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México concede a extradição de El Chapo Guzmán aos Estados Unidos

Ministério de Relações Exteriores autorizou a transferência, embora a viagem ainda deva levar meses para se materializar

Jan Martínez Ahrens
Joaquín El Chapo Guzmán, em 8 de janeiro.
Joaquín El Chapo Guzmán, em 8 de janeiro.Rebecca Blackwell (AP)
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A extradição de El Chapo deu um passo a mais. O Ministério de Relações Exteriores autorizou sua transferência para os Estados Unidos. A decisão representa um novo avanço em um processo que, presumivelmente, ainda levará meses para se materializar. Depois do aval formal do Governo, que era previsível desde que o próprio presidente o anunciara depois da captura do criminoso em janeiro, inicia-se o juicio de amparo (uma espécie de mandado de segurança) e o correspondente recurso de revisão. Dois trâmites repletos de sinuosidades jurídicas que podem dilatar-se durante meses.

O principal obstáculo para a saída procede do próprio Joaquín Guzmán Loera. Consciente de que em uma prisão dos Estados Unidos carecerá de todo o poder, o líder do cartel de Sinaloa pôs em marcha uma enxurrada de recursos para retardar ao máximo seu traslado. Com o apoio de 13 advogados, esta estratégia judicial segue a que marcou o brutal Edgar Valdés Villareal, conhecido como La Barbie, cuja extradição, depois de receber o placet do ministério, levou quatro anos para ser cumprida.

El Chapo tem nos Estados Unidos pelo menos sete causas abertas. Mas só duas delas foram, até o momento, admitidas pela justiça mexicana. Uma procede de um tribunal de San Diego (Califórnia) e se circunscreve ao delito de associação criminosa para vender cocaína. A segunda responde a uma corte texana e é muito mais grave. Ali é buscado por homicídio, associação criminosa, crime organizado, narcotráfico, lavagem de dinheiro e posse de armas de fogo. O maior caso, contudo, está assentado em Nova York e foi investigado na época pela atual procuradora de Justiça dos Estados Unidos, Loreta Lynch.

O pronunciamento do ministério se refere exclusivamente às solicitações de San Diego e do Texas. Embora possam chegar outras, estas duas causas atuam como ponta de lança. Quando concluírem seu trâmite, será enviado aos Estados Unidos e o restante dos casos poderá ser centralizado.

A extradição, que exclui a pena de morte, seria mais acelerada se El Chapo desse o braço a torcer. Fontes da Procuradoria Geral da República afirmam a EL PAÍS que se o narcotraficante a aprovasse, poderia ser efetuada em dois dias. Mas não parece que esse seja o caso. Por hora, a defesa do maior narcotraficante do planeta dispõe de 30 dias para recorrer da decisão do ministério.

O manejo do tempo se tornou uma questão vital. El Chapo não só está decidido a retardar sua partida como também, segundo alguns órgãos da mídia mexicana, quer ganhar tempo para negociar com as autoridades norte-americanas um acordo favorável. No campo do Governo mexicano, o relógio corre contra. Depois de sua vexatória fuga em julho do ano passado da prisão de segurança máxima de El Altiplano, El Chapo se tornou uma questão de Estado. Outra fuga representaria um golpe de dimensões históricas para o prestígio do presidente mexicano Enrique Peña Nieto. Ante esse horizonte aterrorizante, as autoridades têm submetido o preso, encarcerado em Ciudad Juárez, a uma vigilância extraordinária. Mas estão conscientes de que a cada dia que passa aumentam as possibilidades de que tente escapar. Por isso, um processo curto lhes convém.

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