Rajoy buscará apoio do Ciudadanos e do PSOE para formar Governo
O líder do PP afirma que negociará com todos os partidos que compartilham seus valores
O presidente do Governo (primeiro-ministro) interino Mariano Rajoy deverá pedir pessoalmente nos próximos dias aos dirigentes do PSOE, Pedro Sánchez, e do Ciudadanos, Albert Rivera, um apoio com “consciência de Estado” para formar um Governo estável do PP que ratifique o rumo institucional, europeu e econômico da Espanha. Esse é o plano de Rajoy. Os encontros não estão marcados, mas deverão se realizar antes de 13 de janeiro, a fim de se definir um acordo, também, para a escolha do presidente do Congresso, que coordene a nova e fragmentada situação política surgida das eleições do dia 20 passado. Rajoy, por enquanto, não quer falar em coalizões.
Rajoy se reuniu na tarde desta segunda-feira com a centena de dirigentes que constituem o comitê executivo do PP para compartilhar, ao longo de duas horas, reflexões sobre os resultados eleitorais, digeridos inicialmente sem otimismo, como uma vitória moderada, e depois vistos como um desafio bastante complicado. O líder do PP insiste em se agarrar aos dados para afirmar que seu partido venceu o pleito e forma a maior agremiação do país, com 7.300.000 de votos (28,72%) e 6,7 pontos percentuais e 1.700.000 de votos acima do segundo colocado, o PSOE (22,01%). O dirigente destaca que o partido conquistou 123 cadeiras ante as 90 dos socialistas, mas não menciona que perdeu 63 ao longo de quatro anos e que nas eleições passadas o PP obteve 10.321.000 de votos. Essa mesma quantidade de votos poderia ter sido obtida hoje caso se somassem aos votos do PP aqueles obtidos pelo Ciudadanos.
O presidente do PP não fez nenhuma autocrítica em seu discurso interno ao partido nem perante a imprensa, limitando-se a justificar essa queda espetacular com a “herança recebida” do Governo socialista e os cortes que teve de efetuar para salvar a Espanha. Apenas isso.
Quanto ao cenário incerto que se abre agora para a gestão do futuro do país, Rajoy começou afirmando que cabe ao PP a iniciativa de tentar formar o Governo e buscar a estabilidade política, mostrando-se desde já disposto a “agir nessa direção”. Não detalhou nenhum plano, assinalando que ainda não havia tido tempo e oportunidade para pensar em como pretende “preparar” os contatos que manterá com algumas lideranças políticas nos próximos dias.
“Ninguém é imprescindível”
O líder do PP em Extremadura, José Antonio Monago, afirmou que o primeiro-ministro interino, Mariano Rajoy, não é imprescindível, “como ninguém na vida é”, e que quem acha o contrário “está enganado”. A afirmação foi feita à sua chegada para a reunião do comitê executivo do PP quando questionado sobre se Rajoy é imprescindível para que o PP consiga estabelecer pactos de governabilidade. Monago foi um dos líderes autonômicos que saíram majoritariamente em apoio e dando respaldo a Rajoy, como os presidentes do partido em La Rioja, Murcia, Aragón, Catalunha e Andaluzia.
Rajoy defende um Governo estável encabeçado pelo PP, como principal partido e vencedor das eleições, como tem sido feito na Espanha desde as primeiras eleições democráticas, em 1977. Tudo o que ocorreu no país no que se refere às novas forças emergentes, agora presentes no novo Parlamento, não muda o seu roteiro.
O presidente do Governo, atuando como interino desde segunda-feira, faz as suas próprias leituras dos resultados das urnas. A primeira é extremamente otimista. Rajoy considera especialmente relevante, neste momento, que a maioria dos partidos, coligações e forças que conquistaram representação no Parlamento respaldem a sua concepção de defesa da Constituição, da unidade da Espanha, a soberania nacional, a igualdade entre os espanhóis e o papel do país na Europa e diante do combate ao terrorismo. O dirigente vê nisso um grande avanço, a despeito da fragmentação visível do novo Parlamento.
O chefe do Executivo entende que lhe cabem a “responsabilidade e o mandato” de procurar os caminhos para se chegar a um Governo estável capaz de “proporcionar segurança dentro e fora da Espanha”. Definiu o eixo de seu discurso na manutenção de três caminhos seguidos na legislatura que agora se encerra: aplicar as reformas institucionais de forma consensual, manter a política econômica e preservar a posição da Espanha na Europa, assim como com os parceiros e aliados do país.
As linhas vermelha
Rajoy está consciente de que as eleições provocaram muitas mudanças na Espanha e na política nacional, mas quer perpetuar esses pontos básicos, que são as suas linhas vermelhas, as quais levará para as conversas reservadas a serem realizadas nos próximos dias. O presidente do PP se nega a afirmar publicamente que suas preferências são abrir esses encontros com o PSOE e com Ciudadanos, embora não tenha, na verdade, outras opções viáveis, mas não quer ampliar a pressão já existente no desenvolvimento desse processo de diálogo.
“Os espanhóis expressaram o seu desejo. Agora, cabe aos políticos garantir que ele se cumpra com responsabilidade e consciência de Estado”, declarou. A divisão inédita entre quarto partidos com mais de 40 cadeiras o Parlamento “não pode significar um elemento de paralisia, bloqueio ou inação”.
O processo de negociação para a formação de um novo Governo não tem data para começar nem para terminar, mas Rajoy pede “generosidade e visão ampla, com os olhos voltados para os interesses da Espanha”, adiantando que empregará aquilo que tem de melhor para atingir essa finalidade. Também não quis definir prioridades entre os partidos – PSOE, Ciudadanos e outros. Em contrapartida, conclamou ao comedimento, à cautela e à prudência com o que se diz neste momento, “para que ninguém se arrependa depois”.
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