Explosão na Zona Norte do Rio afeta mais de 50 imóveis e deixa oito feridos
Estrondo aconteceu às 3h da madrugada desta segunda-feira em prédio de dois andares
Uma explosão em um prédio de dois andares deixou um cenário de destruição no bairro de São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, às 3h da madrugada desta segunda-feira. Oito pessoas, entre elas uma criança, foram retiradas dos escombros depois do estrondo que atingiu mais de 50 edificações. Os bombeiros continuam no local com cães farejadores em busca de mais vítimas. Sete feridos foram levados para o Hospital Municipal Souza Aguiar —quatro já foram liberados e três se encontram sob observação.
Ainda não se sabe ao certo as causas da explosão no edifício, onde funcionava um restaurante e que ficou totalmente destruído. A Polícia Militar afirmou que vai investigar uma denúncia de que havia um depósito clandestino de botijões de gás nos fundos do imóvel. "Eu não tenho como afirmar que havia uma comercialização de gás nos fundos do prédio, mas o que é certo é que, entre o restaurante, a farmácia e a pizzaria, havia uma concentração grande de botijões, pois ninguém estava ligado à rede de gás", explicou Marcio Motta, subsecretário municipal de Saúde e Defesa Civil. Apesar de ser considerado ilegal pela CEG e pelo corpo de Bombeiros, os imóveis não faziam uso da rede de gás canalizado.
A explosão surpreendeu por sua força —o barulho chegou a ser ouvido a dois quilômetros do local, no bairro vizinho de Benfica. Além do prédio, onde funcionavam uma farmácia, uma pizzaria e um restaurante, cerca de 11 quitinetes de uma vila nos fundos do prédio também ficaram destruídos e vários imóveis vizinhos foram afetados. As janelas de um edifício residencial a cem metros da origem da explosão arrebentaram, assim como o teto e as persianas. Os comércios ao redor, fechados nesta segunda por ser feriado do comércio no Rio, tiveram suas portas metálicas arrombadas, enquanto que os vidros da fachada de uma agência do Bradesco quebraram. No total, há 54 imóveis interditados.
Kelma chegou às pressas no local da explosão junto com a mãe para ver o estado do pequeno restaurante da irmã, internada no hospital com ferimentos. "O marido e a filha de nove anos não se machucaram tanto, mas minha irmã está ferida. Só não sei quanto porque ainda não fomos no hospital", explicou.
Já Itamar José Lopes morava em uma das quitinetes destruídas. Estava dormindo quando ouviu o estrondo e várias madeiras caíram em cima dele. "Primeiro pensei que era um assalto, aí fiquei quietinho. Eu não fico nervoso não", contou. Itamar está agora na rua acompanhando os trabalhos com sua camisa branca encardida e uma bermuda esportiva —seu pijama. Sabe que ficou sem casa. "O problema já não é onde ficar... Perdi tudo o que eu tinha. Minha TV, minha geladeira... E não vai ter indenização porque o proprietário nem fazia contrato para mim".
Jadson Neves Dahora, mecânico naval de 31 anos, acordou no meio da escuridão. "Estava tudo escuro e cheio de poeira e ouvíamos gritos de socorro. Conseguimos pegar o celular e iluminar um pouco. Pulamos em cima do telhado e saímos pela lateral", contou. Jadson morava com outros dois colegas que trabalhavam com ele no navio e acredita que a empresa lhes ajudará. "Mas nossa quitinete é das poucas que manteve as paredes".
A tenda da Prefeitura instalada no local continua recebendo os moradores afetados. A Prefeitura ainda não sabe quantas pessoas vão ter que abandonar suas casas por conta da explosão e, como consequência, que tipo de auxílio será oferecido para elas.
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