14 fotos14 coisas emocionantes que aprendemos nos Jogos do Rio (e nenhuma é sobre esportes)Acompanhar a Olimpíada foi uma lição de humanidade (e não apenas pelo sorriso de Biles)BuenaVida21 ago. 2016 - 19:54BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinLink de cópiaNo campeonato de ginástica artística feminina, duas atletas coreanas competiram em busca do ouro olímpico. Eun Ju Lee e Hong Un-Jong vêm da mesma península, mas de territórios diferentes: uma nasceu no norte e a outra, no sul. Apesar das eternas rivalidades entre seus países, as garotas se tornaram boas amigas e desafiaram as tensões bélicas que existem entre seus lugares de origem fazendo uma selfie. Mas a aproximação entre as duas não ficou nisso: dias depois, as ginastas foram fotografadas conversando, bastante animadas, enquanto se preparavam para a competição. No Twitter, a maioria dos usuários comemorou essa amizade, mas outros se perguntam quais consequências a norte-coreana poderá sofrer por ter “confraternizado com o inimigo”.CordonO conflito entre Palestina e Israel continua ativo e não baixa a guarda, o que significa impedir que os palestinos exibam seus uniformes de gala. A bagagem que veio da China (onde foi confeccionada a roupa) foi confiscada por autoridades israelenses um dia antes do início da Olimpíada. Como consequência, os palestinos tiveram de criar um traje que estivesse à altura da ocasião para o dia da abertura dos Jogos. Os homens acabaram optando por um terno preto com gravata vermelha e o tradicional lenço palestino como capa. As mulheres usaram vestidos longos com as cores da Palestina. No desfile, o Maracanã lhes deu uma calorosa recepção. Os esportistas tinham tido o cuidado e deixar seu lugar de origem dias antes do evento para não ser retidos na Faixa de Gaza. O chefe da equipe olímpica, Issam Qishta, não teve a mesma sorte e não pôde participar do evento.CordonIbtihaj Muhammad foi a primeira norte-americana a competir usando o hijab. A jovem fez uma defesa pública de sua cultura, questionada por várias frentes. Não está sozinha. No ano passado, a história em quadrinhos Ms. Marvel inaugurou uma nova etapa: a super-heroína Kamala Khan, uma adolescente muçulmana, foi o personagem escolhido para combater os vilões. E a coleção está sendo um sucesso. Voltando ao mundo real, Muhammad aproveitou seu reconhecimento como esgrimista para defender os direitos das mulheres muçulmanas. Em uma das entrevistas que concedeu, a esportista afirmou: “Um dos principais motivos pelos quais estou aqui hoje e ainda compito neste nível é porque quero conseguir algo que não será só para mim ou para minha família, mas também para minha comunidade”.CordonO sorriso de Usain Bolt é um sinal claro de que, para ele, bater recordes mundiais é quase uma brincadeira. Na semifinal dos 200m rasos, o recordista teve tempo para brincar com o canadense Andre De Grasse antes de cruzar a linha de chegada. Durante os 19,78 segundos que levou para percorrer essa distância, o jamaicano mediu forças com seu rival, a quem superou por apenas dois centésimos. Após a corrida, De Grasse reconheceu que só estavam brincando: “Eu precisava pressioná-lo um pouco, você sabe como é, para ver quanto combustível ele tinha na reserva”. Antes de cruzar a linha em segundo lugar, o corredor aumentou a velocidade e esteve a ponto de ultrapassar Bolt. Mas este disse, rindo: “O que você está fazendo? Isto é só uma semifinal”. Essa atitude tão relaxada contrasta com a dos demais competidores, que não pareciam ter tempo para brincadeiras.CordonO ator norte-americano Zac Efron voou para o Rio para surpreender Simone Biles. A ginasta, que cresceu vendo o filme juvenil que o transformou em ídolo, High School Musical, declarou-se fã dele em um programa de TV dos EUA. Antes de ser conhecida, Biles escreveu dezenas de mensagens em sua conta do Twitter mostrando o quanto gostava de Efron. Três anos e cinco medalhas olímpicas depois, a jovem pôde conhecer o