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Empate entre Bernie Sanders e Hillary Clinton em Iowa acirra disputa entre democratas

A ex-secretária de Estado consegue o apoio de 49,9% ante 49,5% de Bernie Sanders

Clinton discursa após o 'caucus' de Iowa.Foto: reuters_live | Vídeo: EFE / Reuters Live
Y. M.
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Hillary Clinton e Bernie Sanders terminaram a noite desta segunda-feira com um empate técnico no caucus de Iowa. Com 99% dos votos apurados, a ex-secretária de Estado obteve 49,9% de apoio ante 49,5% de seu adversário. Isso significa que os dois principais candidatos democratas dividirão de forma igual os 44 delegados em questão.

Ainda sem conhecer os resultados definitivos, os dois candidatos compareceram diante de seus apoiadores para transmitir seus agradecimentos. Somente o senador pelo Vermont usou a palavra empate. A ex-secretária de Estado foi a primeira a aparecer, marcando terreno, deixando sua marca e, de passagem, sufocando o discurso de vitória de Ted Cruz, que foi cortado pelas emissoras de televisão para dar a imagem da ex-primeira dama.

Para Hillary Clinton, 2008 se repete. Perca ou ganhe, a noite do caucus de Iowa é o seu Dia (particular) da Marmota, de prenúncio do que virá adiante. Se perder, não terá enterrado os demônios de oito anos atrás, quando um quase desconhecido senador negro de Illinois, Barack Obama, a colocava em um terceiro lugar na votação. Mas pode ocorrer, também, que a ex-secretária de Estado reinterprete a cena protagonizada em 2012 por Mitt Romney e Rick Santorum, quando o governador de Massachusetts foi declarado vencedor por oito votos de diferença para ver a situação invertida 16 dias depois em favor do ex-senador pela Pensilvânia.

Para Sanders, o 1% seria novamente a causa de sua desgraça, ironizava ele mesmo no Twitter fazendo referência às habituais críticas que faz ao 1% mais rico da população, embora o velho socialista tenha sido, sem dúvida, o vencedor moral do dia. Em junho, Sanders tinha pouco mais de 10% das intenções de voto em Iowa. Clinton via a si mesma como a candidata incontornável, favorita absoluta que desta vez tinha ao alcance das mãos a indicação democrata para a Casa Branca.

Especulava-se que a única coisa capaz de conter Clinton, se é que isso fosse possível, seria algum escândalo ou algum problema de saúde. Mas acabou sendo um senador da costa Leste, resmungão e autodenominado socialista, que passou a ameaçar o grande nome e a poderosa marca dos Clinton.

A noite desta segunda foi estranha. Depois da vitória de Ted Cruz sobre Donald Trump, precisava-se de uma manchete impactante do lado democrata para manter o equilíbrio, para construir a lenda dos vencedores e vencidos. E, no entanto, não aconteceu.

O pronunciamento de Clinton foi estranho, como se estivesse parada no tempo de um dia, uma semana ou mesmo um mês antes. Suas palavras se viram forçadas a ser as mesmas que em campanha. “Sou uma progressista que consegue que as coisas sejam feitas”, disse Clinton a seus partidários, ao lado de sua filha Chelsea e do marido, Bill Clinton. Em seguida, discorreu sobre saúde, educação e direitos. Como na campanha.

Depois de Clinton concluir, agradecendo Iowa, apareceu Sanders. Exatamente o mesmo roteiro. O discurso de campanha, na falta de uma vitória a cantar ou uma derrota a conceder. “Nunca é fácil perder”, disse o senador, em referência à saída de Martin O’Malley da corrida. Obviamente não falava de si mesmo. Aconteça o que acontecer quando se resolver o empate, Bernie Sanders, o velho socialista, já ganhou.

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