Lama de barragem da Samarco chega ao mar
A onda de lama percorreu 700 quilômetros até chegar à costa do Espírito Santo
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1Depois de 17 dias e 700 quilômetros percorridos, a lama liberada pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco chegou à foz do Rio Doce, na altura da cidade de Linhares (ES), pela primeira vez no sábado, dia 21/11. RICARDO MORAES REUTERS -
2No domingo, 22/11, o volume de lama na foz do rio se intensificou, chegou ao mar e tingiu a costa do Espírito Santo de uma cor de tonalidade caramelo. Em entrevista ao El País, Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão da Universidade Federal de Minas Gerais - que monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas - já alertava sobre a chegada da lama ao estado. RICARDO MORAES REUTERS -
3Antes de chegar ao oceano, "a onda foi pavimentando todo o trajeto do rio, porque a lama é uma massa com certa densidade, não é igual a de enchente que é mais rala, ela tem uma densidade e uma liga, dessa forma pavimentou tudo por onde passou", disse Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, ao El País. RICARDO MORAES REUTERS -
4Em entrevista ao El País, Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, que monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas, já alertava sobre a chegada da lama ao estado. "A extensão do dano é tal que estamos com a lama chegando na foz do Rio Doce, no Estado do Espírito Santo, a mais de 500 km do local do rompimento da barragem. A avalanche de lama rompeu e despejou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos.", disse. RICARDO MORAES REUTERS -
5Centenas de quilômetros acima no no Rio Doce, as águas continuam extremamente marrons, mostrando que a lama não deve parar de chegar ao mar. "Apesar dessa lama não ter aparentemente uma composição tóxica do ponto de vista químico, a densidade por si é altamente impactante, porque ela foi fazendo um tsunami de rejeitos que por todos os lugares em que passou devastou, matou e impactou", disse Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, ao El País. FRED LOUREIRO AFP -
6A onda de lama que percorreu cerca de 700 quilômetros, durante 17 dias, chegou à costa do Espírito Santos em uma área de proteção ambiental usada para desova de tartarugas-marinhas, incluindo a tartaruga-de-couro, uma espécie ameaçada de extinção. RICARDO MORAES REUTERS -
7Segundo informações do jornal 'O Estado de S. Paulo', o coordenador nacional do Centro Tamar-ICMBio (responsável pela preservação das tartarugas), Joca Thome, sobrevoou a área no domingo e voltou visivelmente emocionado. "Nem sei o que falar. É terrível; uma calamidade. Parece uma gelatina marrom se esparramando mar adentro." RICARDO MORAES REUTERS -
8A lama chega à costa do Espírito Santo durante a época de desova das tartarugas. Segundo informações do jornal 'O Estado de S. Paulo', equipes do Tamar, entidade dedicada à preservação da espécie marinha, tem retirado da praia os ovos dos animais, numa média de 40 ninhos por noite. A área costeira continuará a ser monitorada nos próximos dias. RICARDO MORAES REUTERS -
9Até agora, o rompimento da barragem de Mariana (MG), de responsabilidade da mineradora Samarco, já deixou 8 mortos, 11 pessoas desaparecidos e 4 corpos não identificados. No Brasil, menos de 3% das multas ambientais cobradas são pagas, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). FRED LOUREIRO AFP -
10Uma previsão inicial do Ministério do Meio Ambiente, baseada em projeções da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), dizia que a lama se espalharia por 9 quilômetros da região costeira do Espírito Santos. Contudo, esses dados já estão sendo questionados. O impacto pode ser muito maior. FRED LOUREIRO AFP -
11"É o maior rio que nasce e morre no centro-sul. É o emblema da região e ele está morto ecologicamente. Morto, morto. Ele passou a ser um curso de água estéril. O que aconteceu aqui foi terrível, foi a maior tragédia ecológica no Brasil", disse o fotógrafo e ambientalista Sebastião Salgado, em entrevista ao El País. FRED LOUREIRO AFP -
12Segundo informações do jornal 'Folha de S. Paulo', os moradores da praia de Regência, na região de Linhares, onde a lama está chegando desde domingo, 22/11, protestaram aos gritos de "O Rio é Doce! A Vale é amarga". A frase é uma referência a um poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) que já criticava a presença da mineradora na região. A Vale é uma das empresas controladoras da Samarco, responsável pela barragem de Mariana (MG). ENRICO MARCOVALDI EFE -
13"Eu presenciei um dos espetáculos mais terríveis da minha vida. Todos os peixes do rio, todos, todos, sem exceção, mortos. Não existe mais oxigênio na água do rio. O que corre não é realmente uma água, é um gel, de cor marrom alaranjado super espesso e que vem aniquilando toda a vida do rio. São peixes imensos, centenas acumulados por todos os lados, não há mais vida.", disse o fotógrafo e ambientalista Sebastião Salgado, em entrevista ao El País. ENRICO MARCOVALDI EFE -
14Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o mar agitado da praia da Regência, na região de Linhares (ES), criou uma barreira deixando a lama estancada na foz do Rio Doce. Centenas de peixes cobertos de barro morreram. ENRICO MARCOVALDI EFE -
15Nas redes sociais, memes estabeleciam ligações entre a cor do mar tingido pela lama e o logo da Vale, uma das controladoras da Samarco, mineradora responsável pela barragem de Mariana (MG). GABRIELA BILÓ ESTADÃO CONTEÚDO