astro no Rio. Nervosa e ainda em estado de choque, a ginasta e suas companheiras de equipe imortalizaram o momento com fotos e vídeos que publicaram nas redes sociais. O esperado primeiro beijo (na bochecha) entre as duas celebridades já se tornou viral. Quem sabe este seja o início de uma longa amizade entre eles?CordonMais de 18.000 pessoas foram ao Parque Olímpico para acompanhar os Jogos do Rio, o que significa um investimento em mais de 250 toneladas de comida. O chef italiano Massimo Bottura refletiu sobre a quantidade de restos que a celebração esportiva geraria e decidiu se aliar a mais de 50 cozinheiros − alguns vindos da Califórnia, da Alemanha e do Japão − para dar de comer a dezenas de pessoas sem teto todo dia. Com essa iniciativa, procuram conscientizar a população. “Não é caridade, é uma forma de alimentar essas pessoas. Trata-se de mostrar a todo mundo a quantidade de lixo que se joga fora todo dia e de incluir na sociedade aquelas pessoas que perderam a esperança”, disse Bottura. Seu projeto, o Refettorio Gastromotiva, pretende oferecer 108 refeições grátis todas as noites a quem precise, depois do término da Olimpíada.A holandesa Adelinde Cornelissen não quis arriscar a saúde de seu cavalo e abandonou a prova de adestramento que estava disputando. Para ela, foi mais importante a vida de seu parceiro do que a busca de uma medalha olímpica. Dias antes da competição, Parzival adoeceu por causa de uma picada de inseto, que lhe causou febre. Mas no dia da prova final o cavalo já estava melhor, e a amazona imaginou que ele estaria preparado para a disputa. Mas, em poucos segundos, ela percebeu que o animal ainda não estava em forma. “Para protegê-lo, decidi desistir”, afirmou. “Meu companheiro, meu amigo, o cavalo que deu tudo por mim durante toda sua vida não merece que eu o ponha em perigo. Por isso, só fiz a saudação e me retirei da arena.” Parzival está recuperado e saudável, informou a amazona em sua página no Facebook.GettyO tenista britânico Andy Murray não teve dúvidas em lembrar a um jornalista da BBC as vitórias de suas companheiras, as irmãs Williams. O número dois do mundo no ranking da ATP conseguiu seu segundo ouro olímpico no torneio individual da Rio 2016. O jornalista correu para felicitá-lo, mas se esqueceu de que, antes de Murray, duas mulheres tinham conseguido um feito similar − e até superado a façanha do britânico. Ao ouvir isso, o tenista ficou indignado com o repórter e mencionou as quatro medalhas de Venus e Serena Williams. Venus, aliás, ganhou sua quinta medalha − desta vez, de prata − alguns dias atrás. A reação do tenista não é de surpreender. Há um ano, Murray defendeu a igualdade de direitos em seu blog no portal do jornal esportivo L’Équipe: “Se ser feminista significa lutar para que uma mulher seja tratada como um homem, então sim, creio que sou”.GettyCada vez mais esportistas tornam pública sua homossexualidade. Neste ano, na primeira competição de rúgbi feminino, a jogadora brasileira Isadora Cerullo recebeu uma surpresa de sua namorada, que estava trabalhando como voluntária na Olimpíada. Com apenas 28 anos, Enya pegou um microfone e, diante de todo o público no estádio, pediu Cerullo, com quem namora há dois anos, em casamento. As jovens se beijaram enquanto dezenas de câmeras as fotografavam. Embora a equipe de Cerullo tenha ficado em nono lugar, Enya explicou que havia feito o pedido e casamento em público porque queria demonstrar que, independentemente das derrotas esportivas, “o amor sempre vence”. O casal Helen e Kate Richardson-Walsh também competiu junto no torneio de rúgbi no Rio.GettyA atleta Etenesh Diro enfrentou todas as adversidades e as assumiu como potenciais vantagens. A etíope estava correndo os 3.000m com obstáculos quando perdeu seu tênis direito depois de uma queda. Em um primeiro momento, pensou que o melhor seria voltar a calçá-la, mas segundos depois percebeu a perda de tempo que significaria desfazer e refazer o