Real Madrid vence Eibar sem encanto
Comandados de Benítez ganham em Ipurua (0x2), com gols de Bale e Cristiano Ronaldo
O Real Madrid trabalhou, apesar da falta de brilho ao menos se dedicou a fundo. Muito exigido por um Eibar lutador, o time branco soube ler bem o duelo, soube cerrar os dentes contra um adversário que não dá trégua, um clube louvável que envolve como poucos. Não foi um Real Madrid cosmético, mas sóbrio e aplicado nestes tempos de tristezas. A equipe não consegue ser sólida, não imprime sua marca, e enquanto se define só lhe resta remar e remar. Em Ipurua, com Benzema na sombra, se apoiou nos dois atacantes. Bale ressuscitou, marcando fora do Santiago Bernabéu dez meses depois. Seus números não correspondem aos de um atacante do Real Madrid, pois marcou em quatro dos últimos 30 jogos oficiais, mas contra o Eibar foi efetivo. E Cristiano Ronaldo completou o trabalho, de pênalti. Com o português acontece o contrário, seus números ratificam um jogador que marca época: com 234 gols já é o terceiro maior artilheiro da história da Liga, empatado com Hugo Sánchez e superado apenas por Zarra e Messi.
Não era um dia para times com pernas de mármore e muito menos para este Real Madrid desnorteado. Em Ipurua não há trégua, tudo é cansativo. O Eibar morde, não concede dois toques nem ao quarto árbitro, pressiona alto e faz da cancha um campo minado. Sem Casemiro na carpintaria, isso foi percebido logo no começo por Kroos e Modric, que faziam a bola circular com fluidez. Pelos lados, James, de volta ao palco, quase não deixou rastros, o contrário de Kovacic, muito ativo, especialmente nas tarefas mais duras. No entanto, nenhum dos meio-campistas soube sair da marcação e se infiltrar nas rudes linhas rivais. Esse time carece de emoção e lhe sobra ortodoxia.
Com a defesa adiantada dos homens de Mendilibar, o confronto exigia que os volantes surpreendessem. Isso não aconteceu, todos estiveram tão contidos quanto os laterais. O Real Madrid pagou por isso, jogando mais na horizontal do que na vertical. Até a cabeçada bem-sucedida de Bale no fim do primeiro tempo, apenas Cristiano Ronaldo tinha deixado uma migalha no ataque. O português perdeu uma disputa individual contra o goleiro Riesgo depois de uma boa assistência de James. Depois disso, o colombiano não deu mais sinal de vida, um jogador que Benítez deveria reabilitar sem demora. Por alguma razão, James perdeu pujança e o Real Madrid não pode permitir isso. Foi precisamente o colombiano que jogou curto com Modric em um escanteio e o cruzamento com pé de seda do croata foi arrematado por Bale, que por pouco não fez o segundo logo antes do fim do intervalo. Um revés para o Eibar, que já ruminava o descanso depois de um primeiro ato muito meritório. Especialmente pela ausência de seus dois melhores agitadores no ataque, Borja Bastón, lesionado, e Keko, suspenso. Muito lastro para uma equipe que não tem nada sobrando.
Eibar, 0 - Real Madrid, 2
Eibar 0 x Real Madrid, 2
Eibar: Risco; Capa, Dos Santos, Pantic, Juncà; Escalante, Dani García, Adrián (Verdi, 70 min.); Saúl Berjón (Hajrovic, 85 min.), Enrich (Arruabarrena, 86 min.) e Inui. Não utilizados: Irureta, Luna, Ramis e Eddy.
Real Madrid: Keylor; Carvajal (Benzema, 84 min.), Pepe, Nacho, Danilo; James (Vázquez, 64 min.), Modric, Kroos, Kovacic (Casemiro, 78 min.); Bale e Cristiano Ronaldo. Não utilizados: Casilla, Arbeloa, Cheryshev e Lazo.
Gols: 0x1. 42 min. Bale. 0x2. 83 min. Cristiano Ronaldo (p.)
Árbitro: Gil Manzano. Advertiu Dos Santos, Kovacic, Pepe, Bale, L.Vázquez, Escalante e Verdi.
Estádio Municipal de Ipurua. Cerca de 6.300 espectadores.
O Real Madrid perdeu o fio após o intervalo, tornou-se mais impreciso frente à maior intensidade do rival. O Eibar não é um conjunto que especula, sua trama é clara: se empenha para ter a bola e, em seguida, não demora na ofensiva. Vai direto, principalmente pelos lados do campo. Sem seu artilheiro Bastón, faltou-lhe força perto de Keylor Navas, onde Nacho e Pepe neutralizaram Enrich. Benítez percebeu que a aposta do Eibar era pelos flancos e substituiu James por Lucas Vázquez, jogador que tem maior raio e ação que o colombiano, mais predisposto a jogar pela meia.
Apesar do festim do Eibar, o encontro estava no ar, com Cristiano como única ameaça aos donos da casa. Sem rastro de Bale, nenhum jogador do Real Madrid somava no ataque. Mas o português perdeu dois outros desafios contra Riesgo e imediatamente Benítez quis manter o butim fazendo entrar Casemiro no lugar de Kovacic. Até que num errático lateral perto da área visitante — curioso, pois não foi o primeiro erro digno de jardim da infância — o Real Madrid contra-atacou e Dani García pareceu derrubar Lucas com o calcanhar esquerdo. Cristiano Ronaldo converteu o pênalti e animou os seus, que pela enésima vez viram cair um companheiro, desta vez Carvajal, que se machucou na reta final. Está na hora de um congresso médico no time branco. Enquanto isso, nestes tempos de confusão, toda vitória é glória bendita. Sem encanto algum, nestes dias de infinita ressaca depois do clássico, cabe apenas suar.
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