14 fotosLama de barragem da Samarco chega ao marA onda de lama percorreu 700 quilômetros até chegar à costa do Espírito Santo 25 nov. 2015 - 11:09BRTWhatsappFacebookTwitterBlueskyLinkedinLink de cópiaNo domingo, 22/11, o volume de lama na foz do rio se intensificou, chegou ao mar e tingiu a costa do Espírito Santo de uma cor de tonalidade caramelo. Em entrevista ao El País, Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão da Universidade Federal de Minas Gerais - que monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas - já alertava sobre a chegada da lama ao estado.RICARDO MORAES (REUTERS)Antes de chegar ao oceano, "a onda foi pavimentando todo o trajeto do rio, porque a lama é uma massa com certa densidade, não é igual a de enchente que é mais rala, ela tem uma densidade e uma liga, dessa forma pavimentou tudo por onde passou", disse Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, ao El País.RICARDO MORAES (REUTERS)Em entrevista ao El País, Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, que monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas, já alertava sobre a chegada da lama ao estado. "A extensão do dano é tal que estamos com a lama chegando na foz do Rio Doce, no Estado do Espírito Santo, a mais de 500 km do local do rompimento da barragem. A avalanche de lama rompeu e despejou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos.", disse.RICARDO MORAES (REUTERS)Centenas de quilômetros acima no no Rio Doce, as águas continuam extremamente marrons, mostrando que a lama não deve parar de chegar ao mar. "Apesar dessa lama não ter aparentemente uma composição tóxica do ponto de vista químico, a densidade por si é altamente impactante, porque ela foi fazendo um tsunami de rejeitos que por todos os lugares em que passou devastou, matou e impactou", disse Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, ao El País.FRED LOUREIRO (AFP)A onda de lama que percorreu cerca de 700 quilômetros, durante 17 dias, chegou à costa do Espírito Santos em uma área de proteção ambiental usada para desova de tartarugas-marinhas, incluindo a tartaruga-de-couro, uma espécie ameaçada de extinção.RICARDO MORAES (REUTERS)Segundo informações do jornal 'O Estado de S. Paulo', o coordenador nacional do Centro Tamar-ICMBio (responsável pela preservação das tartarugas), Joca Thome, sobrevoou a área no domingo e voltou visivelmente emocionado. "Nem sei o que falar. É terrível; uma calamidade. Parece uma gelatina marrom se esparramando mar adentro."RICARDO MORAES (REUTERS)A lama chega à costa do Espírito Santo durante a época de desova das tartarugas. Segundo informações do jornal 'O Estado de S. Paulo', equipes do Tamar, entidade dedicada à preservação da espécie marinha, tem retirado da praia os ovos dos animais, numa média de 40 ninhos por noite. A área costeira continuará a ser monitorada nos próximos dias.RICARDO MORAES (REUTERS)Até agora, o rompimento da barragem de Mariana (MG), de responsabilidade da mineradora Samarco, já deixou 8 mortos, 11 pessoas desaparecidos e 4 corpos não identificados. No Brasil, menos de 3% das multas ambientais cobradas são pagas, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).FRED LOUREIRO (AFP)Uma previsão inicial do Ministério do Meio Ambiente, baseada em projeções da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), dizia que a lama se espalharia por 9 quilômetros da região costeira do Espírito Santos. Contudo, esses dados já estão sendo questionados. O impacto pode ser muito maior.FRED LOUREIRO (AFP)"É o maior rio que nasce e morre no centro-sul. É o emblema da região e ele está morto ecologicamente. Morto, morto. Ele passou a ser um curso de água estéril. O que aconteceu aqui foi terrível, foi a maior tragédia ecológica no Brasil", disse o fotógrafo e ambientalista Sebastião Salgado, em entrevista ao El País.FRED LOUREIRO (AFP)Segundo informações do jornal 'Folha de S. Paulo', os moradores da praia de Regência, na região de Linhares, onde a lama está chegando desde domingo, 22/11, protestaram aos gritos de "O Rio é Doce! A Vale é amarga". A frase é uma referência a um poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) que já criticava a presença da mineradora na região. A Vale é uma das empresas controladoras da Samarco, responsável pela barragem de Mariana (MG).ENRICO MARCOVALDI (EFE)"Eu presenciei um dos espetáculos mais terríveis da minha vida. Todos os peixes do rio, todos, todos, sem exceção, mortos. Não existe mais oxigênio na água do rio. O que corre não é realmente uma água, é um gel, de cor marrom alaranjado super espesso e que vem aniquilando toda a vida do rio. São peixes imensos, centenas acumulados por todos os lados, não há mais vida.", disse o fotógrafo e ambientalista Sebastião Salgado, em entrevista ao El País.ENRICO MARCOVALDI (EFE)Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o mar agitado da praia da Regência, na região de Linhares (ES), criou uma barreira deixando a lama estancada na foz do Rio Doce. Centenas de peixes cobertos de barro morreram.ENRICO MARCOVALDI (EFE)Nas redes sociais, memes estabeleciam ligações entre a cor do mar tingido pela lama e o logo da Vale, uma das controladoras da Samarco, mineradora responsável pela barragem de Mariana (MG).GABRIELA BILÓ (ESTADÃO CONTEÚDO)