7 coisas que todos temos em casa e podem vir do trabalho infantil
Mais de 250 milhões de crianças no mundo deveriam estar brincando, mas não estão É o equivalente à metade da população da UE
Todos os dias, desde que o despertador toca até a hora de dormir, a sua vida está repleta de objetos que você compra, usa, gasta, desperdiça, aproveita, recicla ou elimina. Nós nos referimos ao café ou ao chá do desjejum, à roupa que você veste ou o telefone celular. Objetos cotidianos, a priori inocentes, sobre os quais poucas vezes, para não dizer nenhuma, você terá se perguntado que mãos o terão fabricado ou em que condições terão sido feitos.
Neste 12 de junho, Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, convidamos você a refletir sobre a origem dessas peças que, despreocupadamente, povoam o cotidiano do mundo desenvolvido. Não há uma razão para isso, mas 264 milhões: o mesmo número de crianças de 5 a 17 anos que trabalham no planeta, segundo a Organização Internacional do Trabalho. De todas elas, 85 milhões o fazem nas piores formas: situações de escravidão, exploração sexual, recrutamento para conflitos armados, tráfico de menores e trabalhos perigosos. E 168 milhões estão empregadas em atividades produtivas que interferem com a escola, “com muitas horas de trabalho, sem remuneração ou mal remuneradas, separadas de suas famílias e com episódios de violência e abusos”, de acordo com a mesma entidade. Objetos cotidianos não livres de suspeitas articulam nossa rotina.
1. O celular: são 7 horas e o despertador toca
A bateria do seu celular, tablet ou notebook é feita de cobalto. Mais da metade desse mineral utilizado no mundo, segundo a organização Anistia Internacional, provém da República Democrática do Congo. Até aí, nenhum problema. O assombro vem quando se sabe que de sua extração participam mais de 40.000 meninos e meninas entre 7 e 15 anos. Os menores carregam sacos de 40 quilos em jornadas que às vezes chegam a 24 horas.
2. O café: a sua primeira bebida da manhã
A cafeína não é a única que vai elevar a sua tensão arterial. A Organização Mundial do Trabalho alerta que a incorporação prematura de meninos, meninas e adolescentes às plantações de café afeta tanto sua saúde física como mental, com consequências como o envelhecimento precoce, acidentes e doenças como a ansiedade e a depressão. Por exemplo, na Costa Rica, segundo o Estudo de Condições e Meio Ambiente do Trabalho Infantil na Agricultura, a participação de menores na colheita e separação dos grãos de café representa ao menos 50% da população trabalhadora.
3. Ou você é dos que tomam chá?
Todos os dias, à mesma hora, esquenta a água e a mistura com uns grãozinhos de chá cuja origem provavelmente se situa ao sul de nossas fronteiras. Mas, que há por trás desses minutos de relax? Segundo a Organização Internacional do Trabalho, ao redor de 40.000 crianças trabalham nas plantações de chá em Tooro, no oeste de Uganda, cifra que ascende a 50 milhões em serviços por toda a África.
4. Roupa: escolha o modelito e vista-se
A próxima vez que você sair para compras talvez tenha em conta algo mais do que a cor da camisa que está a ponto de levar para casa. Lembre-se de que a organização Human Rights Watch documentou casos de meninos e meninas de menos de 15 anos que trabalham em fábricas têxteis e são escondidos quando chegam “visitantes”. Lun Lea é uma delas: “Disseram-me que me escondesse debaixo da mesa e nos puseram uma pilha de roupa por cima. Sentei-me ali por muito tempo. Dava vontade de rir por ter a roupa em cima e também estávamos com medo de que pudessem demitir-nos. Assim, tentamos ficar muito quietos quando os visitantes [inspetores] vieram". É o arrepiante depoimento colhido pela ONG que investiga e defende os direitos humanos.
5. Sombra de olhos: você se maquia diante do espelho
O brilho da sombra de olhos, o ruge ou o batom vêm da mica, um mineral que lhe propicia essa qualidade. O problema é que, segundo a organização Made in a Free World, a maior parte desse mineral é extraído por crianças indianas que trabalham nas minas durante 12 horas pelo equivalente a 4 dólares (cerca de 14 reais).
6. Joias de ouro: adornam os seus dedos, orelhas ou pescoço
Embora o ouro de seus enfeites brilhe, não o faz tanto como para ocultar a realidade denunciada pela Human Rights Watch em seu relatório de agosto de 2013, no qual constata como crianças de apenas 8 anos de idade trabalham em minas de ouro de pequena escala na Tanzânia, o que representa um grave risco para a saúde e até para sua vida.
7. Vegetais: você enche a despensa ao chegar em casa
Todos os dias você faz a lista de compras e traz do mercado frutas, legumes e hortaliças. No entanto, isso somente é parte de uma realidade que se completa com os dados apresentados pela Organização Internacional do Trabalho. Segundo a OIT, 60% de todas as crianças trabalhadoras de 5 a 17 anos estão empregados na agricultura, o que representa mais de 98 milhões de menores no planeta.
Infelizmente, é difícil que algum selo garanta que um produto esteja 100% livre do trabalho das crianças. Quem diz é a Fairtrade Comércio Justo, cujos padrões de controle, porém, procuram certificar-se de que vetam e vigiam as empresas que fazem uso de mão de obra infantil, “apoiando as comunidades afetadas para que enfrentem o problema”. A luta contra a pobreza, em todas as suas formas, é um modo de combater essa mácula. Há marcas de cosméticos que exigem de seus provedores de mica um compromisso contra a exploração de crianças e adultos, outras, de roupas, que adotam um selo específico contra o uso de mão de obra infantil (Child Labor Free) e pequenos negócios mais próximos cujas condições observamos de perto. O consumidor precisa tomar consciência da necessidade de informar-se sobre esses milhões de crianças arrebatadas de suas brincadeiras.
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