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Estou usando bem o Linkedin?

Muitos recrutadores buscam candidatos na Internet. Mau uso da rede pode deixá-lo fora da seleção

Ana Torres Menárguez

Ao digitar um nome e sobrenome no site norte-americano peek you é possível saber se essa pessoa cometeu infrações de trânsito, se tem pendências judiciais, seu histórico de endereços e divórcios e suas movimentações nas redes sociais. No Brasil, nem tudo está disponível na rede não é tão amplo assim, mas vale a regra geral: a análise do que cada um vende de si mesmo na Internet se transformou em um rastro muito valioso para os recrutadores.

Os especialistas aconselham aceitar todos os convites nesta plataforma.
Os especialistas aconselham aceitar todos os convites nesta plataforma.David P. Morris (Getty)
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“É uma análise silenciosa e eficiente”, afirma Álex López, professor de Linkedin na IESE Business School. Ele não trabalha para essa rede social, mas soube enxergar a tempo seu poder nos processos de seleção em países como os Estados Unidos e já formou mais de mil diretores de recursos humanos de empresas espanholas e mais de 500 na América Latina. Ele ensina aos seus alunos como recrutar nessa plataforma, que conta com sete milhões de usuários na Espanha, 30% da população ativa. No Brasil, são mais de 20 milhões de usuários.

“Sem uma conta do Linkedin você fica fora das seleções e com uma conta mal gerida, provavelmente também ficará”, diz López.  De acordo com um relatório da Adecco de 2014 no qual consultaram 1.500 responsáveis de recursos humanos em todo o mundo, 73% dos recrutadores já utilizam a Internet para encontrar seus futuros empregados.

O usuário não precisa esperar que lancem o anzol. Se conhece o funcionamento dessa rede, pode utilizá-la para contatar a empresa desejada. Miguel Peñate, engenheiro em organização de TIC de 24 anos, fez isso. Durante seus primeiros estágios na consultoria Accenture, percebeu que para conseguir um bom trabalho precisava de uma estratégia. Ao invés de mergulhar em todas as ofertas da Infojobs, escolheu a empresa que lhe interessava e mandou uma mensagem privada a um dos funcionários para que o ajudasse. Conseguiu ser contratado pela Deloitte, onde ficou por dois anos.

73% dos recrutadores já utilizam a Internet para encontrar seus futuros empregados

Sua ambição não acabou ali; o passo seguinte seria tentar com a Google. Aconselhado por um de seus funcionários, precisou de mais de um ano para otimizar seu currículo. Experiência internacional, melhor nível de inglês e vários cursos – entre eles um do Google Analytics – eram as chaves para se tornar atrativo ao gigante tecnológico. “Consegui que a Deloitte me enviasse por três meses à Cidade do Cabo e outros três a Chicago”, conta Peñate. Já está há sete meses em sua sede da Irlanda.

O Linkedin não permite mandar mensagens diretas a pessoas que não aceitaram previamente a solicitação de amizade. Peñate utilizou o mês de teste no qual a plataforma permite enviar várias mensagens a qualquer usuário gratuitamente.

Abrir uma conta no Linkedin não é suficiente para que os chamados net hunters, uma variação de head hunters ou caçadores de talentos,  te encontrem. “Sua missão é rastrear as redes sociais dos usuários durante meses para analisar seu comportamento e atitudes. Quando a empresa dá a ordem de contratar, entram em contato com os escolhidos”, diz Álex López. Para não ficar de fora é essencial conseguir um bom posicionamento (o conhecido SEO, Search Engine Optimization) e para isso é preciso cumprir uma série de normas. Essas são as recomendações propostas pelo especialista:

- Um bom título: além do nome e sobrenome, o cabeçalho consta de uma frase entre 120 e 140 caracteres na qual deve-se definir a especialidade do candidato. “Deve ser muito bem escrita e ir direto ao ponto. É preciso ser sincero e não exagerar o cargo que se tem ou teve”, explica López. A foto deve ser profissional. “Um bom truque é dar uma olhada nos perfis dos empregados das empresas nas quais se quer trabalhar e ver seu código. Em alguns escritórios os advogados estarão de terno e em outros, mais informais, por exemplo”.

Como imagem de fundo, ele recomenda escolher uma que esteja relacionada com a atividade que se pretende desenvolver. Uma forma de assegurar-se de que os recrutadores encontrarão o candidato dentro de seu círculo de atividade é ver os perfis que aparecem na coluna da direita sob o título os usuários também viram. Se são pessoas com trajetórias semelhantes, é um bom sinal.

Abrir uma conta no Linkedin não é suficiente para que os net hunters te encontrem. É preciso se posicionar

- Conquistas com dados: o parágrafo resumido é fundamental. Não se trata de contar a história humana e os valores do candidato, mas suas conquistas profissionais e acadêmicas com dados concretos. “É preciso detalhar projetos em que participou, resultados de departamentos nos quais trabalhou, prêmios obtidos e idiomas que domina. Consiste em contar em cinco linhas por que deveriam contratá-lo, no que se destacou”. Acrescentar um documento de algum projeto concreto, a ligação a um vídeo e acrescentar outros membros da equipe agrega valor.

- Criar aptidões novas: existem três elementos essenciais ao SEO; a definição do cargo no cabeçalho, o resumo e as aptidões. “São os espaços que mais pesam no momento de realizar as buscas. O mais importante é escolher uma ou duas palavras-chave com as quais queremos que nos encontrem e repeti-las, pelo menos, 15 vezes cada uma em todo o perfil”, diz López. O candidato não deve se conformar com as etiquetas que o Linkedin oferece automaticamente, mas criar tags próprias que definam sua atividade e campos de especialização. Dentro do pacote de aptidões, o especialista aconselha a não colocar algumas como Office e Power Point. “É preciso causar interesse e não ser óbvio. Esses conhecimentos não agregam valor adicional”.

- Aceitar todos os convites: É conveniente aceitar todas as solicitações de amizade? Essa é uma das perguntas mais frequentes entre os usuários do Linkedin. López é taxativo: sim, quanto mais contatos, melhor. “Nunca se sabe de onde pode vir a oportunidade, qualquer setor pode ser interessante”, diz. “O poder dessa plataforma está nos contatos de seus contatos”. No caso de encontrar algum usuário com comportamento impertinente, é possível apagá-lo de sua rede e o Linkedin não irá notificá-lo.

- Personalizar a URL: na parte inferior da fotografia de perfil, aparece a URL do usuário. Ao lado desse link, está um botão em formato de estrela. Ao selecioná-lo, o candidato tem a possibilidade de personalizar essa URL. López aconselha a eliminar o hífen entre o nome e os sobrenomes, assim como o número que aparece no final. “Dessa forma se consegue um posicionamento melhor no Google”, explica.

- Em vários idiomas: o perfil deve estar em todos os idiomas que o usuário dominar. Desse modo, os recrutadores terão acesso às diferentes versões de acordo com o país no qual a busca for realizada. Para ativar essa opção, é preciso clicar na janela ver perfil como que está no cabeçalho e selecionar criar perfil em outros idiomas. O usuário deve voltar a preencher todos os campos traduzidos.

- Comprovar os resultados: a plataforma mede de um a 100 o impacto da marca pessoal comparando as visitas recebidas e o número de interações com os dos contatos do usuário e outros perfis marcados no mesmo campo de especialização. Para acessar os gráficos com as métricas, é preciso manter aberta a página no perfil do Linkedin e abrir uma nova janela com essa URL www.linkedin.com/sales/ssi.

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