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Coalizão Podemos-Esquerda Unida tira o PSOE do segundo lugar

Nova aliança de esquerda consegue tirar os socialistas da segunda posição e abre três pontos de vantagem

Gráfico, em espanhol, com as intenções de voto em cada partido.
Gráfico, em espanhol, com as intenções de voto em cada partido.
Rafa de Miguel

Com a guinada estratégica de última hora representada pela coalizão com a Esquerda Unida, o Podemos consegue mais do que apenas superar o desgaste a sua imagem provocada por meses de bloqueio político. Sai até ganhando, segundo pesquisa realizada pelo instituto Metroscopia para o EL PAÍS. A nova aliança de esquerda consegue tirar os socialistas da segunda posição e abre sobre eles três pontos de vantagem. O Partido Popular ganha com a falta de ação do primeiro-ministro, Mariano Rajoy, e se consolida como principal força, com mais apoio até do que obteve nas eleições gerais, em 20 de dezembro.

A soma de forças pretendida por Pablo Iglesias e Alberto Garzón ao coligar suas respectivas formações parece ter dado certo, segundo a primeira pesquisa pré-eleitoral feita pela Metroscopia em relação ao pleito de 26 de junho.

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Unidos Podemos, sigla sob a qual foi registrada a nova aliança, conseguiria a desejada ultrapassagem sobre o PSOE, caso as eleições fossem realizadas agora. É o que se aponta a pesquisa, que dá à coalizão liderada por Iglesias uma estimativa de 23,2% dos votos. É 1,2 ponto a menos que a soma do que conseguiram separadamente as duas agremiações em 20 de dezembro. Caso confirmado esse resultado, seriam lançadas por terra as previsões que indicavam que a união de duas formações de cultura e organização quase opostas não conseguiria manter os votos obtidos separadamente. Mesmo com a queda percentual, o fato de estarem juntas representaria mais cadeiras que nas eleições passadas. Mas isso poderia ser uma vitória em termos. A imprevisível lei eleitoral espanhola, com sua divisão de restos e com a distribuição irregular de apoios entre as diferentes circunscrições poderia criar o paradoxo do Unidos Podemos obter mais votos que o PSOE e, mesmo assim, menos assentos. Daí viria a batalha pela liderança e a legitimidade para ficar à frente de um pacto.

Alta abstenção

As estimativas de votos calculadas pela Metroscopia se baseiam em uma expectativa de participação de eleitores particularmente baixa: 68%. Isso representa 5 pontos a menos que em 20 de dezembro e 6 a menos que a média histórica desde a democracia. Essa baixa participação, como já indicaram sondagens anteriores, favorece o PP, que tem base mais fiel de eleitores que os demais partidos.

Segundo a pesquisa da Metroscopia, Mariano Rajoy se consolidaria na primeira posição, com apoio de 29,9%, 1,2 ponto a mais do que o obtido nas eleições de dezembro.

O candidato do PP mantém alto índice de aprovação entre seus eleitores. E o que é mais importante: os eleitores do povo, diferentemente do conjunto da população, apoiam majoritariamente o bipartidarismo tradicional. Preferem que o jogo político continue sendo feito com a repartição entre dois grandes partidos, porque assim fica mais fácil a formação de um Governo, mesmo que isso reduza o pluralismo do Parlamento. Sob essa abordagem, mais a alta fidelidade de seu voto, é lógico que respondam positivamente à proposta polarizadora de Rajoy nesta campanha, de luta entre "a sensatez e a moderação" e o "extremismo da esquerda".

O líder socialista Pedro Sánchez tem pela frente uma dura batalha. Não parece que os meses dedicados a negociar a possível formação de um Governo —um investimento no futuro, na pior hipótese, disse um de seus principais assessores— tenham dado frutos. O PSOE recua quase 2 pontos (1,8) em relação ao resultado de 20 de dezembro. Além disso, se vê ultrapassado por seu principal adversário na esquerda. Por enquanto é apenas uma estimativa de voto, mas ela alimenta os fantasmas e temores que atualmente atormentam os socialistas.

Pedro Sánchez busca a solução no centro, o mesmo espaço disputado desde sua origem pelo Ciudadanos. A formação de Albert Rivera parece ser a única que, sem alianças de reforço nem guinadas estratégicas, consegue lucrar com a nova era em que os eleitores exigem diálogo e pactos. Conseguiriam hoje o apoio de 15,5%, ou seja, 1,6 ponto acima de seu resultado em dezembro. São os apoiadores de Rivera, no entanto, os que segundo a pesquisa demonstram mais dúvida a respeito de ir ou não às urnas. O objetivo do partido será, mais uma vez, traduzir em votos as altas expectativas por enquanto presentes apenas nas pesquisas.

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