laço. Apesar do desafio de continuar competindo com um pé descalço, Diro seguiu em frente na prova que poderia aproximá-la da corrida final e, nas três últimas voltas, conseguiu ultrapassar algumas competidoras. No entanto, não pôde alcançar as primeiras colocações e chegou na sétima posição. Mas, desde o momento fatídico, a atleta recebeu o apoio do público, que a animava sem parar enquanto ela corria, e das demais companheiras, que se solidarizaram com ela assim que acabou a corrida.GettyO levantador de peso David Katoatau aproveitou sua participação olímpica para enviar uma mensagem sobre o aquecimento global. Em seu país, Kiribati, o aumento da temperatura da Terra se tornou mais evidente do que nunca. O arquipélago, que fica no centro do Pacífico, está gravemente ameaçado pela elevação do nível do mar, e os pais do atleta já perderam sua casa por causa de um ciclone. “No ano passado, escrevei uma carta aberta na qual contei a todo mundo o que havia acontecido com nossas casas. Não sei quantos anos vão passar até que tudo afunde no mar.” Katoatau conseguiu a sexta colocação na final de 105 quilos do Grupo B, mas sua última preocupação era subir ao pódio. O que realmente o inquieta é a possibilidade de que, em um futuro próximo, seu país deixe de existir, e as ondas levem embora sua cultura e seu povo.GettyA nadadora chinesa Fu Yuanhui falou abertamente sobre como a menstruação afeta sua atividade esportiva. Quando um jornalista lhe perguntou como ela estava depois de obter a quarta colocação no revezamento 4x100m, Yuanhui respondeu como se estivesse conversando com uma pessoa de confiança: “Não nadei muito bem desta vez porque ontem chegou minha menstruação e me senti muito cansada”. A jovem não quis ignorar a desvantagem que significa para muitas mulheres praticar esporte nessas circunstâncias. Graças às suas declarações, Yuanhui conseguiu levar esse debate aos meios de comunicação: apenas 2% das mulheres na China usam absorventes. Alguns dias depois, a nadadora celebrou sua medalha de bronze na final dos 100m costas de forma efusiva, diferentemente da maioria dos atletas chineses, que só se permitem mostrar tristeza quando não conseguem a medalha de ouro.GettySegundo a crença popular, as mulheres são duras e competitivas entre si. Esta edição dos Jogos Olímpicos parece ter indicado o contrário. Durante a corrida de classificação dos 5.000m, a neozelandesa Nikki Hamblin sofreu uma queda e se chocou acidentalmente com a norte-americana Abbey D'Agostino, que a ajudou a se levantar. Poucos segundos depois, D’Agostino (que tinha sofrido uma torsão no tornozelo por causa do incidente) é que caiu. A neozelandesa retribuiu então o favor à norte-americana, ajudando-a a se levantar. Esse gesto, em vez de ser repreendido, foi recompensado pelos juízes, que as qualificaram para a final − apesar de elas não terem obtido os tempos necessários. Quando terminaram a prova, as duas se abraçaram. “Apesar da corrida e do resultado, este é um momento que nunca vou esquecer, essa menina sacudindo meu ombro e me dizendo: ‘Venha, vamos, levante-se’”, disse Hamblin.CordonFehaid Aldeehani se tornou o primeiro esportista a conseguir uma medalha de ouro sem representar nenhum país. O campeão de fossa dupla no tiro não pôde competir com as cores de sua terra, o Kuwait, porque o país está sancionado pelo Comitê Olímpico Internacional. Os responsáveis pela Olimpíada lhe ofereceram a possibilidade de levar a bandeira olímpica na cerimônia de abertura, mas ele preferiu não fazer isso. “Sou um oficial do exército do meu país e não levarei nenhuma bandeira que não seja a do Kuwait”. Quando Aldeehani subiu ao lugar mais alto do pódio, ao lado de seus colegas da Itália e Grã-Bretanha, o emblema que o representou foi o dos seis arcos olímpicos. “Esta [medalha] é para meu país, para as pessoas que não querem que participemos da Olimpíada. Estou mostrando a elas que estamos aqui e temos uma medalha”, afirmou, contundente.Cordon