_
_
_
_

João Vaccari é segundo ex-tesoureiro do PT condenado por corrupção

Juiz Sérgio Moro também condenou o ex-diretor Renato Duque a 20 anos de prisão, maior pena da Lava Jato até agora

Gil Alessi
Vaccari durante sessão da CPI da Petrobras em abril.
Vaccari durante sessão da CPI da Petrobras em abril.Cadu Gomes (AP)

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque foram condenados nesta segunda-feira (21) por envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Eles receberam penas de, respectivamente, 15 anos e quatro meses e 20 anos e 8 meses de reclusão. Na sentença, o juiz federal Sérgio Moro afirma que o petista intermediou o recebimento de 4,26 milhões de reais em propinas acertadas com a Diretoria de Serviços e Engenharia da Petrobras para o Partido dos Trabalhadores. Alguns desses pagamentos foram contabilizados como doações oficiais e de campanha ao partido. O PT sempre negou qualquer irregularidade, e manteve Vaccari no cargo até sua prisão, em abril. A decisão é de primeira instância, e ainda cabe recurso.

Mais informações
Sócio da Engevix é preso durante nova fase da operação Lava Jato
Lobby da Lava Jato contra corrupção apela aos pró-impeachment
Os 50 dias e os 44 crimes que mudaram a vida de João Vaccari
Prisão de Vaccari amplia ‘fraturas’ do PT e dá combustível à oposição

"A lavagem [de dinheiro feita pelo ex-tesoureiro] gerou impacto no processo político democrático, contaminando-o com recursos criminoso", escreveu Moro na sentença. Vaccari é o segundo tesoureiro da legenda a ser condenado por envolvimento em escândalo de corrupção: seu antecessor, Delúbio Soares, foi sentenciado em 2012 a oito anos e 11 meses de prisão por sua participação no caso do mensalão.

Já Duque recebeu 36 milhões de reais em pagamentos escusos. Sua pena é a mais alta imposta até o momento contra envolvidos no esquema de corrupção da estatal. Em seu despacho, Moro decretou o confisco de 43,4 milhões de reais de contas off-shores no Panamá e em Mônaco, que pertenceriam ao ex-diretor.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, empreiteiras pagavam propinas a Vaccari para conseguir contratos com a Petrobras. A pena de Duque é a mais alta imposta até o momento contra envolvidos no esquema de corrupção da estatal.

A condenação de Vaccari aprofunda ainda mais a crise no partido da presidenta Dilma Rousseff, e deve dar mais munição à oposição no Congresso. O PSDB e o DEM já se articulam abertamente para pressionar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), a analisar os pedidos de impeachment enviados à Casa. Além disso, a crise econômica e o ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estão sob ataque de integrantes da própria base governista. Até mesmo senadores e deputados petistas disseram que a proposta irá minar ainda mais as bases de apoio social da presidenta.

Vaccari e Duque, que também são réus em outras ações da Lava Jato, foram condenados por lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção, e terão que pagar multas para ressarcir os cofres públicos. Na mesma sentença, que envolve um dos vários processos da Lava Jato, também foram condenados os delatores Pedro Barusco (dois anos de prisão em regime aberto), Augusto Mendonça (executivo da Toyo Setal, quatro anos em regime aberto), o doleiro Alberto Youssef (teve a pena suspensa por colaborar com a Justiça), o operador Mario Goes (regime aberto até 2016) e o lobista Julio Camargo (5 anos em regime aberto), este último ligado ao PMDB. Todos eles haviam recebido penas maiores, que foram reduzidas devido aos acordos de delação.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_