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Bolsas chinesas se estabilizam depois de despencarem no primeiro dia útil do ano

A intervenção de Pequim freia as perdas, que se limitam a 0,3% no índice de Xangai

Investidores acompanham a evolução das Bolsas em Pequim.
Investidores acompanham a evolução das Bolsas em Pequim.Andy Wong (AP)

Tanto o Banco Central chinês como o órgão regulador do mercado acionário intervieram na terça-feira para tranquilizar os investidores, o que só conseguiram de forma provisória, mas os especialistas advertem que as turbulências estão longe de desaparecer.

Os dois pregões abriram com quedas abruptas, de cerca de 3%, o que pressagiava outro dia difícil. Mas em apenas vinte minutos conseguiram controlar a queda e, no caso de Xangai, o índice em várias ocasiões até ficou em terreno positivo. Era a resposta dos investidores ao anúncio de uma nova injeção de liquidez mediante operações de mercado aberto por parte do Banco Popular da China (PBOC), o regulador monetário, de cerca de 130 bilhões de yuanes (cerca de 75 bilhões de reais). Também, segundo a Reuters, o PBOC teria usado as entidades financeiras estatais para manter na superfície o valor do yuan em relação ao dólar norte-americano, em mínimos de quase cinco anos.

As Bolsas chinesas suspenderam na segunda-feira, antecipadamente, a negociação dos títulos com a aplicação de um novo mecanismo que pretende conter a volatilidade. Em virtude desta nova lei, se o índice CSI 300 (que reúne os títulos de 300 empresas de ambas as bolsas) registra uma queda ou aumento diário superior a 5%, o pregão fica paralisado durante quinze minutos. Se uma vez retomada a compra e venda de ações a queda chega a 7%, suspende-se o restante da sessão.

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Mais do que contribuir para a calma, na segunda-feira se verificou que este quarto de hora de recesso acelerou a fuga uma vez retomada a negociação. “Estamos esperando uma queda como esta há muito tempo. A economia é frágil, a avaliação das ações continua alta, o yuan continua caindo e as fugas de capitais se aceleram”, afirmou à Reuters Samuel Chien, sócio da gestora de fundos de investimento BoomTrend, com sede em Xangai.

O episódio relembrou as quedas ininterruptas no segundo semestre do ano passado, quando o estouro da bolha levou pela frente bilhões de dólares em ações. A tendência mal conseguiu ser contida com um plano de resgate dos mercados avaliado, segundo a Goldman Sachs, em 1,5 trilhões de yuanes (mais de 850 bilhões de reais).

A Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China, depois do solavanco, também saiu em defesa do novo mecanismo de controle da volatilidade: “Tem um grande impacto na estabilização dos mercados e sua principal função é proporcionar um ‘período de reflexão’ para evitar ou reduzir as decisões precipitadas durante estas grandes oscilações”, afirmou em um comunicado. Admitiu, no entanto, que os mercados “necessitam de tempo” para se adaptar ao sistema e deixou a porta aberta para modificá-lo segundo os resultados.

Uma das razões que propiciaram as fortes quedas de segunda-feira foi o medo de que o fim da proibição de vender para grandes acionistas, que ocorre na sexta-feira, desate uma nova onda de queda. Neste sentido, o regulador acionário chinês disse nesta terça que “está estudando” novas normas de regular as vendas desses investidores, entre eles uma que limitaria o número de ações das quais poderiam se desfazer em um determinado período de tempo.

Estas medidas estão longe de apagar as dúvidas de muitos investidores. “Para mim está claro: assim que vir outro episódio como o de ontem [segunda-feira] executo parte de minhas ordens de venda”, explicava um veterano investidor chinês cujo sobrenome é Xu. “E, sendo sincero, não acredito que isto demore muito a acontecer; as Bolsas chinesas simplesmente funcionam assim.”

Com informações da Reuters

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