_
_
_
_

Esta é a diferença entre tristeza e depressão

A primeira afeta emoções básicas. A segunda dura pelo menos duas semanas e inclui outros sintomas

Para que nos sintamos tristes, é preciso vivermos experiências dolorosas, frustrantes, infelizes, estressantes: a perda de um familiar, um divórcio, o desemprego, uma doença grave, o rompimento de uma amizade…. Mas, para nos sentirmos deprimidos, não é necessário passar por algum fato dramático, lamentável ou doloroso. A depressão é resultado da interação entre vários fatores: genética, mudanças neurobiológicas e causas ambientais. “A tristeza é uma emoção básica, que experimentamos por causa de situações negativas: quando morre uma pessoa querida, quando expectativas pessoais são frustradas… É como o medo, a raiva, o nojo”, explica Luis Caballero, conselheiro da Sociedade Espanhola de Psiquiatria.

Mais informações
Como enfrentar a adversidade?
Morrer de tristeza
Se o seu irmão tem câncer, você tem 37% de chances de ter um
O bom humor não cura o câncer

“Por outro lado, a depressão é uma doença, no sentido psiquiátrico, em que há uma tristeza patológica que é intensa e mais duradoura, associada a outros sintomas. São eles a anedonia (incapacidade de sentir prazer), a abulia (notável falta de energia), a perda de peso e apetite, os transtornos do sono, a fadiga, as dificuldades de concentração, o sentimento de culpa reiterado, a preocupação excessiva com a saúde e as fantasias suicidas”, acrescenta o especialista.

A depressão pode ser desencadeada pelos fatos traumáticos citados inicialmente, mas também pode surgir sem uma causa externa que a justifique. “Pode aparecer numa vida normal, sem que a pessoa passe por situações estressantes”, explica Caballero, que é também chefe do serviço de psiquiatria e psicologia clínica do grupo espanhol HM Hospitais CINAC.

Um aspecto para diferenciar a tristeza da depressão é a duração. O estado de ânimo depressivo, com perda de interesse e esgotamento, dura pelo menos duas semanas.

As mudanças químicas do organismo influem no estado de ânimo, e em alguns casos os processos associados ao pensamento e a fatores biológicos contribuem para a depressão. Dependendo da intensidade, trata-se de um transtorno que, segundo José Ángel Arbesú, coordenador do Grupo de Trabalho de Saúde Mental da Sociedade Espanhola dos Médicos de Atendimento Primário, pode afetar o funcionamento familiar e social da pessoa que o sofre.

Na opinião do especialista, “banalizou-se a palavra depressão”, entre outros motivos porque ela é confundida com outros problemas de saúde mental, como o transtorno adaptativo. “É um processo de tristeza que dura uns seis meses e que apresenta sintomas depressivos, mas não é realmente uma depressão, como acontece com a tristeza que sentimos ao perder um trabalho ou um ser querido.”

Existem sinais sutis que podem ajudar a identificar a depressão, de acordo com a Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês), como a perda de identidade ou de autoestima.

Predisposição genética

Há influência genética no aumento das consultas por quadros depressivos? “Pode haver quadros mistos de ansiedade e depressão em pessoas predispostas, porque a depressão sempre se produz pela interação de vários fatores, genéticos e externos”, observa Caballero.

E como incide o fator genético? “Ele deixa uma pessoa vulnerável perante situações adversas”, aponta Arbesú. Existe também a depressão endógena, em que o componente biológico e genético pesa tanto que o transtorno pode se tornar crônico e mais profundo.

A depressão afeta entre 4 e 5% da população espanhola, e as mulheres, em relação aos homens, têm o dobro de propensão a sofrer um episódio, devido a fatores sociais e hormonais.

Outra diferença em relação à tristeza são os sinais orgânicos. Segundo Caballero, a doença às vezes fica mascarada por sintomas que são a ponta do iceberg. De fato, há ocasiões em que, por engano, “trata-se um quadro de perda de peso, fadiga crônica ou cólon irritável, mas não se aborda a depressão, que é o problema de fundo”, alerta o médico.

Identificar as causas que conduzem à depressão é o primeiro passo para tratá-la, com ajuda profissional e a esperança de uma luz no fim do túnel. Quando o inimigo é a tristeza, há estratégias mais simples, como ligar para um amigo quando bater aquele desânimo numa tarde de domingo.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_