_
_
_
_
_

Volkswagen reconhece que adulterou 11 milhões de carros em todo o mundo

Fabricante de automóveis implantou um sistema para escapar de controles ambientais

Foto: atlas | Vídeo: DARREN ORNITZ (REUTERS) | atlas

O escândalo pela fraude coletiva com a qual a Volkswagen (VW) tentava evitar os limites a emissões poluentes aumenta a cada dia. Em um comunicado divulgado nesta terça-feira, a empresa, que no primeiro trimestre do ano vendeu mais de 5 milhões de veículos - número que a colocou na liderança mundial –, reconheceu que o software com o qual tentava enganar autoridades ambientais sobre as emissões de seus carros a diesel pode afetar 11 milhões de automóveis em todo o mundo. Até agora falava-se em 482.000 carros vendidos nos Estados Unidos.

As revelações dos últimos dias tiveram suas primeiras consequências econômicas. Depois de caírem 18,6% na Bolsa de Frankfurt na segunda-feira, as ações da Volkswagen operavam em queda de mais de 20% nestas terça-feira. A empresa com sede em Wolfsburgo, cujo valor de mercado era de 77,8 bilhões de euros na última sexta-feira, perdeu 26,45 bilhões de euros em apenas dois dias. Além disso, a montadora acaba de anunciar uma reserva de 6,5 bilhões de euros para possíveis futuras perdas. Um número que parece otimista diante das últimas revelações.

Mais informações
Ford Motors amarga prejuízos na América Latina
A família invisível da BMW
América do Sul se afirma como o mercado dos carros chineses
Futuro sem motorista

O presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, venceu há cinco meses uma disputa pelo poder com o patriarca e neto do fundador da empresa, Ferdinand Piëch. Mas agora é Winterkorn quem está em uma situação insustentável. Tudo estava preparado para que, nesta próxima sexta-feira, seu contrato fosse prorrogado por dois anos. Mas o enorme escândalo, que ameaça prejudicar a fama não só da Volkswagen como também de toda a indústria automobilística alemã, pode acabar com sua carreira. O jornal Tagesspiegel, que cita fontes do conselho de supervisão, informa que Winterkorn será substituído nesta sexta pelo chefe da Porsche, Matthias Müller.

"Investigações internas mostram que o software também estava presente em outros veículos a diesel do grupo", afirma o comunicado da empresa, dona de outras marcas, como Audi, Skoda, Seat e Porsche.

A Alemanha, a França, a Itália e a Coreia do Sul anunciaram que farão uma revisão nos veículos para conhecer o alcance da fraude. Já a Comissão Europeia afirmou, nesta terça-feira, que ainda é cedo para estabelecer "medidas de vigilância imediatas" na Europa, após a revelação de que a Volkswagen falsificou os controles. A montadora se defende dizendo que abordará as investigações com a máxima transparência e que não irá tolerar nenhuma violação das leis.

O sistema implantado pela Volkswagen em seus veículos era capaz de detectar o momento em que os carros estivessem sendo submetidos a testes por parte das autoridades. O sistema possuía um mecanismo interno de limitação de gases contaminantes que permitia ao veículo passar no teste. Uma vez terminada a prova, o mecanismo se desativava e o carro passava a liberar gases poluentes durante seu uso cotidiano.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_