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NASA anuncia a maior descoberta de exoplanetas até hoje

Telescópio espacial 'Kepler' confirma a existência de 1.284 novos planetas fora do Sistema Solar, o maior número confirmado pela agência

Imagem de exoplanetas fornecida pela NASA.
Imagem de exoplanetas fornecida pela NASA.

Os responsáveis pelo telescópio espacial Kepler, o maior caçador de planetas fora do Sistema Solar, anunciaram a descoberta de 1.284 novos exoplanetas, o que dobra de uma tacada o número desses corpos conhecidos até esta data.

"Este anúncio duplica o número de planetas confirmados pelo Kepler", disse Ellen Stofan, cientista-chefe da NASA durante uma coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira. "Isto nos dá esperanças de que em algum lugar aí afora, em uma estrela muito semelhante à nossa, possamos descobrir outra Terra", acrescentou.

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O anúncio chega meses antes de que o Kepler seja aposentado. "Temos até outubro deste ano para elaborar o catálogo final de exoplanetas, o censo de planetas em nossa galáxia [Via Láctea]", ressaltou Natalie Batalha, cientista da missão Kepler.

Do conjunto de planetas apresentado nesta terça, cerca de 500 são rochosos e de um tamanho semelhante ao da Terra. Nove deles orbitam na zona habitável de suas estrelas, onde pode existir água líquida e, portanto, vida. Com essa nova adição, já são conhecidos 21 planetas desse tipo, os mais parecidos com a Terra e com as maiores possibilidades de abrigar vida. Entre todas as novas descobertas há duas que chamaram a atenção dos cientistas por sua semelhança extraordinária com a Terra. Entre eles há um com um tamanho quase exatamente igual ao do nosso planeta e outro onde um ano dura quase o mesmo, mais especificamente, 380 dias, disseram os cientistas do Kepler.

Isso nos dá esperanças de que em algum lugar aí afora, em uma estrela muito similar à nossa, possamos descobrir outra Terra

Se os números de planetas desse tipo detectados até agora forem extrapolados para a população de estrelas conhecidas, conclui-se que provavelmente existem dezenas de bilhões de planetas habitáveis em toda a Via Láctea e que "o mais próximo poderia estar a apenas 11 anos-luz", disse Batalha.

A descoberta apresentada nesta terça foi feita com base no catálogo do Kepler de julho de 2015, que então tinha 4.302 candidatos. O método empregado é estatístico e estima uma probabilidade determinada de que cada planeta candidato detectado pelo Kepler exista realmente. Segundo os resultados, publicados em The Astrophysical Journal, há mais de 99% de possibilidade de que os 1.284 planetas descobertos sejam reais e não falhas do sistema. Outros 1.327 candidatos são viáveis, mas não superam esse nível de confiança. O mais provável é que os 707 restantes sejam outro tipo de fenômeno astrofísico, disse a NASA em um comunicado.

Desde seu lançamento em 2009, o Kepler havia identificado mais de 4.500 planetas candidatos e confirmado a existência de 984. Com a descoberta anunciada nesta terça, a NASA completa o mapa de exoplanetas do Kepler, que já era o mais completo do mundo. Esse telescópio é também o primeiro no espaço capaz de detectar planetas do tamanho da Terra e que orbitam na chamada zona habitável em torno de sua estrela, onde poderia existir água líquida e, portanto, vida.

Graças a esse instrumento, que continuou operando, apesar de uma avaria em 2013, ficaram conhecidos mundos e sistemas solares cuja simples existência não teria sonhado a ficção científica há 30 ou 40 anos. O catálogo inclui sistemas solares que têm o dobro de idade do nosso e demonstram que a vida no universo pode ter surgido muito antes do que se pensava, planetas como a Terra que estão sendo literalmente destruídos por sua estrela, como sucederá algum dia ao nosso planeta, e outras estrelas com estranhos objetos orbitando, que fizeram disparar as especulações sobre a existência de outras civilizações.

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