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Gloria Gaynor: “I Will Survive’ se tornou a resposta às minhas preces”

A rainha da ‘disco music’ se apresenta na Espanha com sua turnê ‘Never Can Say Goodbye’

Gloria Gaynor se apresenta na Espanha entre 21 e 29 de julho.Vídeo: Foto promocional / El País Vídeo

Em meados dos anos setenta, Gloria Gaynor (Nova Jersey, Estados Unidos, 1949) caiu do palco durante uma apresentação; parecia não ter se machucado, mas logo depois ficou paralisada da cintura para baixo. Ainda lutando para recuperar os movimentos, entrou no estúdio para gravar seu single seguinte. “Os compositores Freddie Perren e Dino Fekaris”, conta Gaynor por telefone, “me perguntaram que tipo de música gostaria para o lado B e respondi: ‘uma que atinja o coração das pessoas e seja importante para elas”. Então mostraram a ela uma melodia que tinham composto dois anos antes, chamada I Will Survive. Gaynor chegou ao estrelato em 1979 com ela. E essa fama se mantém, como poderá ser visto nesta quinta-feira em San Sebastián, num show gratuito na praia de Zurriola.

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I Will Survive fez sucesso na euforia da disco music, mas sua intérprete já tinha uma longa trajetória profissional. “Eu sempre amei a música. Quando caminhava pelo bairro, costumava cantar minha canção favorita. Um vizinho me disse que tinha me ouvido e que, até saber que era eu, pensava que estava ouvindo rádio. Eu tinha apenas 13 anos, mas foi aí que soube que o que queria fazer pelo resto da minha vida era cantar”. Sua carreira começou em 1965 e seu primeiro sucesso só veio 10 anos depois, quando lançou Never Can Say Goodbye, uma de suas primeiras incursões nessa mutação do soul que foi a música de discoteca. “Gravei a canção porque os Jackson 5 a tinham gravado antes e eu gostava muito da versão deles, embora não tenha sido um sucesso de vendas. Fazia parte do meu repertório ao vivo e o público respondia muito bem quando a tocávamos. Por isso fiquei muito surpresa que a minha versão tivesse o impacto comercial que não teve a versão dos Jackson”.

Tiveram de passar três anos e quatro álbuns até que I Will Survive cruzasse seu caminho. Gaynor diz que sabia do potencial da canção desde a primeira vez que a ouviu, mas isso não impediu que fosse lançada, como estava planejado, como lado B do single Substitute, uma versão dos Isley Brothers. “Mandaram uma cópia do maxisingle [disco de vinil prensado para as pistas de dança] ao DJ do Studio 54 e sugeriram que ele tocasse o lado B. A resposta foi favorável, o que já era um sucesso, porque o público nova-iorquino sempre foi muito difícil. O resto veio sozinho. A música começou a tocar em outros clubes, no rádio também começaram a programá-la. Assim I Will Survive se tornou a resposta às minhas preces. Graças a ela eu superei um momento ruim. Minha mãe tinha morrido e meus problemas de saúde me faziam temer pela minha carreira”.

A era da disco music terminou com a chegada da década de oitenta, mas I Will Survive sobreviveu a ela, tornando-se ao longo dos anos uma canção emblemática. A comunidade gay se apropriou dela, mas também é um tema que as mulheres podem usar para se empoderar. Sua letra admite dezenas de interpretações ao ser uma reafirmação da vontade de seguir em frente apesar das dificuldades. Em 2011 Gaynor gravou Hits All Over Again, com uma nova versão da canção. Uma pequena mudança na letra oferecia uma nova leitura da mesma depois que a cantora abraçou a religião católica. “Não tinha canções novas e regravei músicas antigas para que o meu público compreendesse o significado que quero dar a elas agora. Você pode proclamar que sobreviverá, mas se você não se aferrar a algo poderoso é possível que não o consiga. Eu queria mostrar às pessoas que minha força vem de Jesus Cristo”.

Ela também assinou um livro chamado We Will Survive, que traz histórias de pessoas cuja vida mudou graças à canção. Quando ela estiver em Valencia, no dia 25 de julho (numa turnê que começa em San Sebastián na noite desta quinta-feira e que também a levará a Mallorca, Barcelona e Madri, nos dias 23, 27 e 29, respectivamente), visitará uma escola em que um grupo alunos gravou uma versão de seu tema mais famoso. Aos 66 anos, a cantora afirma que “poderia viver sem se apresentar, mas seria muito menos feliz; ser capaz de compartilhar minha música é o que dá sentido à minha vida; com ela eu também compartilho minha experiência sobre o amor de Cristo”.

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