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Coreia do Norte lança dois mísseis balísticos após anunciar testes nucleares

Um dos foguetes percorreu mais de 800 quilômetros, de acordo com informações da Coreia do Sul

Macarena Vidal Liy
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, em uma imagem divulgada pela agência KCNA.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, em uma imagem divulgada pela agência KCNA.KCNA (REUTERS)

Dentro do que já é uma longa série de ameaças, a Coreia do Norte lançou na sexta-feira o que parecem ser dois mísseis de médio alcance e que caíram nas águas do Mar do Japão. Segundo as Forças Armadas sul-coreanas, o primeiro projétil, disparado às 5h55 (17h55 de quinta-feira de Brasília) de Sukchon, no sudoeste norte-coreano, percorreu 800 quilômetros antes de cair na água. O segundo, 20 minutos depois, voou somente 17 quilômetros.

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Segundo a Coreia do Sul, os dois mísseis podem ser do tipo Rodong, com um alcance máximo de 1.300 quilômetros e capazes, portanto, de atacar o território japonês. Se essa possibilidade se confirmar, será o primeiro lançamento norte-coreano de mísseis de médio alcance desde 2014.

Os lançamentos de sexta-feira são o último episódio em um crescente aumento das tensões na península norte-coreana desde a realização de um teste nuclear em 6 de janeiro pelo regime de Kim Jong-un, o quarto de sua história. Um mês depois foi lançado um foguete de longo alcance, que Seul e Washington acreditam ser o teste disfarçado de um míssil balístico.

Pyongyang intensificou especialmente suas ameaças desde o começo das principais manobras conjuntas militares anuais entre os EUA e a Coreia do Sul em janeiro, que este ano são as maiores já vistas. O líder supremo norte-coreano ordenou na semana passada novos testes nucleares, e no começo dessa semana o regime afirmou que ocorreriam novos lançamentos de mísseis balísticos de diferentes alcances e novos testes atômicos. Em 10 de março, a Coreia do Norte lançou dois mísseis de pequeno alcance no Mar do Japão.

Washington, por sua vez, impôs na quarta-feira novas sanções unilaterais à Coreia do Norte, que se somam às aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU em resposta ao teste nuclear.

De acordo com o Ministério da Defesa sul-coreano, os lançamentos de sexta-feira são fruto das ordens recentes de Kim. “A Coreia do Norte parece estar acelerando seus lançamentos de teste para melhorar suas capacidades nucleares”, afirmou o porta-voz do Ministério, Moon Sang-gyun, citado pela agência AFP.

Apesar das manobras norte-americanas e sul-coreanas todo ano suscitarem declarações hostis da Coreia do Norte, nessa ocasião a agressividade é maior e as ameaças são feitas praticamente todo dia. Segundo os analistas, essa especial dureza pode ser atribuída também à proximidade do congresso do Partido dos Trabalhadores, a espinha dorsal do regime. O congresso, previsto para maio, é o sétimo da história norte-coreana e o primeiro desde 1980. No evento, espera-se que Kim Jong-un reafirme seu controle da máquina do Estado e apresente novas políticas sobre os rumos do país.

Após o lançamento de sexta-feira, o Departamento de Estado dos EUA pediu que a Coreia do Norte não cometa ações que possam “elevar ainda mais a tensão”. Por sua vez, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, protestou veementemente.

“O Japão exige firmemente que a Coreia do Norte exerça o autocontrole e adotará todas as medidas necessárias, incluindo atividades de vigilância e advertências, para responder a qualquer situação”, declarou Abe.

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