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Presidente da Volkswagen renuncia por escândalo das emissões de gás

Winterkorn cedeu à pressão e admitiu que é preciso “um novo começo, também pessoal”

Luis Doncel
Martin Winterkorn, ex-CEO da Volkswagen
Martin Winterkorn, ex-CEO da VolkswagenMichele Tantussi (Bloomberg)

No final, a pressão foi forte demais. Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen desde 2007 e que há apenas cinco meses havia ganhado uma disputa pelo poder com o patriarca Ferdinand Piëch, caiu vítima do maior escândalo nos 78 anos de história da montadora. “A Volkswagen precisa se renovar, também do ponto de vista pessoal. Estou disposto a abrir o caminho da renovação com minha renúncia”, disse Winterkorn em comunicado.

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O até agora chefe máximo da Volkswagen tentou permanecer no cargo. Um dia antes de sua renúncia, insistia em pedir desculpa e em se apresentar como o homem que deveria ganhar de novo a confiança dos clientes. Mas a fraude das emissões de gás foi grande demais para não repercutir na cúpula da maior fabricante de carros do mundo.

A renúncia já parecia muito provável no domingo, quando a empresa admitiu as acusações das autoridades ambientais norte-americanas. Mas pouco depois tornou-se irremediável. Em dois dias, a Volkswagen perdeu na Bolsa 35% de seu valor, reconheceu que o número de veículos afetados sobe para 11 milhões (em vez dos 482.000 iniciais) e mobilizou 6,5 bilhões de euros (cerca de 28,6 bilhões de reais) para possíveis perdas. Além disso, países como EUA, Alemanha, Itália, França e Coreia do Sul anunciaram investigações.

A Promotoria de Brunswick (cidade da Baixa Saxônia, Estado alemão que possui 20% das ações do grupo) havia anunciado horas antes que também estuda abrir uma investigação.

“A Volkswagen tem sido, é e será minha vida”

DECLARAÇÃO NA ÍNTEGRA DE MARTIN WINTERKORN

Estou chocado com os acontecimentos dos últimos dias. Acima de tudo, estou espantado que más práticas de tal magnitude tenham sido possíveis no Grupo Volkswagen.

Como presidente-executivo, aceito a responsabilidade pelas irregularidades que foram encontradas nos motores a diesel, por isso pedi ao Conselho de Supervisão um acordo para encerrar minhas funções como presidente-executivo do Grupo Volkswagen. Faço isso pelo interesse da empresa, mesmo estando ciente de não houve qualquer irregularidade de minha parte.

A Volkswagen precisa de um novo começo, também em termos de pessoal. Estou abrindo caminho para esse novo começo com a minha demissão.

Sempre me guiei pelo desejo de servir a sociedade, especialmente nossos clientes e funcionários. A Volkswagen tem sido, é e sempre será minha vida.

O processo de esclarecimento e transparência deve continuar. Essa é a única maneira de recuperar a confiança. Estou convencido de que o Grupo Volkswagen e sua equipe vão superar esta grave crise.

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