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Federal Reserve eleva as taxas de juros em 0,25%

Banco central dos EUA aumenta o preço do dinheiro depois de quase uma década Assim, começa a retirar os estímulos à economia, frente às evidências de melhora

Amanda Mars
A presidenta do Federal Reserve, Janet Yellen.
A presidenta do Federal Reserve, Janet Yellen.MICHAEL REYNOLDS (EFE)

O Federal Reserve (Fed) aprovou, sete anos depois da quebra do banco Lehman Brothers, um aumento — pequeno, mas cheio de simbolismo — das taxas de juros, pois é o primeiro em quase uma década e significa um ponto final a uma era de estímulos monetários sem precedentes, que no pior da crise financeira fundiu a ortodoxia para evitar uma Grande Depressão. O período de compras de ativos financeiros terminou em 2014, mas a economia norte-americana ainda funcionava com o preço do dinheiro em quase zero desde 2008. O Fed retirou agora a última vitamina e decretou uma espécie de fim oficial da crise, mas fez isso com cautela, definindo a taxa em 0,25%, podendo variar em uma faixa entre 0,25% e 0,5% porque a recuperação continua a gerar dúvidas.

O comunicado enfatiza que o aumento será “gradual”. Aumentar as taxas de juros, ainda que ligeiramente, implica um aumento do financiamento e leva a uma valorização da moeda, o que prejudica as exportações, mas ter as taxas no intervalo entre 0% e 0,25% pode gerar bolhas e provocar riscos de inflação. O Fed decidiu pelo aumento, embora pequeno, considerando que o crescimento é suficientemente robusto (taxa anual de 2%) e que o mercado de trabalho está totalmente recuperado (a taxa de desemprego de 5% é considerada praticamente como pleno emprego), embora a inflação esteja muito longe da meta (2%) e o baixo preço do petróleo não convide a pensar que vá acelerar rapidamente.

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A medida era tão esperada que os mercados, pelo menos até o anúncio, passaram o dia tranquilos. “Uma vez que o mercado interiorizar que o Fed será muito gradual, a ansiedade deve se dissipar e o mercado de valores responderá a outros elementos, os juros dos títulos de curto prazo devem subir em consonância com o que o Fed fará, mas os títulos de prazos mais longos devem mudar menos, pois estes são mais influenciados por fatores globais, e a menos que melhore o crescimento global, a rentabilidade dos títulos de longo prazo continuará provavelmente baixa”, afirmou Roberto Perli, chefe da área de política monetária da empresa de análise independente Cornerstone Macro, alguns dias antes da confirmação da medida anunciada pelo Fed.

Também atenua a divergência de política monetária entre os Estados Unidos e a Europa, que demorou a se juntar à grande onda de estímulos: a referida expansão quantitativa ou a compra de obrigações. “O Fed e o Banco Central Europeu estão dissociados há mais de um ano, por isso, além de uma ansiedade inicial, acredito que veremos uma continuação do que temos visto até agora”, afirma. Em sua opinião, de fato, a fonte de possíveis sobressaltos não está aí: “Se os mercados mudarem drasticamente será mais devido a causas como a China, os países emergentes, o crescimento global ou o petróleo do que o Fed ou o BCE”.

A lista de riscos citados por Perli, que é compartilhada pela maioria dos analistas, é tão longa que se entende porque o Fed freou a elevação da taxa neste ano mais por fatores externos (a China e o frágil ambiente global) do que internos, e porque, de fato, o contexto internacional está cada vez mais presente em seus comunicados.

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