Rod Blackhurst e Brian McGinn, autores de Amanda Knox, o nome do documentário, negam, por outro lado, que sua intenção fosse resolver o caso. Em entrevista ao portal Sensacine, eles declararam: “Estamos trabalhando nisso desde 2011 e queríamos ver a parte humana que se escondia por trás das manchetes. E também iniciar uma conversa mais ampla sobre se estamos numa sociedade mais interessada no entretenimento ou na informação.”

Essa segunda pergunta é respondida no caso de Amanda Knox. Uma vez conhecida sua absolvição, ela voltou a Seattle e foi recebida como a estrela da mídia na qual se transformaria. Entrevistas, programas especiais... 4 milhões de dólares (cerca de 12,8 milhões de reais) por contar sua versão num livro. Seu ex-namorado, Raffaele Sollecito, por sua vez, manteve perfil baixo –embora tenha participado como assessor em programas de crimes sem solução. Nove anos depois, os dois se apresentam no documentário da Netflix como vítimas de um sistema judicial inepto que os condenou para sempre a serem os culpados de um assassinato que, segundo eles, não cometeram. Alguns acham que os olhos de Amanda, talvez, sugiram outra coisa.

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