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Na Cisjordânia, grupos palestinos incendeiam santuário judaico

Ataque à tumba do patriarca José em Nablus marca o início de um novo Dia da Ira

Juan Carlos Sanz
Imagem publicada pelo porta-voz do Exército israelense no Twitter.
Imagem publicada pelo porta-voz do Exército israelense no Twitter.

A tensão entre israelenses e palestinos atingiu um ponto de alto risco na madrugada desta sexta-feira com um atentado incendiário contra um local sagrado para os judeus, a tumba do patriarca José, em Nablus, cidade da Cisjordânia sob controle da Autoridade Palestina. Centenas de jovens atiraram coquetéis molotov no local, onde, segundo a tradição hebraica, jazem os restos desse patriarca bíblico, um dos filhos de Jacó e Raquel. As forças de segurança palestinas fizeram disparos para o alto a fim de expulsar os agressores e, em seguida, os bombeiros de Nablus apagaram as chamas, que atingiram sobretudo o local reservado à oração das mulheres.

A Autoridade Palestina condenou o ataque, que marcou o início de um novo Dia da Ira convocado para esta sexta-feira por grupos políticos palestinos em meio a uma onda de violência que já matou 32 palestinos e 7 israelenses desde o começo deste mês. A jornada de protestos anterior, na terça-feira, deixou três israelenses mortos e cerca de 20 feridos em quatro atentados ocorridos em Jerusalém e perto de Tel Aviv.

Um porta-voz das Forças de Defesa de Israel afirmou que os autores do incêndio no local de peregrinação dos judeus serão localizados e presos por violar a liberdade de culto. O ministro da Agricultura, Uri Ariel, membro do partido ultranacionalista Lar Judaico, acusou os dirigentes palestinos de terem instigado os ataques. “Os palestinos mentem sobre a situação do Monte do Templo [nome dado pelos judeus à Esplanada das Mesquitas de Jerusalém], enquanto queimam lugares sagrados de Israel. Não esqueceremos”, disse Ariel, cujo partido representa os colonos de Jerusalém Oriental e Cisjordânia, ao jornal Haaretz.

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A tumba de José, situada no monte Gerizim, em Nablus, deixou de ser um enclave judaico após a segunda Intifada (2000-2005), quando Israel retirou suas forças do local devido às dificuldades para defendê-lo. Desde então já houve vários incidentes graves, como a morte de quatro israelenses alvejados pela polícia palestina quando foram rezar lá em 2011, fora das datas pactuadas pelo Exército israelense com as autoridades palestinas.

O atentado contra a tumba do patriarca bíblico, célebre na tradição judaico-cristã por ter interpretado os sonhos do faraó e antevisto as pragas do Egito, joga mais lenha na fogueira da pior escalada de ataques em uma década na Terra Santa, onde os símbolos são profundamente reverenciados pelas três religiões monoteístas e frequentemente representam a fagulha que pode desencadear uma espiral de violência descontrolada. Foi o que ocorreu há 15 anos com a visita do líder israelense Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas, fato que desencadeou a segunda Intifada.

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