O futebol britânico diz sim à Europa
Pela primeira vez na história, três seleções do Reino Unido chegam à segunda fase de um grande torneio
Inglaterra, Gales e Irlanda do Norte conseguiram passar às oitavas de final da Eurocopa. Pela primeira vez na já longa história dessas três associações, três equipes britânicas jogarão a segunda fase de um grande torneio de seleções. Se for acrescentada a classificação da República da Irlanda, o êxito dos combinados das duas ilhas pode ser considerado absoluto. O histórico avanço esportivo ocorreu um dia antes de os cidadãos britânicos decidirem sua permanência ou não na União Europeia. Suas seleções desfrutam de uma Eurocopa que a UEFA abriu à participação de 24 equipes pela primeira vez na história. O Reino Unido tem quatro federações na FIFA e UEFA em consideração a seu papel de inventor e gestor do futebol. Na grande festa do Reino Unido na Eurocopa só faltou a Escócia. Os escoceses firmaram tradição com sua presença contínua nas Copas desde a Alemanha, em 1974, à Itália, em 1990. Gales e Irlanda do Norte se enfrentarão no sábado e a Inglaterra terá pela frente a Islândia na segunda-feira.
“A classificação da Inglaterra e Gales não representa nenhuma surpresa para mim. O que me surpreendeu é a entrada da Irlanda do Norte”, afirma Lauren, ex-jogador do Arsenal entre 2000 e 2007, ganhador de duas Ligas e três copas com a equipe londrina, para a qual trabalha. É uma espécie de relações públicas do Arsenal, encarregado de formar convênios de colaboração com entidades e associações de fora da Inglaterra. “A Inglaterra dará o que falar porque Roy Hodgson está sabendo explorar uma muito boa geração de jovens ingleses. São os casos de Dele Alli, Dier, Sterling, Wilshere e Kane. Tem laterais profundos e, talvez, lhes falte o gol, mas dão conta da bola”, diz Lauren, sobre a seleção inglesa. “O que surpreendeu com Gales é que não segue sua fase de classificação e tampouco tem em conta o momento que Bale vive”, esclarece o ex-jogador do Arsenal. “Bale é uma estrela mundial, que esta temporada se tornou o líder do Real Madrid em momentos em que nem Cristiano nem Benzema estavam. Lembro de partidas como a de San Sebastián, que ele ganhou. E depois, no Arsenal temos o Wilshere, um jogador impressionante. Não teve uma boa temporada por causa das lesões, mas no Arsenal sabíamos que chegava à Eurocopa em grande forma”, acrescenta Lauren.
Sem presença em uma fase final de um grande torneio desde a Copa da Suécia, em 1958, a classificação de Gales para as oitavas, onde jogará precisamente contra outra seleção do Reino Unido, a Irlanda do Norte, levantou o orgulho de um país que expressava habitualmente esse sentimento com o rúgbi. Para recordar uma efervescência tão grande como a atual com a equipe galesa de futebol será preciso voltar ao 10 de setembro de 1985, quando Gales empatou com a Escócia por 1x1 e perdeu a possibilidade de ir para a repescagem por um lugar na Copa de 1986, contra a Austrália, partida vencida pela Escócia. O último sucesso de sua seleção foi em 19 de novembro de 1975, quando um gol de Griffiths derrotou a Áustria de Prohaska, Weltz, Krankl e Jara para ir às quartas de final da Eurocopa 1976. Logo a Iugoslávia acabaria com o sonho do país.
Gales, Irlanda do Norte e Inglaterra jogaram a Copa de 1958 da Suécia, e Gales e Irlanda do Norte chegaram às quartas de final, caindo diante do Brasil e França, respectivamente. Na Espanha, em 1982, duas seleções do Reino Unido, a Inglaterra e a Irlanda do Norte, passaram à segunda fase –a Escócia caiu na primeira. Não conseguiram passar das quartas. Também houve três seleções do Reino Unido no México, em 1986. A Inglaterra chegou às quartas de final, mas Escócia e Irlanda não foram além da primeira. Há 30 anos justos, a Argentina de Maradona acabava com os ingleses. Foram os torneios de seleções com a presença de três equipes do Reino Unido, como agora na França. Nunca as três passaram haviam passado à segunda fase. Esta Eurocopa estabelece um marco para o futebol das seleções britânicas.
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