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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Trump é coroado

Candidato republicano tenta unir forças dentro do conservadorismo

Imagem de Trump em ClevelandFoto: reuters_live | Vídeo: JIM LO SCALZO (EFE) / REUTERS

Com a nomeação do governador de Indiana, Mike Pence, como seu candidato à vice-presidência, Donald Trump está pronto para enfrentar a convenção republicana que começou nesta segunda-feira e vai indicá-lo como candidato para a Casa Branca. É uma inteligente jogada política por parte de alguém que caracterizou toda sua campanha pelas grosserias, as subidas de tom e a demissão fulminante de seus colaboradores mais próximos, incluindo ninguém menos que seu chefe de campanha, Corey Lewandowski, há apenas três semanas.

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Pence é um conservador que exibe sua religiosidade e que vai servir, ou é o que ele pretende, como contrapeso ao ultraliberalismo econômico de Trump e seu perfil pouco ortodoxo no lado moral. Depois de conquistar as bases do partido que deu seu apoio nas primárias, o bilionário de Nova York agora pretende tranquilizar o aparato de um partido que sempre o viu como um arrivista que se aproveitou da crise em que se encontra o republicanismo há alguns anos para usá-lo como trampolim para o cargo político mais importante do planeta. Nos próximos dias, veremos até que ponto essa estratégia de Trump é correta.

Mas independente da escolha de seu companheiro de candidatura no chamado ticket, o certo é que Trump já influenciou de maneira decisiva o Partido Republicano e sua entrada na cena política conservadora terá consequências importantes, muitos delas negativas. Provavelmente o exemplo mais claro seja a adoção pelo republicanismo da proposta controversa que Trump apresentou nesta corrida e que foi considerada, entre outros por muitos de seus agora colegas de partido, como um erro perigoso: a construção de um muro na fronteira com o México para, em teoria, impedir a imigração ilegal.

Que um partido fundamental para a história da democracia mais importante do mundo e que esteve disposto a enfrentar uma guerra civil para acabar com a escravidão abrace uma das medidas mais racistas e xenófobas propostas na política dos últimos anos mostra até que ponto Partido Republicano degradou seu discurso político para chegar ao poder.

Trump não é um fenômeno saído do nada. Sua carreira foi alimentada por um discurso antissistema usado durante anos pela extrema-direita dos Estados Unidos e materializado no Tea Party, a facção mais conservadora do republicanismo que, em vez de propor uma alternativa construtiva ao Partido Democrata, se dedicou a desprestigiar toda a classe política. Desta forma, criou uma ampla base receptiva ao discurso simplista, demagógico e grosseiro de um questionável homem de negócios que – velho discurso – considera que um país pode ser dirigido como uma de suas empresas.

A grande dúvida que permanece antes do início da Convenção é se Trump finalmente virou republicano ou o Partido Republicano se tornou trumpista. As urnas vão decidir em novembro se essa estratégia significa a vitória ou vai levar o partido centenário para a beira do abismo político.

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