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Usain Bolt sofre lesão a um mês dos Jogos Olímpicos do Rio

O homem mais rápido da história busca desesperadamente ir aos Jogos para sua terceira consagração olímpica

Usain Bolt, nesta sexta-feira em Kingston.Foto: atlas | Vídeo: GILBERT BELLAMY (REUTERS)
Carlos Arribas

Usain Bolt, a grande estrela do esporte mundial, corre perigo de não participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O homem mais rápido da história sofreu uma lesão nos tendões, os músculos dos velocistas, da coxa esquerda na noite de sexta-feira em Kingston, durante as semifinais dos campeonatos da Jamaica, prova seletiva para os Jogos. Por volta das 23h desta sexta-feira (horário de Brasília), veio a informação oficial de que o atleta não participaria na final. Se Bolt fosse norte-americano, onde a regra estrita estipula que apenas os três primeiros na final se classificam para os Jogos, naquele momento o Rio teria ficado sem a estrela que pode salvar os Jogos de um fiasco. Na Jamaica, no entanto, a regra é mais flexível: somente os dois primeiros ganham duas das posições fixas. Em circunstâncias excepcionais, como uma lesão inesperada, o terceiro lugar é concedido segundo o critério da comissão técnica da federação. A abertura dos Jogos acontece em 5 de agosto. As provas de atletismo começam no dia 11.

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Yohan Blake, que esteve prestes a ser desclassificado por saída falsa, e Nickel Ashmeade terminaram em primeiro e segundo. O veterano Asafa Powell foi o quarto.

“Desde sexta-feira, na primeira rodada, sentia um desconforto nos tendões”, tuitou o único atleta que ganhou duas vezes o ouro olímpico nos 100m e nos 200m, assim como no revezamento 4x100m rasos. “Depois da semifinal, pedi ao médico que me examinasse e ele diagnosticou um estiramento de grau 1. Com o atestado médico, solicitei uma dispensa para não participar nem da final nem das demais provas do campeonato.” Seu agente, Ricky Simms, confirmou pouco depois que Bolt vai se tratar nos Estados Unidos e que o atleta participará, em 22 de julho, em Londres, do rali no estádio olímpico para mostrar ao comitê jamaicano que está apto e que deve ser selecionado para os 100m e os 200m do Rio.

Bolt deve correr contra o tempo e cruzar os dedos para não ter uma recaída. Segundo especialistas, um estiramento de grau 1 requer, no mínimo, 15 dias de repouso. “Embora os novos tratamentos com cola feita a partir de fatores de crescimento de plaquetas do próprio atleta ou com células-tronco possam encurtar o prazo de recuperação, pelo menos por uma semana o atleta não pode começar a correr ou fazer exercícios isométricos para fortalecer o músculo lesionado”, diz José Bodoque, fisioterapeuta das equipes espanholas de atletismo e triátlon. “E esforços explosivos, próprios de um velocista, não podem ser feitos até depois de três semanas. E é preciso ter muito cuidado, porque uma recaída é geralmente muito pior do que a primeira lesão.” O ísquio, localizado na parte de trás da coxa, é considerado o ponto fraco dos corredores, onde a maioria das lesões ocorre.

Bolt, de 29 anos, nunca escondeu que a única razão para continuar na pista, onde já ganhou tudo, é ser coroado três vezes tricampeão olímpico (isso aconteceu em Pequim 2008 e Londres 2012) e entrar para a história como o maior. Por enquanto, é titular duas vezes do recorde mundial de 100m (9,58s) e 200m (19,19s) e campeão mundial invicto (exceto por uma saída falsa nos 100m em 2011) em ambas as provas desde 2009.

Quase todas as revistas do mundo estão com suas capas de agosto reservadas para Usain Bolt, o símbolo olímpico positivo. Se renunciar ao seu posto como anúncio do evento, predominariam temas muito menos brilhantes: os russos e o doping, o mosquito e o zika vírus, a corrupção brasileira, a violência ou os atrasos e o possível caos logístico para os Jogos, que se aproximam a toda velocidade.

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