Nova fase da Lava Jato mira ‘estrutura paralela’ de propina da Odebrecht
Força-tarefa investiga estrutura montada dentro da empreiteira para repasse de propina


A 26ª fase da Operação Lava Jato, desencadeada na manhã desta terça-feira, teve como alvo altos executivos do Grupo Odebrecht. De acordo com a Polícia Federal, estes profissionais operavam um esquema de contabilidade paralela dentro da empresa – batizado de “setor de operações estruturadas” – cuja finalidade era pagar vantagens indevidas a terceiros. Os investigadores acreditam que vários destinatários da propina, paga em espécie, têm vínculos “diretos ou indiretos com o poder público em todas as esferas”. A força-tarefa não especificou quais políticos teriam envolvimento com este esquema, nem o montante envolvido.
O presidente afastado do grupo, Marcelo Odebrecht, foi condenado no início de março a 19 anos de prisão por seu envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, e outros diretores da companhia também já estão detidos há meses por ordem do juiz Sérgio Moro.
Os investigados desta etapa responderão pelos crimes de corrupção, evasão de divisas, organização criminosa e lavagem de ativos. No total, os agentes da PF cumprem 110 mandados, sendo 67 de busca e apreensão, 28 de condução coercitiva (quando o investigado é obrigado a depor), 11 de prisão temporária e quatro de prisão preventiva. A operação se estende pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco. Logo no início do dia houve apreensão por parte do Planalto quando uma viatura da PF se dirigiu ao hotel Royal Tulip, em Brasília, onde está hospedado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o carro da polícia deixou o local pouco depois sem ninguém preso.
Em nota, a PF afirmou que existem “indícios concretos” de que o Grupo Odebrecht utilizou doleiros para realizar pagamentos indevidos com o objetivo de conseguir vantagens para a empresa. Estes repasses foram feitos pelo menos até a segunda metade de 2015, quando Marcelo já estava detido. Os investigadores acreditam que o presidente afastado da empreiteira tinha conhecimento e dava anuência para que fossem pagas as propinas. Segundo os agentes, uma série de emails encontrados nos computadores dos suspeitos comprovariam o fato.
Esta etapa é um desdobramento da 23ª fase da Lava Jato – batizada de Acarajé -, que resultou na prisão do marqueteiro João Santana e sua mulher Mônica Moura no final de fevereiro. Ele atuou nas campanhas do ex-presidente Lula (2006) e da presidenta Dilma Rousseff (2010 e 2014). O ponto de partida desta nova fase foi o material apreendido na sede da empreiteira Odebrecht. De acordo com Santana, a empresa realizou pagamentos em contas off-shore de sua titularidade por serviços de marketing prestados a políticos no exterior, o que chamou a atenção da força-tarefa.
A 26ª fase da operação ocorre um dia após a 25ª fase, batizada de Polimento, a primeira etapa internacional da Lava Jato, que teve como alvo Raul Schmidt Felipe Junior, que seria responsável pelo pagamento de propinas aos ex-diretores da Petrobras Renato de Souza Duque, Jorge Zelada e Nestor Cerveró (todos já presos pela força-tarefa).
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