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Coluna
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As meninas

Parece que, para muitos meios de comunicação, inclusive alguns esportivos, elas só valem se forem bonitas

María Porcel
Teresa Almeida.
Teresa Almeida.MARKO DJURICA (REUTERS)
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Depois de quatro anos de espera, os Jogos Olímpicos do Rio já estão (quase) ficando para trás. E tanto os fãs quanto quem já não aguenta mais essa maratona de ginástica/esgrima/tiro com arco/basquete/natação e todas as suas variáveis já podem respirar, descansar tranquilos e passar mais de meia hora sem ligar a TV e ver tênis de mesa ou hóquei sobre a grama.

Quem vai descansar somos nós, as mulheres. Ou melhor, as meninas. Não há mulheres olímpicas? Somos as meninas do basquete, as meninas da ginástica, as meninas do rúgbi! Até algum "as garotas" apareceu por aí (e não por aqui, ainda bem). Eles são os homens, os caras, os machões. Nós, somos as musas olímpicas. Isso com sorte. Isso se você está suficientemente em forma para merecer aparecer nas notícias. Se você for "normalzinha", nem isso. E se pesa 100 quilos, como Teresa Almeida, goleira de handebol de Angola, talvez entre nas manchetes como "a goleira sem complexos". Talvez sua foto seja acompanhada pela imagem de um hambúrguer. Parece que para muitos meios de comunicação, inclusive esportivos, elas só valem se forem bonitas.

Quanto falta para mudar isso, para que o foco não sejam os corpos? Não estamos competindo para ganhar? Pelo menos algumas coisas mudam: no vôlei de praia, já não é necessário jogar com biquínis de 7 centímetros. Sete centímetros: esse era o tamanho máximo permitido do biquíni. E isso não faz 50 anos, não: era em Londres, em 2012. Agora, elas podem competir até com o hijab, como mostraram as egípcias em uma foto que rodou o mundo. Uma foto importantíssima, fundamental, sim, mas que nos faz voltar a olhar o mesmo de sempre: os corpos. Vamos ver se em Tóquio nos deixam jogar.

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