Mariano Rajoy: “Vou tentar formar Governo, a Espanha precisa”
Candidato defende que o partido mais votado deve governar e promete dialogar mais
O PP de Mariano Rajoy tentará agora, depois do “sucesso sem euforia” que fez do partido a maior força política do Parlamento nesta nova etapa, “formar um Governo estável” em minoria com apoios externos. Depois de um mandato terrível, cheio de frustrações, promessas não cumpridas e cinco propagandas eleitorais, o PP colocou para si neste 20 de dezembro a meta de ganhar, superar o segundo partido em cinco pontos e governar. Os objetivos são considerados quase cumpridos. O problema para Rajoy é que nem mesmo com uma abstenção do Cidadãos (Ciudadanos, em espanhol) superaria uma possível futura aliança daqueles que chama os “perdedores da esquerda”.
Rajoy se pronunciou finalmente pouco depois da meia-noite no balcão da sede central do partido na rua Gênova de Madri acompanhado da esposa, Viri, da vice, Soraya Sáenz de Santamaría, e dos membros da cúpula de sua equipe. A primeira coisa que fez foi expressar uma série de agradecimentos, tanto aos militantes como aos mais de sete milhões de eleitores, e logo passou a anunciar suas intenções e justificar o resultado apertado.
O líder do PP afirmou que seu partido voltou a ganhar as eleições e destacou que o fez com 1.600.000 votos e mais de 30 cadeiras de vantagem sobre o segundo colocado, o PSOE. Foi nesse ponto que repetiu o que contou “até não poder mais” na campanha: “Quem ganha as eleições deve tentar formar governo e eu vou tentar formar governo porque a Espanha precisa de um governo estável”.
O dirigente popular argumentou a curta vitória do PP sobre as medidas e os cortes aplicados nesta legislatura para sustentar que tomou todas essas decisões difíceis “com o único objetivo de salvar os interesses de todos os espanhóis”. Sabe que não será fácil mas prometeu falar e dialogar mais que até agora.
O ponto de virada
Houve um momento, em meados do ano, que o PP aparecia nas pesquisas perto de perder a hegemonia política e converter Rajoy no primeiro premiê que não repetiria o mandato. As eleições locais de maio foram o ponto de virada e alarme. Os populares, que desfrutaram até então de um poder territorial sem comparação, perderam de repente mais de dois milhões e meio de votos e, o que foi ainda pior, enfraqueceram sua organização ao transformar em barões prontos para sair muitos de seus presidentes regionais derrotados.
Rajoy e sua equipe tomaram nota, rejuvenesceram a fachada do partido com jovens tertulianos e desenharam uma pré-campanha e uma campanha de proximidade para seu líder, que desta vez se deixou guiar. O PP tinha como meta se aproximar o máximo possível dos 30% dos votos (o que poderia significar 130 cadeiras, ou seja, 14,6 pontos e 53 deputados a menos que em 2011) e deixar o segundo partido cinco pontos atrás.
Os resultados oficiais desenham um panorama “moderadamente otimista” e “muito aberto” para o PP, conforme admitem fontes do partido. Agora terão de pôr a prova sua capacidade de negociar, tão esquecida neste mandato. Quase no fechamento do escrutínio, o PP ficaria com apenas 123 atas (63 a menos que em 2011) e com pouco mais de sete milhões de votos (3.800.000 a menos). Nem mesmo uma suposta abstenção dos 40 deputados do Cidadãos deixaria o partido perto das 176 cadeiras para poder governar despreocupado em uma previsível segunda votação (163).
Esses dados permitiram a membros da equipe de Rajoy avaliar o resultado “como uma vitória com humildade e um sucesso sem euforia”. Mas no PP se questiona agora, em particular e com cuidado diante das futuras e longas negociações que se aproximam, a campanha efetuada pelo Cidadãos “que deixou seu líder em terra de ninguém e que demorou muito em posicionar-se sobre sua política de pactos pós-eleitorais”.
Voy a trabajar para formar un Gobierno estable al servicio del interés general de los españoles. Mi disposición al diálogo y consenso #20D
— Mariano Rajoy Brey (@marianorajoy) December 20, 2015
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